Lindo menino

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Alana se encarava no espelho pensativa, o piercing ainda estava no umbigo, não tinha nenhuma mudança em sua barriga, as maiores transformações estavam em suas emoções. As lágrimas já escorriam de novo enquanto aproximava a mão da pele de sua barriga, não conseguia tocar mesmo que se tratasse de seu próprio corpo. A proposta de Oliver era tentadora demais.

Nada de chás, medicamento clandestino ou drogas. Um procedimento seguro e praticamente indolor num hospital, com todo o aparato legalizado, coisa que ela nunca teria dinheiro para pagar. Além de, é claro, uma ajuda financeira até se estabilizar. Colocaria um fim em tudo aquilo, se livraria de Oliver e toda a influência da família real em sua vida, se livraria de toda a interferência de Theo em seu coração. Seria como se aquele namoro de adolescência jamais tivesse acontecido.

- Irmã? - Bruna chamou a despertando de seus pensamentos.

- Sim?

- Meu dinheiro acabou, você tem alguma coisa? - perguntou.

Alana negou com pesar e pegou uma das caixas de roupas que ela mesma fez.

- Não tem nada para cozinhar hoje - comunicou.

Ela sabia, era controladora demais para não saber que estavam nas últimas. Revirou aquelas roupas que precisavam ser vendidas e tirou o presente do namorado de lá.

- Vende - estendeu o celular para a irmã.

Alana não exibia aquele celular em casa, era discreta, não gostava que soubessem o quanto de dinheiro seu namorado podia ostentar.

- Quanto isso vale, mana? - a garota questionou com os olhos brilhando.

- Quatro, cinco mil, algo assim. - respondeu - Vai dar para nos manter muito bem por muitos meses, até a gente fazer essa coisa com as roupas funcionarem - divagou encarando as pilhas de roupas ao seu redor - e até eu decidir o que vou fazer da minha vida - finalizou encaixando a mão nos quadris cansada.

- O que aquele homem te ofereceu, Alana? - Bruna interrogou.

Ela respirou fundo várias vezes, queria falar, precisava colocar para fora todas as suas dúvidas, todos os seus sentimentos, mas não conseguia, simplesmente não saía.

Doze anos mais tarde

Os olhos do garoto brilhavam com tanta grandiosidade, já vinha impressionado com as outras casas do condomínio, mas a de seu pai era de tirar o fôlego. De uma arquitetura contemporânea e de luxo, parecia-se com casa de revista, um bloco parecia se sobrepor ao outro sem alinhamento algum, a porta vermelha da garagem abriu-se automaticamente quando o carro adentrou a propriedade. Os muros altos escondiam o jardim da entrada, com flores e árvores, coisa que ele não esperava da casa de seu pai, aquele era o espaço que Theo dava suas festas, por isso do espaço tão grande e aberto. O carro parou dentro da garagem e os dois desceram.

- Bem vindo! - Theo saudou - Tudo isso aqui é sua casa, exatamente como aquele apartamento minúsculo da sua mãe.

- Você tem muitos carros - comentou olhando ao redor.

- Eu não uso, é da segurança - deu de ombros. 

- Você tem moto! - o garoto exclamou e correu para a coleção de seu pai.

Sete motos, uma de cada cor, como o arco-íris, devidamente enfileiradas. Theo sorriu e acompanhou a empolgação do filho diante dos seus bebês.

- Você gosta de motos? - perguntou esperançoso.

- São legais! - sorriu - Por que tantas?

- Porque eu posso. - deu de ombros - Eu não uso como queria hoje em dia, são praticamente itens de colecionador. Meus brinquedinhos - contou alisando a moto vermelha cheio de carinho.

AlanaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang