Fuego

Capítulo 29

Todos no quarto olharam para Alfonso e um silencio tomou conta do ambiente. Alfonso, então, a encarou e seu coração disparou.
Anahi sustentou o olhar. Ficaram se olhando até que ela percebeu algo no olhos dele, uma nuvem de... piedade?
O coração dela rachou. Seria pena o que ela via nos olhos dele?
Alfonso suspirou.
- sinto muito Anahi. O Enrique tem razão... eu deveria ter me negado, ter impedido de qualquer forma o que aconteceu...
Ela sentiu a rachadura em seu coração se abrir, tornando ele em pedaços. Um gemido baixo saiu dos lábios dela. Mas ela segurou o choro. Não ia chorar ali.
Não na frente dele. Não tinha o que lamentar, o que reclamar. Ele simplesmente não tinha entendido que a amava.
- ok... - sentiu seus olhos arderem, mas segurou o choro - você só está...
Ele negou com a cabeça.
- não Anahi - sua voz era fria e aquilo a deixou atordoada.
Anahi sentiu que iria fraquejar e lutava para não desmaiar diante daquela voz dura e sem um pingo de sentimento - acho melhor você ir para seu quarto enquanto converso com seu pai...
Ela ficou pálida. Não conseguiu evitar uma lagrima solitária que caiu em suas faces. Se controlou antes de falar.
-eu te amo... - voz fraca mas firme-amo você e por isso te perdoo...

- Querida...
Anahi se virou para a empregada.
- não! Farei minhas malas...- deu as costas a Alfonso e caminhou até aporta. Chegando, se virou-  realmente, sinto muito Poncho!
E saiu, sendo seguidos por Rosa.
A porta se fechou deixando Alfonso, Enrique e a Patrícia parados no meio do quarto.
- bem, espero que os dois estejam satisfeitos com o espetáculo!
- ela é minha filha!
- oh, cale a boca homem! você não pode determinar quem sua filha deve ou não amar!
- ela não sabe o que é o amor! É muito nova para isso!
- como você sabe? A idade dela não diz nada! E se quer saber, a tempos ela ama o Alfonso e só você não enxergava isso!
Enrique ficou surpreso.
- do que você está falando mulher?
- percebi a algum tempo quando o Alfonso fez uma visita. Dava para notar e tenho certeza que não é algo de hoje! - olhou para Alfonso - e você? naquela sua visita vai me dizer que não sentiu nada pela Any? Vi como a olhava! Nenhum homem desinteressado olha para uma garota como você a observava! E também lembro da uma conversa que ouvi entre você e alguns colegas do Enrique, que criticaram nosso casamento... eles falavam do Enrique porque ele já tinha se casado diversas vezes e iria se casar mais uma. naquela ocasião você disse que uma das poucas coisas que valia a pena era o amor e que era isso o que Enrique buscava! Fiquei admirada com você! mas agora, você acabou com aquela garota -olhou para o marido-vocês dois! Espero que estejam satisfeitos!
Patrícia saiu do quarto batendo a porta. Um silencio terrível se fez. As palavras dela entraram fundo dentro de Alfonso. Recordou a forma como Anahi o olhava, ansiosa pela resposta dele... e a única coisa que ele fez foi mandá-la embora...Enrique observava Alfonso. Agora já não sentia raiva e sim uma profunda tristeza pela filha.
Percebendo o olhar de Enrique, ele o encarou.
- ela é a minha menina e você é como um filho para mim... merda! Pensar nela nessa cama... - estremeceu- droga! Não quero pensar nisso!
- não vou deixar que ela tome a culpa para si. Você está certo. Eu poderia ter evitado isso. Devia ter feito de tudo para que nada acontecesse entre nós dois!
Alfonso queria que Enrique o enfrentasse, o atingisse... será que isso era para evitar sentir o que sentia dentro dele? Aquela dor que crescia a cada segundo?
Mas Enrique não o atingiu.
- Patrícia está certa... ela é adulta, e te ama! Eu não quis enxergar o que estava na minha frente! Devia ter percebido... ela só falava em você, a forma como me fez ligar para você aceitá-la aqui... eu não quis ver que minha filhinha estava crescendo, mas ela está!
Caminhou até a porta, abriu ela e saiu.
Devagar, Alfonso foi até a cama e se sentou. Só então percebeu a imensa dor que tinha dentro dele. Viu mais uma vez a imagem de Anahi, o olhando... Viu os olhos dela se transformarem... Onde havia esperança restou uma profunda tristeza.
Colocou as mãos no rosto e o cobriu.
O que ele tinha feito?Patrícia entrou no quarto. Anahi e Rosa terminavam de arrumar as malas dela em silencio.
-  você está bem minha querida?
Anahi a olhou.
-não... mas vou ficar!
Rosa resmungou.
- aquele idiota do Alfonso!
Anahi olhou para Rosa.
- não fale assim Rosa... ele não tem culpa!
- sinto muito minha querida, mas ele tem sim!
- concordo. Ele não devia ter agido assim!
- Rosa.... você melhor do que ninguém sabe o que aconteceu aqui.  sabe que eu vim para cá tentar conquistá-lo e também disposta a ser aceita na cama dele...
- oh menina! Não fala assim...
Anahi sentiu novamente a vontade de chorar. Mesmo assim, segurou o choro.
- é a verdade, não? - tentou sorrir- tentei ter o coração dele... mas falhei... essa é a verdade!Alfonso ouviu o barulho do carro e entendeu logo que ela havia ido embora com o pai. Não se sentiu bem ou aliviado. Ao contrario, estava acabado. Decidiu
não vê-la mais. Se trancou no escritório e ali permaneceu até aquele momento...
Fechou os olhos e esfregou o rosto com as mãos. Nesse momento, o telefone tocou.
Pensou em ignorar, mas não conseguiu. Acabou atendendo.
- alô.
- oi Querido...
Alfonso revirou os olhos.
- olha Maite, não estou afim de conversar agora...
- que mal humor... achei que uma semana de viagem iria ser saudável para você, mas pelo visto...Alfonso franziu testa.
- como sabia que eu tinha ficado uma semana lá?
Maite riu.
-ora querido, isso não é segredo. Se bem que na minha opinião você devia ter feito. francamente Alfonso, me trocar por uma pirralha! 
Alfonso ficou em alerta.
- não te troquei por ninguém Maite. Simplesmente nossa relação não estava dando certo.
- não me trocou? E o que você me diz de terminar comigo numa noite e no dia seguinte sair em viagem? Ela só tem 19 anos Alfonso!
Alfonso estava cansado daquilo. Ele sabia droga!
- essa conversa não vai nos levar a nada. Agora se me der licença...
- foi bom mesmo o pai dela ter ficado sabendo de tudo!
Alfonso já ia desligar quando travou. Um silencio tomou conta da linha.
-foi você! Maite riu.
- então é por isso que está chateado? Então eu estava certa em alertar o pai dela...
- não acredito que você é tão baixa Maite! - falou irritado.
-eu? você me usou e quando não servi mais me trocou por uma menina mimada e geniosa!
- eu não te troquei por ninguém Maite! Apenas não deu certo entre a gente! você não tinha o direito de se meter em minha vida dessa forma!
- não trocou? Me poupe Alfonso! e não me venha jogar a culpa! Se você estava levando aquela garotinha para a cama tinha que aguentar as conseqüências!
Alfonso não esperou mais. Bateu o telefone na cara de Maite. Estava furioso com ela, só que ela tinha razão!
Foi até o sofá e se deitou, com os olhos fechado. Maite tinha razão. Ele tinha que arcar com as conseqüências do seu erro...
Erro...
- oh droga! O que foi que fiz?