Dentro de Você <F.R>

01

  

  Mais um dia que acordo cedo pra procurar emprego, eu sabia que não seria fácil mas quem disse que precisaria ser tão difícil assim? Já tinha entregado todos os 20 currículos que havia imprimido hoje cedo, agora era só chegar em casa e tentar descansar.

Esperei pacientemente o metrô chegar a estação mais próxima de casa, me controlando para não chutar as bolas do cara que está me encoxando, fala sério, o transporte público de São Paulo é realmente o pior.

  Quando o metrô para, aos poucos os vagões vão esvaziando até que eu consiga sair sem empurrar ninguém, saio da estação e ando três quarteirões até em casa.

  Entro na sala e encontro minha mãe e Maria assistindo novela.

  - Cadê o papai? A casa está muito quieta - comentei enquanto minha mãe me abraçava.

  - Ele precisou ficar até um pouco mais tarde na fábrica, parece que um cara do turno da noite perdeu a mão em uma máquina e ele vai substituir por hoje - ela diz e eu faço careta - como foi seu dia?

  - O mesmo de sempre, entreguei Currículos em muitos lugares, agora é só esperar pra ver se chamam - suspiro e esfrego minha mão em seu braço - vou tomar um banho - deixo um beijo em sua bochecha e vou para o banheiro.

  Depois de um banho relaxante, entro no quarto que divido com Maria e a encontro sentada em minha cama, encarando seus pés.

  - Você sabe que o papai não está trabalhando né? Ele está com a outra mulher dele - ela diz e suspira fundo.

  - Então é assim que arranca dinheiro dele? O chantageando? - a encaro com deboche, que se levanta rindo e sai do quarto.

  - Sim, e é com esse dinheiro que nós vamos no mercado e comprar pizza pra jantar. - falou no corredor e me faz respirar fundo e ir procurar uma roupa no armário.

  Eu não queria ir. Estava completamente cansada e ir para o mercado me deixava estressada, e logo hoje - uma sexta feira - com certeza  estava lotado.

Enquanto Joana pegava as pizzas do outro lado do mercado, eu escolhia uns chocolates para levar, quando senti uma leve cutucada no ombro.

  - Moça, você pode me ajudar? - me virei para trás e tinha um homem, lindo pra caralho falando comigo. Tudo bem acho que vou morrer de infarto.

  - o-oi posso ajudar sim, o que deseja? - merda, por que eu gaguejei?

  - Qual chocolate a senhorita me recomenda pra uma criança? - ele me olhou e sorriu sem graça.

- geralmente as crianças gostam de chocolate com forma de bichinhos, leva essa tartaruguinha de chocolate, aposto que essa criança vai adorar - apontei pra parte da prateleira e ele foi e pegou alguns, agradeceu e foi embora.

  Minha nossa senhora da bicicletinha, quando vou ter sorte de ter um Deus grego daquele pra mim?

  Depois de pagar tudo e sairmos do mercado, enquanto esperava o uber, um menino com o uniforme do mercado nos abordou e me entregou uma sacolinha.

  - Moça me pediram pra te dar isso - e com isso ele saiu andando e me deixou confusa, olhei para dentro da sacola e tinha duas caixas de bombons, olhei ao redor e não tinha ninguém suspeito.

  - Olha ela, arrumou um crush no mercado Hmmm - Júlia começou a pentelhar e eu olhei feio pra ela.

  - Maria Júlia pelo amor de Deus, você calada é um anjo - reclamei e revirei os olhos enquanto ela dava aquela típica risada de porquinho.

  - Eu não tô mentindo, você faz ideia de quanto é cada caixa de bombom dessa? Meu amor isso é chocolate belga, não é esses baratinho com gosto de gordura.

  - Ju, eu não sei, me sinto desconfortável de ganhar coisas de alguém que não conheço, e se estiver envenenado? - ponderei e entrei no carro que tinha chegado.

  - Aí a gente processa o mercado, e ficamos ricas - soltou um grito animado e eu fiz careta, essa daí não viaja, ela voa.

  Durante todo o caminho para casa fiquei pensando em quem teria me dado aqueles chocolates, será que foi engano?

Eai, o que acharam? Bem curtinho só pra introdução mesmo

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