Jeon Jungkook
Entrei e um silêncio devastador consumiu o ambiente após eu fechar a porta que se encontrava atrás de mim. Meu sapato era extremamente barulhento ali, sendo que, nas ruas, mal se dava para o escutar. Gostava da sensação que este lugar me passava, era como se ele confortasse e eu esquecesse do mundo lá fora, como se ele não existisse e eu pudesse fazer tudo o que quisesse aqui. Como hoje era um dia de trabalho, muitas pessoas não estavam aqui para ler. Pelo o que eu contei, vi apenas cinco andando pelos corredores forrados de livros e prateleiras, que continham mais livros. Aposto que ali se encontrava todos os tipos de coisa que você quisesse, desde receitas até a história sobre a Guerra Fria. Serve da criança até o idoso. Daquele que pouco sabe até aquele que já sabe muito. Livros são incríveis, eles sempre mostram-nos uma perspectiva de mundo diferente da que temos hoje e isso era algo que eu estava procurando agora. Um livro que me passasse a essência antiga da época exata em que eu estava procurando. Por sorte, acabei por ver uma prateleira com uma placa, escrito "Relíquias da Cidade" após pensar isso. Era uma coleção de em torno de cinquenta livros apenas dizendo sobre a nossa história.
Sei que provavelmente minha família não vai estar aqui no meio das páginas, mas eu quero achar histórias parecidas com a nossa, que envolvam o sobrenatural e maldições, porque eu só irei atrás de mais respostas caso eu veja alguém com os mesmos problemas que eu. Não tinha sentido eu ir atrás de respostas para algo que eu mal sei perguntar direito. Pego três livros que pareciam ser os mais interessantes e os levo até uma mesa vazia, que parecia ser onde as pessoas deveriam ler (se não fossem pegar o livro emprestado, óbvio). Me sento e deposito de forma delicada em cima da mesa os objetos que segurava, tomando cuidado, pois não eram meus e, se estragassem, a multa não seria pequena.
Começo a os folhear com cuidado, prestando atenção em tudo o que dizia. Era sobre a história da cidade, praticamente. Nos introduzia às construções mais antigas e apresentava-nos as coisas que mais chamavam a atenção das pessoas aqui. Após passar meus olhos por todas as páginas daquele primeiro e então vejo que ele não dizia nada sobre o que queria, então o coloquei de lado, pois ele não servia para o que eu desejava agora. Peguei o segundo, na esperança de que ele me mostrasse algo mais interessante e ali começaram a aparecer melhores resultados. As páginas sobre os tipos de pessoas que viveram aqui antigamente, começaram a se manifestar. Acabei descobrindo que a nossa cidade era taxada como "A cidade do mistério", pois ninguém sabia direito o que acontecia aqui. Isso fez a minha curiosidade gritar dentro de mim, a ponto de eu quase esfregar minha cara naquelas folhas feitas de celulose, apenas para não perder uma palavra sequer do que estava escrito ali. Parecia ser muito importante. Mas um dos trechos me fez abrir a boca de uma forma que eu quase não consegui fechar. Ele dizia o seguinte:
" Acredita-se que muitas coisas sem explicações aconteceram aqui. Coisas que pessoas temiam. Histórias contam que a madrugada era cheia de barulhos estranhos e havia luzes de fogueiras por toda a parte, indicando que rituais clandestinos eram feitos. Não se sabe o porquê disto, mas todos diziam que este município possuía uma energia magicamente boa nessa época. Lembrando que nada disto é completamente verdade, são apenas boatos que se passaram de gerações para gerações e cabe apenas à quem quiser, acreditar. Também diziam que, quem fazia mal à aqueles ditados como bruxos ou seres mágicos, era amaldiçoado com diferentes tipos de encantos, podendo causar consequências por muito tempo. Portanto, pessoas evitavam fazer amizades com essa 'espécie'."
Depois de ler aquilo, o esquema estava pronto em minha cabeça. Era isto! Para mim, já estava tudo no lugar, só faltava uma coisa ainda, que era como solucionar esses casos. Era fácil colocar apenas o que aconteceu, mas e se você foi um dos afetados por essas maldições? O que fazer? O meu celular não me daria essa resposta facilmente, pois a minha cidade não é tão conhecida como era nos tempos antigos. Talvez se eu encontrasse alguém que fosse experiente o suficiente e que entendesse o que acontece quando se é amaldiçoado, eu conseguisse achar uma possível "cura" para isso. Resolvi então que já tinha lido o bastante, pois, se lesse mais, acho que ficaria com paranóias o suficiente para alimentar meses de noites mal dormidas.
Coloco aqueles encapados livros em forma de pilha e os carrego em meus braços, mas não estava prestando atenção no meu caminho, até que quase me esbarro em uma pessoa, que se assusta com meu brusco movimento para o lado, tentando evitar a colisão de corpos.
— Meu Deus, você tá bem? — Preocupado, solto uma das mãos dos livros e coloco minha mão em seu ombro.
— Sim, eu estou, fique tranquilo. — Ele se levanta e encontra seus olhos contra os meus de forma hipnotizante. — Oh, aqui está! Você vai ler estes livros?
— Não, estava devolvendo-os para o lugar em que estavam, por que?
— Eu estava procurando este daqui, mas não estava vendo-o nas prateleiras. — Ele pega o livro de cima e o segura.
— Também está curioso sobre a história da cidade? — Indago, pois o assunto do livro era aquele.
— Na verdade, já sei muitas coisas, por conta de meu bisavô. Ele é uma das pessoas mais velhas desta cidade. Só estou vendo esses livros para ver se acrescento mais conhecimento sobre "A cidade do mistério", haha. — Ele faz graças, me causando risos.
— Eu estava muito curioso para saber algumas coisas sobre a história da cidade. Sei que sou apenas um estranho, mas você poderia me passar seu número? É que eu tenho que ir agora, mas não descobri/entendi bulhufas sobre o que acontece aqui de tão misterioso e queria que você me dissesse o que sabe de uma forma mais simples. — Tento arrumar alguma desculpa para conseguir o que queria.
— Claro, aqui está. — Ele me entrega o seu celular, que mostrava o número em sua tela. Rapidamente os anotei em meu telefone e o guardei, devolvendo o de sua posse para as suas mãos. — Eu amo falar sobre a cidade para pessoas novas. Espero te ajudar. Me mande uma mensagem quando chegar em sua casa.
— Tudo bem, mandarei, até mais. Mas, espera! Qual o seu nome mesmo? — Com a curiosidade lá em cima, aproveito e tiro mais uma das dúvidas.
— Ah, eu não disse... Kim Taehyung. Esse é o meu nome. Prazer, aliás.
— O prazer é meu. Meu nome é Jeon Jungkook, mas pode me chamar apenas de Jungkook ou Jeon.
— Tudo bem, Jungkook. Até mais tarde, não esqueça de me mandar as mensagens. Estarei esperando. — Ele acena para mim.
Espero que essa conversa me traga respostas, tenho fé que trará.
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lovely blindness• jjk+kth.
FanfictionPouco antes de seu aniversário de dezoito anos, Jeon Jungkook se via completamente horrorizado por aqueles pensamentos. A sua família toda era comprometida por um tipo de cegueira que lhes atacavam quando atingiam a maioridade. Não sabia de onde vie...