v i n t e e s e t e |

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Meses depois, longe de Dayless Wolf

Ao olhar para o oeste, os licantropos de pelagem escura tiveram a certeza;

"Iremos entrar em um caminho tortuoso e sombrio. Nas terras dele ninguém ponderou sair com vida."

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A voracidade em que ela caçava era sádica. Sua fome não parecia cessar, seus dentes extremamente afiados cravaram na pele ainda quente de quem um dia fora alegre e especial. A mulher de aparentemente quarenta anos permaneceu com seus olhos abertos, foi morta em um ataque cruel e silencioso, pega desprevenida, tão pouco pôde defender-se. Seus olhos esbranquiçados demonstravam que ela partira dali para o melhor, enquanto sua família procurava por ela em desespero.

O homem respirava pausadamente, esperançoso que ainda pudesse encontrá-la viva, sua amada mulher.

– Encontrou-a Samuel? - um homem de olhos azulados indagou, jogando a alça da bolsa para o ombro esquerdo.

Samuel suspira, sentindo as lágrimas chegarem com o desespero – N-não, eu pude escutá-la gritar, Guller...

– Acha que podem ter sido os que ainda reinam em Dayless? - sua voz afina, com o repentino medo.

– Eu não acho, eu tenho certeza, aquelas merdas merecem morrer! Esse é meu castigo por ter zombado de Liana ao perder sua filha? Isso foi um castigo de Zeus, levou-me minha esposa para que eu pudesse aprender a não zombar dos sentimentos alheios. – seu corpo tomba, seus joelhos chocam-se contra o chão de forma bruta e seus lábios tremiam ao soluçar.

Ele estava lá, ajoelhado, pedindo aos deuses que trouxessem sua companheira de volta, amaldiçoando aquela fera que tirara seu bem mais precioso. Samuel não era um homem comum, era um lobisomem, um Alfa e estava disposto a destruir aquilo que destroçou seu coração.

– Eles querem guerra? Acham que podem entrar no meu território e caçar a minha mulher? Porra, é sério isso?–  Samuel rosna, arranhando o chão, fazendo com que faíscas brilhassem em tons laranja e vermelho, Guller vibra em emoção, uma caçada estava prestes a iniciar e seu Alfa jamais perdeu uma batalha, e mais do que nunca ele estava disposto a invadir o território do Supremo e fazê-lo pagar pela rebeldia de um de seus crinos.

O encontro dessas duas feras noturnas nunca foi possível, o Supremo era incrivelmente cruel e atento a qualquer ameaça, jamais conseguirão sobreviver àqueles que ousarem atacá-lo, entretanto Samuel cresceu ao seu lado, como um irmão, o verdadeiro primogênito da supremacia alfa. Mas o amor alcançou seu peito antes da supremacia começar e para amá-la, ele precisou largar tudo que aproximasse-o do passado sombrio. Agora, ele não tinha nada que pudesse segurá-lo, sua companheira fora morta por um dos crinos de quem um dia lhe chamou de irmão.
O Supremo deveria se preocupar, um ato inconsciente é o suficiente para iniciar uma guerra sobrenatural e, naquele momento em que um crino de sua alcateia atacou a companheira de outro macho superior, a batalha estava fadada.

Eve Angel━━━━━ • ஜ • ❈ • ஜ • ━━━━

O corpo levemente quente, seus cabelos sedosos lembravam-me camomila, sua mão parecia encaixar-se perfeitamente sobre a minha. Tocá-lo enquanto o mesmo dormia era uma sensação maravilhosa mas ao lembrar que, se ele estivesse acordado isso jamais aconteceria, eu recuo.
Ele invadia meus aposentos todas as noites sem exceção, porém essa noite algo estava errado, o homem de olhos verdes parecia cansado demais, talvez fosse por ter dormido com várias mulheres. Gostaria de entender o seu lado, sempre diz que gosta da minha presença mas na primeira oportunidade recua e corre para o primeiro rabo de saia que encontra pelo caminho. Dessa vez ele não discutiu quando protestei sua entrada no meu quarto, apenas jogou-se contra a cama e dormiu. Engulo a seco, estaria ele cansado de mim? Espera por que estou me importando tanto com isso? Ele nem sequer gosta de mim verdadeiramente...
  Levanto-me sorrateiramente da cama, sentindo meus ossos estalarem por permanecer tanto tempo na mesma posição, olhando para a janela, um arrepio corrói meu corpo, me assustando, na escuridão pude diferenciar um par de olhos vermelhos, não como os de Kygo, mesmo assim, eram tenebrosos. Acabei tropeçando nos meus próprios pés ao escutar um uivo e um alto rosnado ecoar sobre a floresta, não imaginei que meu tombo fosse tão forte ao ponto de fazer um estrondoso barulho ecoar pelo quarto. E quando levantei a cabeça, a primeira coisa que vi foram duas esmeraldas encarando-me.

– O que faz? - ele indagou, confuso. Mas, ao escutarmos mais um uivo olhamos na mesma direção.

  Kygo rosna, seus olhos tornam-se o breu, como nunca antes eu havia visto. Em uma velocidade extraordinária ele levantou-me, puxando meu corpo com força ao seu encontro, apertando-me ele disse;

– Esconda-se.

Meus olhos começaram a lacrimejar, uma sensação ruim alcança meu peito, fazendo-me estremecer.

– Aonde você vai? - consigo dizer, ao vê-lo movimentar-se estreitamente sobre o quarto, parecia querer fugir, esconder-se, eu não entendo.

  Parecia assustado, ele era grande, forte e másculo, o que poderia causar medo em uma fera como ele? Se ele teme, eu também deveria temer, não é?

– Preciso resolver umas coisas, não saía daqui em hipótese alguma! - ordena, saltando pela janela, deixando-me sozinha. Coço a nuca, com medo de olhar em direção a janela.

  Sentia que a coisa estava me observando de longe, como se estivesse analisando cada passo que eu dava, respirei fundo antes de girar a maçaneta e fugir para longe dali, meu estômago revirava enquanto uma sensação de peso apertava minha coluna e peito, eu mal podia respirar. O que era isso? Seria a tal dominância?

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Passavam das duas (02) quando ele retornou, completamente sujo de lama, arranhado e com o corpo repleto de feridas, tentei me aproximar mas ele não permitiu. Eu sentia que algo estava errado, todos os outros estavam em completo silêncio e eu via em seus olhos o desespero, foi quando eu vi, uma mulher que aparentava ser um pouco mais velha do que eu, ela estava apavorada, suja e ensanguentada, ela tremia muito enquanto conversava com Ann, Kamilla e Kiara – companheiras de Kdu e Kayo. Kygo se aproximou, fazendo com que as três se afastassem rapidamente, ele ficou minutos parado na frente da jovem desconhecida e de repente, segurou a mesma pelo braço e a levantou, arrastando o corpo magro e esguio pelo salão. Fiquei confusa com o que estava acontecendo, no entanto, ao tentar segui-los, fui proibida, An-nastacia não permitiu que eu seguisse-os. Nos olhos dela continham medo e lágrimas, o que estava acontecendo? Por que eu sentia essa sensação angustiante? Tudo parecia cinza.

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A Humana • Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora