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C A R L 

Liz estava sentada na cama com seus braços cruzados enquanto assistia a televisão, seus braços estavam cruzados sobre seus seios e ela deixava algumas risadas baixas escaparem de seus lábios. Os sanduíches haviam sido comidos e agora existiam apenas migalhas e um pequeno amontoado de vasilhas. 

- Eu vou ir na enfermaria e...

- Ele deve estar dormindo ou jogando com os caras. Precisa trocar o curativo? - concordo -  Dentro do banheiro debaixo da pia, dentro do armário tem uma sacola, pega ela e trás pra mim...por favor!

 Me levanto da poltrona e caminho até o banheiro, pegando a sacola e a abrindo. Gases, linhas, caixa de remédios e mais algumas ataduras. 

- Senta aqui! - ela aponta para o espaço em sua frente e pega a sacola.

Um gemido de dor deixou seus lábios junto quando ela se mexeu desconfortável e logo em  seguida jogou as coisas sobre o colchão. Liz retirou meu chapéu e colocou ao seu lado também. Seus dedos tocaram meus cabelos e logo depois a faixa, onde ela a retirou e jogou sobre minhas pernas. Seu olhar ficou preso em minha cicatriz e ela tirou mais uma vez os fios insistentes do meu rosto. 

MInha boca secou e segurei sua mão. 

- Levei um tiro e...

- Eu sei. - ela diz abaixando a mão e procurando um dos vidros de remédio. Seus olhar ainda estavam no meu e só o deixou quando ela leu o nome do remédio em seu frasco - Descobrir que você é mais forte do que muitos jovens ou até adultos daquela sua comunidade. 

- Quem te contou?

- Paul. Aaron que disse para ele. Acho que os dois estão tendo alguma coisa. 

Ela levou a gase com o remédio até  as bordas do machucado e a pressionou por alguns segundos. 

Ela era linda... e só agora eu estava tendo tempo pra poder ver aquilo de forma nítida. Seus cílios era curvados e volumosos, seus lábios eram desenhados e seu nariz era um pouco arrebitado. Ela tinha algumas pequenas cicatrizes no rosto, que só davam para ver estado tão perto dela. Ela tinha uma pinta no canto do nariz e ela escondia uma pequena marca de corte. 

- Eu quero te beijar! - digo depois de engolir seco e perceber o que eu queria. - Posso?

A resposta veio segundos depois, quando minha camisa foi puxada e  nossos lábios se tocaram. Minhas mãos cobriram as laterais do rosto de Liz e meus cabelos foram puxados. O frio na boca do estômago me fez desejar que aquilo não acabasse, me fez querer mais. Era bom. Era profundo. Cheio de desejo e fodidamente bom. 

- Acho melhor cuidarmos do seu machucado - ela diz se afastando e pegando uma gase limpa - Não foi ruim, ok? Eu só...

- Eu sei, não precisa explicar - respondo molhando meus lábios mais uma vez - Porque está cuidando de mim?

Mudar de assunto seria e era a melhor das opções, não que eu fosse esquecer, ao contrário, havia sido um dos melhores beijos que eu já havia ganhado e eu queria lembrar dele. 

- Você anda cuidando tanto de mim, acho que preciso arrumar um jeito de pagar, sabe, não gosto de ficar devendo ninguém. 

- Se quer me pagar de alguma forma, quando voltarmos para casa, não faça nada que possa te machucar mais ainda. Cuide desse machucado do jeito certo. 

- Pensei que eu tinha um enfermeiro particular, estava enganada?

Deixo uma risada escapar e paro para pensar sobre o que poderia fazer. 

- Uma proposta pra você então; Fico sendo seu "enfermeiro particular" como você disse, mas você tem que me obedecer quando eu disser que não é pra fazer determinada coisa. 

- Tudo bem, papi! -  ela diz sussurrando enquanto retirava os fios de sua franja do rosto. 

Um frio nasceu em minha barriga e meu pau pareceu criar vida dentro da minha calça. Ela dizendo aquilo, daquela forma, depois de nós beijarmos, não era bom, nada bom mesmo. 

Encarei as coisas ao nosso redor e aumentei o volume da tv. Tinha que me distrair. 

Liz terminou meu curativo e colocou as coisas de volta na sacola, seus olhos se fecharam e ela gemeu de dor, me fazendo a encarar preocupado. 

- Tudo bem?

- Sim ,só uma fisgada de dor. 

Me levantei da cama e me sentei na poltrona mais uma vez

- Acho melhor a gente ir dormir. Temos uma longa viagem amanhã.

- Pode ir dormir...eu não consigo!

Encaro a sombra da mulher contra a luz e engulo seco. Pesadelos. Era a única explicação. Pego a coberta e o travesseiro e os jogos na cama onde ela estava e me deito ao seu lado,  vendo - a revirar os olhos.

Minha proposta seria dormir abraçando com ela, talvez assim ela se sentisse segura. Já havia lido alguma coisa sobre traumas e como ajudar eles a passarem. Não que eu fosse um especialista, era apenas uma coisa que eu havia lido anos atrás  e que tinha ficado na minha cabeça.

Seguro seu corpo e a abraço, deixando sua cabeça contra meu peito. Seus olhos castanhos me encararam e ela abriu a boca para falar alguma coisa,  mas a interrompo antes que ela fale.

- Só aproveita o momento.

Seus olhos se reviraram mais uma vez e sua cabeça se aconchegar ainda mais em meu peito e seus olhos se fecharam.

- Obrigada!


Teve beijoooooo, uma das coisas que vocês tanto pediram kkkkk
Se lembrem de votar e comentar muito para termos outros capítulos.
Beijos e fuiiiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Where stories live. Discover now