Capítulo 3

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Pov Savannah

Nada me acalmava mais do que tocar piano. Depois de tomar meu café da manhã, me sentei em frente a ele e perdi a hora. Cantando. Ou apenas ouvindo o som, em uma melodia desconhecida.

Nas minhas horas vagas eu sempre gosto de tocar, quando não estou lendo um livro de romance, dos poucos que restaram, todos que já existiram um dia, foram queimados. Eu sou privilegiada, e sei disso, as mulheres não tem direito a estudar. Apenas mulheres da realeza tinha esse direito. Eu amo o fato de saber ler, amo viajar nos livros e esquecer do mundo real.

Ouvi passos atrás de mim. Não precisei me virar para saber que era a mamãe, apenas o som de seus sapatos a entregavam. Ela se sentou no banco do piano comigo, e começou a me acompanhar na canção. A voz da minha mãe é a minha favorita no mundo, é uma pena ela não usufruir tanto desse dom.

Sina sempre foi a mais apegada a mamãe, enquanto eu sempre gostei mais de ser bajulada pelo meu pai. A mamãe trata a Sina como um bebê, faz tudo que Sina quer. Enquanto para mim, ela é mais uma mãe conselheira, já que futuramente eu irei assumir o seu lugar.

- Quanto tempo não te via tocar meu amor... - Minha mãe falou quando a canção se encerrou. Ela deixou o beijo no meu rosto.

Eu me virei para ela e segurei sua mão fortemente.

- Mamãe, como foi sua seleção?

Perguntei diretamente a pegando de surpresa.

- Filha! Acho que você teria que fazer essa pergunta a seu pai, afinal, eu sou uma selecionada, foi seu pai quem viveu isso, quem escolheu.

- Mas mamãe, a senhora foi a escolhida, como aconteceu? Como papai te escolheu?

Mamãe colocou dois fios do meu cabelo atrás da minha orelha, e alisou meu rosto.

- Sabíamos que estávamos destinados um ao outro desde a primeira vez. - Ela olhava no fundo dos meus olhos e sorria. - Nossos olhares se encontraram, eu senti algo bom quando o vi, e sabia que não era apenas por ele ser tão cobiçado, por ele ser um príncipe, eu queria ser o refúgio dele, queria ter ele ao meu lado, não por sua posição, mas por ele ser ele, entende?

Fiz uma careta, não, eu não tinha entendido.

- Isso apenas me deixou mais apavorada. Não consigo imaginar 34 homens me disputando, e pior, que terei que me casar com um deles!

Baixei meus ombros, demonstrando desinteresse.

- Filha, você saberá fazer sua escolha, tera 34 homens de boas famílias a sua disposição, pode fazer o que quiser com eles.

Arregalei meus olhos para minha mãe, isso era incrivelmente assustador, eu não iria usar aqueles homens, para descobri qual deles eu vou escolher para passar o resto da vida ao meu lado.

- Mamãe!

- Savannah, óbvio que tem limites! Poderá sair com eles, fazer programas individuais, não falo em coisas que só devem ser feitas após o casamento! - Minha mãe levantou o tom de voz.

Bem na hora que a minha criada entrava no salão com o chá que eu havia pedido, minha mãe ficou a encarando.

- Desculpem, eu não queria atrapalhar. - Any falou envergonhada e colocou o chá sobre a mesinha.

- Não atrapalha Any, obrigada! - Disse a ela que fez uma referência simples e se retirou.

- Não precisa agradecer a uma criada por te trazer um chá! - Disse mamãe.

- Ela é um ser humano dona Aurora, não gosto como trata os funcionários.

Mamãe me olhou profundamente e em seguida se retirou do salão, ouvia apenas o barulho de seus sapatos colidir com o chão. Eu soltei uma longa respiração, estou com o mesmo pensamento que Sina, quero fugir desse lugar.

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