Capitulo 4

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Eclipse
 


O final de semana chegou e com ele um tédio horrendo, aquela tarde de Sábado estava sendo uma grande merda. E para não enlouquecer jogava um jogo qualquer no celular, quando perdi pela terceira vez bufei impaciente jogando o aparelho na cama.
Olhei para janela e como sempre o dia estava nublado.
 Que irritante, será que o sol não aparece nesse lugar?
— Sasuke têm um amigo seu lá embaixo. — Mikoto bateu na porta a abrindo.
— Não tenho amigos. — Murmurei olhando para o teto.
Já até imaginava quem seria.
— O nome dele é Naruto e ele disse que vocês são amigos. 
Revirei os olhos, como ele descobriu onde eu morava?
— Fale que eu morri. 
— Sasuke não seja mal educado, desça agora. — Disse séria e deu as costas fechando a porta.
Esses eram um dos poucos momentos em que Mikoto se estressava.
Soltei um suspiro e me levantei saindo do quarto, não tinha nada para fazer mesmo. Cheguei ao andar debaixo e encontrei o loiro sentada no sofá conversando animadamente com minha mãe.
— Ei Sasuke.  — Exclamou animado assim que me viu.
Me aproximei deles e me apoiei na parede ao lado.
— Hn, o que faz aqui?
— Sasuke. — Mikoto repreendeu forçando um sorriso para Naruto mas ele nem se importou.
— Eu vim te chamar para darmos uma volta. — Disse sorrindo.
Me pergunto como cabe tanta animação em uma só pessoa.
— Veio em boa hora, Sasuke esta precisando sair de casa. — Mikoto sorriu me fazendo balançar a cabeça.
— Concordo olha só pra ele, tá branco igual papel. — O loiro riu da minha cara.
Mereço.
— Chega, vamos logo. — Bufei seguindo em direção a porta.
— Tchau Dona Mikoto foi bom conversar com você. — Ele gritou acenando para minha mãe.
— Tchau Naruto volte mais vezes.
— Com certeza.
Saímos de casa e o loiro começou a cantarolar animado, as vezes me perguntou se ele não têm cinco anos.
— Onde vamos? — Perguntei olhando para o céu cheio de nuvens.
— Vamos tomar chocolate quente. — Respondeu animado.
— Não têm outro lugar?
— Não a nada melhor que chocolate quente nesse frio gostoso. — Abraçou seu casaco laranja e eu já tinha a certeza de que ele venerava essa cor.
— Na verdade têm, deveria ter ficado em casa dormindo.
— Você é um resmungão em? não reclama que eu sei que você estava no tédio rezando para eu ir te salvar. — Se gabou parando em frente a cafeteria.
É um idiota mesmo.
— Vai sonhando. — Revirei os olhos e ele sorriu abrindo a porta de vidro.
 O segui colocando as mãos no bolso analisando o lugar, logo na entrada tinha uma grande bancada cheia de doces com duas pessoas trabalhando. As mesas eram de madeira assim como o piso, e o teto era decorado por lamparinas coloridas.
Olhando em volta rapidamente notei que tinham poucas pessoas.
— Não acredito, mas que droga. — Naruto praguejou olhando feio para o aparelho celular em suas mãos.
Era pequeno e a tela estava toda trincada, ele bufava lendo alguma coisa.
— Aconteceu algo? — Ousei perguntar.
— O velho do meu padrinho caiu da cama de novo e deu um jeito nas costas, foi mal Sasuke mas vou ter que ir ajuda-lo. — Soltou um suspiro guardando o celular no bolso.
— Hn.
— Nos vemos segunda na escola. — Ele acenou com as mãos e saiu apressado.
Não acredito que ele me arrastou até aqui atoa.
Soltei uma lufada de ar me virando para sair daquele lugar mas parei assim que meus olhos capitaram uma figura sentada sozinha na última mesa. Ela apoiava o rosto nas mãos olhando para a janela batucando as unhas na mesa. Não usava seu costumeiro casaco preto e nem escondia seus cabelos com um capuz, apenas usava uma blusa vermelha de mangas compridas e os cabelos estavam amarrados para trás.
Olhei para a porta e dei a volta seguindo em sua direção. 
Não vim até aqui para ir embora.
Eu nunca vou entender esse magnetismo que me puxava para ela, a única coisa que eu sabia era que precisava entender aquela garota. 
Parei em frente a mesa e puxei uma cadeira me sentando a sua frente.
— Você vive me perseguindo, devo me preocupar com isso? — Perguntou sem tirar os olhos da janela.
— Gosto da sua companhia. — Respondi juntando as mãos na mesa e ela me olhou erguendo uma sobrancelha.
— Ou eu devo ter lhe causado uma boa impressão, ou você têm sério problemas, a maioria das pessoas me acham desagradável. — Disse baixo como se estivesse me contando um segredo.
— Eu acho que tenho sérios problemas. 
Eu tenho certeza de que não bato muito bem da cabeça.
Ela reprimiu os lábios como se segurasse um sorriso e ficou me encarando, parecia me analisar.
— Você não é igual aos outro. — Murmurou parecendo pensativa.
— Ninguém é igual a ninguém.  — Respondi e ficamos nos encarando.
Eu daria tudo para ler seus pensamentos, Sakura Haruno era uma incógnita.
— Aqui está seu pedido. — Uma garota apareceu deixando um copo de chocolate quente e uma pequena vasilha com marshmallows em frente a Sakura.
Ela assentiu e a garota se virou para mim abrindo uma grande sorriso.
— E o que o rapaz vai querer? — Perguntou pegando um pequeno bloco do bolso.
— Água. — Respondi sem tirar os olhos de Sakura que ergueu a cabeça me lançando um olhar estranho.
— Ta legal. — Ouvi a voz da garota e passos se distanciando.
— Quem vêm a uma cafeteria para tomar água? — Me olhou indignada.
— Eu.
— Você não é normal. — Ela balançou a cabeça passando o dedo sobre a espuma de chantili que tinha em seu copo.
— Não gosto de doces. — Respondi a olhando levar o dedo a boca.
Aquele simples movimento me deixou completamente perdido, a boca dela era tão linda e parecia tão saborosa.
Estou enlouquecendo.
— Não sabe o que esta perdendo. — Murmurou levando o copo a boca.
Os minutos seguinte foram de total silêncio, apenas observava Sakura comer todo aquele doce como se não existisse nada melhor no mundo.
Ao menos descobri algo sobre ela, Sakura Haruno era maluca por doces.
— Vai ficar apenas me encarando? — Perguntou me tirando dos meus pensamentos.
— É a primeira vez que conversamos sem você fugir ou me mandar embora.
Estava surpreso por isso.
— Eu estava aqui primeiro e se eu lhe mandar embora será perca de tempo pois você não vai. — Deu de ombros tentando parecer desinteressada.
Com certeza não iria.
— Admita que gosta da minha companhia. — Deixei um sorriso escapar e ela me olhou revirando os olhos.
Até vesga ela era bonita.
— Está se achando demais garoto. — Bufou me fazendo rir.
Era a primeira vez que tínhamos uma conversa civilizada, sem ela tentar me afastar.
— Não vai me dizer por que se exclui de todos? — Ousei perguntar e ela deixou o copo vazio na mesa.
— Isso não é da sua conta. — Seu olhar séria.
Pronto, voltou a ficar na defensiva.
— Parece que a fera voltou a atacar. — Soltei um suspiro cruzando os braços.
— Pense o que quiser.
— O que você esconde? — Arqueei o corpo sobre a mesa a olhando nos olhos, não iria desistir.
Eu sei que ela esconde algo e vou descobrir o que é.
Ele olhou em meus olhos analisando meu rosto, enrugou a testa e fechou a cara.
— Você é um saco. — Bufou se levantando seguindo até a saída a passos pesados.
Me levantei para segui-la e a atendente apareceu em minha frente segurando uma garrafa de água.
— Sua água. — Disse sorrindo e eu vi por cima de seus ombros Sakura pagar sua conta e ir embora.
— Não precisa mais. — A empurrei para o lado apressando os passos até a porta.
Que mania chata de fugir das pessoas.
— Sakura. — Gritei tentando alcança-la.
— Para de me perseguir. — Grunhiu parecendo irritada.
— Qual o problema em? — A alcancei segurando seu braço e ela me empurrou parando de andar.
Parecia nervosa.
— O problema é que têm um maluco me perseguindo desde que chegou nessa maldita cidade. — Gritou se virando para mim com os olhos em chamas.
Senti minha respiração ficar pesada e decidi que era a hora de lhe contar o que estava acontecendo, o que estava me atormentando.
— E seu te disser que sonho todas as noites com você? — Disse ofegante e sua expressão irritada se desmanchou.
Eu tinha a certeza de que era ela e já não estava mais suportando aquela situação. Eu não podia estar ficando louco, precisava entender que merda estava acontecendo.
— Como é? — Vi sua boca se abrir e seus olhos se tornaram surpresos.
— É isso mesmo, todas as noites você aparece em meus sonhos. — Dei um passo a frente olhando no fundo daqueles olhos verdes que tanto me perturbam.
— Você é um lunático. — Balançou a cabeça dando um passo para trás.
— Não, todas as noites você está lá, fugindo de algo e chamando por mim, mas eu nunca consigo de alcançar. — Dei mais um passo a frente diminuindo nossas distancias.
Ela me olhava surpresa e parecia paralisada, não conseguindo me conter levei a mão ao seu rosto acariciando sua pele macia. Ela soltou um suspiro e fechou os olhos, a forma que seus ombros se mexiam deixava claro que sua respiração estava descompassada.
Ela era tão linda e eu tinha que confessar que estava completamente atraído por ela.
— Quem é você Sasuke? — Ela sussurrou abrindo os olhos.
Sua mão tocou a minha me fazendo sentir um leve arrepio.
— Eu é que pergunto Sakura, quem é você?

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