I'm Just Exactly Where I Want to Be

249 34 28
                                    


Ele não se surpreendeu, na manhã seguinte, ao encontrar a tal Granger na estação, esperando pelo trem para retornar à Londres. Mas se incomodou e tentou evitá-la o máximo possível. Alguma coisa nela o deixara desconfortável e pensativo durante toda a noite e não tinha ligação alguma com as roupas estranhas que ela usava ou com o cabelo revolto que mantinha com orgulho.

Ela acenou sorridente, à distância. Ele sorriu em resposta. Um sorriso fechado, apenas o necessário para ser cordial e simpático. Talvez a técnica da cordialidade estivesse indo longe demais. Talvez ele devesse apenas ignorá-la, ser frio e grosso como sempre fora. Mas sabia que fazia parte da sua readaptação em sociedade tentar ser amigável. Ridículo.

O trajeto de volta à Londres estava sendo tão longo e solitário quanto a ida até as Terras Altas e Draco meio que gostava daquilo. Ele gostava de assistir a paisagem bucólica passando pela janela e refletir; e estava aproveitando o tempo para colocar seu caderno-diário em dia. Os curandeiros dos Estados Unidos tinham insistido que ele deveria tentar manter uma rotina e escrever o máximo que conseguisse sobre seus dias e seus sentimentos quanto a eventos e pessoas. De acordo com eles, isso o ajudaria a aceitar os fatos e evoluir em sua tentativa de ser mais sociável. A guerra deixara inúmeras feridas físicas, mas as feridas mentais eram de longe as mais insuportáveis e difíceis de serem superadas. De qualquer modo, escrever sobre o seu dia e eventos já era um hábito antigo para ele, então se sentiu feliz em retomá-lo.

— Hey! — Seus pensamentos foram interrompidos quando a porta de sua cabine se abriu com um baque e lá estava Granger. Seu moletom laranja chegava a arder os olhos. — Malfoy, certo?

Ele apenas acenou com a cabeça, torcendo para que ela o deixasse em paz. Ele queria apenas um pouco de sossego, será que era tão difícil assim?

— Eu estava pensando... — Ela tomou a liberdade de entrar na cabine e se sentar na poltrona de frente a ele, apoiando os cotovelos no joelho enquanto se inclinava um pouco mais para frente. — Parece que nós somos os únicos nesse trem, melhor mantermos a companhia um do outro... Os espíritos estão a solta hoje.

— Eu não... — Draco não sabia se deveria olhá-la nos olhos ou não, então se fixou em seus sapatos. — Eu não me importo muito com isso...

— Você mora em que parte de Londres? — ela perguntou, animada.

— Beco Diagonal. — Ele não queria realmente saber, mas continuou mesmo assim: — E você?

— Que coincidência! Eu também! — Como ela poderia estar tão à vontade naquela cabine, com ele? — Desde que comecei a trabalhar na Floreios, na verdade. Eu até cogitei morar na Londres Trouxa, mas o Beco é simplesmente tão conveniente, não é mesmo?

— Faz pouco tempo que me mudei para lá.

— O único problema é que está sempre lotado de pessoas nos fins de semana e feriados, e eu não gosto de multidões...

— Eu não pensaria isso sobre você.

De fato, ela parecia a pessoa mais sociável e frequentadora de multidões do mundo.

— Por que você não pensaria isso sobre mim? — Ela ergueu uma sobrancelha questionadora.

— E-eu — ele gaguejou, tentou encontrar as palavras. Ela era um pouco intimidante, não? — É só que... você parece cordial... Sociável.

— Ow... — a tal Hermione exclamou, brava. Ela parecia genuinamente ofendida por ter sido chamada de cordial. — Agora eu sou cordial? Você não conhece nenhum outro adjetivo? — Ela se levantou e, por um segundo, Draco teve esperanças de que ela o deixaria em paz na cabine. Ledo engano. Ela resolveu sentar-se ao seu lado. — Eu não preciso de "cordial"! Eu não preciso ser cordial e não preciso que ninguém seja cordial comigo.

[DRAMIONE] Meet Me In The HighlandsWhere stories live. Discover now