Bom demais em despedidas

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O oficial de justiça chegou dias atrás com todo o processo nas mãos e uma caneta para Alana assinar o termo de ciência. É isso aí, ela estava sendo processada. Quando ouviu falar em processo, pensou logo que Oliver estava exigindo alguma indenização por tirar a honra do seu filho, mas não se tratava desse tipo de processo.

O autor, Oliver Aveyard, ministro, divorciado, pede ao juízo que obrigue Alana, solteira, desempregada, a se submeter ao exame de paternidade pois o mesmo acredita que o filho que ela carrega seja dele. Nada anormal, patrões e empregados se envolvem o tempo inteiro.

Alana nunca xingou tanto palavrão em sequência, rasgou parte do processo e quase sobrou até para o oficial de justiça. A data para que ela comparecesse ao hospital designado pelo juízo já estava lá, deveria se submeter ao tal exame só para que ele tivesse certeza se o bebê que ela carrega é mesmo um Aveyard.

É claro que o filho não é dele, só que Oliver é esperto o suficiente para fazer exame com o próprio material genético e não o do filho, Theo não pode ter a leve desconfiança de que esse bebê existe.

Ela o viu quando entrou na clínica, estava voltando do seu exame que só incluía a coleta de um pouco de saliva enquanto ela passaria por um procedimento tão invasivo que poderia provocar um aborto. Quis avançar sobre o ministro, sua irmã que a segurou por mais que nunca conseguisse transpor o muro de seguranças que o cercam. O velho ria com humor de sua raiva.

- Filho da puta! - xingou bem alto para que ele escutasse - Escroto do caralho!

Os pacientes da clínica cara encaravam a jovem espantados com uma boca tão suja. Os olhares de estranhamento a acompanharam até que estivesse na sala do procedimento com o médico. Sentia-se uma qualquer naquela condição, toda a equipe médica a encarava como se ela fosse mais uma garotinha pobre se aproveitando de um homem rico, uma qualquer que engravidou para dar um golpe. Não que a opinião deles mudasse se soubesse que engravidou do filho e não do pai.

Ficou de repouso como os médicos ordenaram, não se levantava nem para pegar água e apenas aguardou o próximo passo de Oliver.

Doze anos mais tarde

Alô?

Alana sorriu por finalmente conseguir falar com alguém.

- Oi, Emily, é Alana. Tudo bem? - perguntou e nem esperou resposta - O Stevie disse que iria visitar a Jolie, eu estou ligando no celular e ele não atende...

- O Stevie não está aqui. - disse a mulher do outro lado da linha - Tem duas semanas que esse palhaço não aparece, a Jolie está perguntando dele - contou a ex de seu noivo bem enfezada da vida.

- Duas semanas? - questionou desacreditada.

- É. Olha só, diz a ele que a Jolie está ficando sem roupas de novo, semana que vem é dia dele trazer o dinheiro dela, estou contando com isso.

Alana semicerrou os olhos para o teto do apartamento como se perguntasse a Deus porque a fez tão trouxa.

- Eu dou o recado. Dê um beijo na Jolie por mim.

Acabou chutando o puff colorido em sua frente só para ter no que descontar sua raiva. Sentou-se no sofá frustrada, pensou em várias maneiras de se vingar, em várias técnicas de tortura, porém nada daquilo faria sentido, seu noivo não é um garotinho que ela pune para mostrar que não se deve fazer coisas erradas.

Agora nem tinha mais seu filho para passar o tempo, Theo só mora em sua casa, o tempo livre é todo do pai dele. Mesmo quando não é final de semana, às vezes ele só pede para que os seguranças o levem para o condomínio de seu pai. É esquisito ter que dividir seu bebê com alguém. Sozinha no apartamento, olhou de um lado para o outro e sentiu-se profundamente só depois de tanto tempo.

AlanaWhere stories live. Discover now