Capítulo 40: Única Saída

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Valen passou pelos portões junto da equipe de lenhadores. Carregava dois troncos, um em cada braço, enquanto os demais transportavam a madeira em carroças e pranchas puxadas por cordas.

–Bom trabalho, pessoal! –Anunciou Shiro, marcando a chegada do material em sua planilha digital. –Podem deixar a madeira ali. Descansem um pouco no refeitório enquanto a outra equipe não aparece.

Todos ajudaram a descarregar os materiais, e depois foram comer e beber. Valen largou os troncos próximo ao muro avariado pelo fogo, onde alguns outros já haviam sido postos para reposição. Esticou os braços, sentindo as juntas estalarem, e então viu o pequeno chefe se aproximar.

–O trabalho é muito mais fácil com uma Gigante ajudando. –Elogiou ele. –Como você está?

–O de sempre, sabe como é.

–Preocupada com os outros?

–Não ter notícias me deixa ansiosa. E se tiver acontecido alguma coisa?

Shiro pôs a mão em seu ombro.

–Fica calma, Valen. Marlon sabe se cuidar, e com certeza sabe cuidar daquelas duas.

–Ainda não confio naquela Gigante de Fogo.

–Não precisa confiar nela. Só confie na Ayla. Ela sabe o que faz.

Valentina sabia que ele tinha razão. Precisava relaxar mais, concentrar-se em seu trabalho. Era bom ser útil para variar. Numa terra de Gigantes, ser forte acabava sendo tão banal que nem era levado como uma qualidade. Já ali, sua força era uma vantagem para aquelas pessoas. Elas precisavam dela. Valen gostava disso.

–Preciso de um banho. –Disse, olhando para sua regata coberta de suor e pequenos galhos e folhas. –Quando vamos poder religar a energia?

–A equipe da elétrica deve finalizar tudo até o final da tarde.

–O acidente de ontem foi um golpe de má sorte mesmo. Como conseguiram cortar justo o fio principal?

–Temos de tudo em Ulvgard, inclusive alguns desatentos. O bom é que ninguém se... –Shiro parou de falar, ficando em alerta como se levasse um choque. –Estranho. Por que soaram o apito?

–Apito? Não ouvi nada.

–É um apito para cães. –Explicou, guardando o tablet na bolsa. –Usamos quando há um avistamento estranho. Não custuma ser nada, mas mesmo assim...

O apito soou mais duas vezes, ao passo que Valen começou a notar as outras pessoas ao seu redor ficando em alerta. Os pais levaram as crianças e os mais velhos para dentro de casa, alguns dos soldados nos muros começaram a se arrumar, pegando as lanças e arcos.

–Fechem o portão! –Ordenou Shiro, chamando todos para dentro. –Não quero ninguém aqui que não seja essêncial.

–E quanto a mim? –Questionou a Jötunn.

–Peço que fique, por favor. Podemos precisar de você.

–Entendi.

O portão se fechou atrás deles, e um grupo de guardas ficou ao redor. Da mata, uma trombeta soou alto, o primeiro som que Valentina efetivamente podia escutar, e então uma chuva de flechas surgiu das copas das árvores. Um soldado chegou correndo na forma de lobo, transformando-se assim que encontrou com o grupo.

–Relatório.

–Avistamos três garotas na mata, senhor. Duas são com certeza Aesires. A outra parecia ser uma runemal.

Shiro mordeu a ponta do dedo com nervosismo.

–Uma runemal pode descobrir como desativar a barreira. Pelo menos não é um ataque em larga escala. –Disse, voltando as atenções para o soldado. –Mais alguma coisa?

A Última CriaOnde histórias criam vida. Descubra agora