Retrograde.

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Villanelle POV.

Eu estava prestes a visitar Londres. Maria faria uma viagem até lá por conta do trabalho, provavelmente desfilaria para alguma marca e essa foi a melhor desculpa que eu pude ter para poder viajar até lá.

Eu queria encontrar com a Eve, mas não fazia ideia de como fazer isso. Perguntei por ela para Konstantin e ele me ajudou depois de um belíssimo sermão de que aquilo que fiz foi totalmente errado e que eu tive sorte de não terem mandado alguém pra me matar. – Eu sabia que não me matariam, pois nunca encontrariam alguém tão perfeita quanto eu para que pudessem me substituir.

Ela estava viva, agora me restava saber onde.

- Olá. – Sentei-me ao lado de Maria na sala de embarque do aeroporto e pude sentir o olhar dela de reprovação por trás dos óculos escuros. – Nossa, que humor contagiante! Não faça essa cara, sabe que não quero meu rosto estampado nos sites falando sobre a nova namorada perfeita que você tem.

- Você está indo por mim ou por conta de alguma outra coisa? – Ela me indagou e eu hesitei em responder. – Villanelle, seja sincera comigo. – Segurei sua mão e a encarei, eu sentia que aquilo com toda certeza derrubava ela por inteiro.

- Eu vou fazer um trabalhinho... – E ela soltou minha mão na hora e bufou. – Ei! Não faça isso. Eu vou ficar com você na maior parte do tempo! Você já foi em alguns dos melhores bares de Londres? Eu queria levar você por um deles.

- Claro! Você ao menos quer segurar minha mão em eventos, agora quer me levar em bares de Londres! Não enche, V.

- Maria, você me perturba. Eu não sou o que você quer que eu seja! Se não está bom, foda-se. Eu não vou mudar nada pra poder agradar você. Minha ex não fazia isso.

- É sempre ela. Ela não fazia, né? Você me contou que ela deu uma facada! – Falou alto e eu pude observar as pessoas ao redor olharem assustadas.

- Dá pra você calar essa boca? – Belisquei sua perna e ela ao menos se moveu. Eu tinha algum tipo de carma com mulheres sádicas. – E isso foi um momento de fraqueza. E ela nem é minha ex de verdade.

- Você é um inferno, sabia? – Chegou perto do meu rosto e me deu um selinho. – Eu aceito sair com você essa noite depois do meu evento, o que você acha? – E eu apenas confirmei com a cabeça e um sorriso amarelo.

Eu queria sair, beber o quanto fosse necessário e tentar me preparar para que pudesse encontrar Eve e não desmoronar, ou, sabe-se Deus o que eu faria quando olhasse pra ela de novo.

Cheguei a Londres por volta das 14h da tarde e Maria já havia me deixado só para fazer o que ela estava planejando com relação ao trabalho. Alguns fotógrafos estavam em frente ao hotel onde estávamos hospedadas e eu fiz o possível para despista-los. Não seria tão bom saber que minha cara estaria estampada em todos os sites.

Estava procurando algumas informações sobre Eve na internet e descobri alguns lugares que ela frequentava, pretendendo ir até eles. Seria fácil encontrar o local onde ela estava morando atualmente, mas a conhecendo bem, sei que ela faria um carnaval se eu invadisse o apartamento dela. Revirei os olhos ao me lembrar.

Um dos locais onde ela costumava frequentar era um dos bares que eu já havia pesquisado sobre quando ainda estava atrás de respostas antes de Konstantin me dar a certeza de que ela estava realmente viva.

Mandei algumas mensagens para Maria falando sobre onde iriamos após o evento e ela concordou, com a mesma animação insuportável de sempre. Agora a minha tarefa era estar pronta para o que eu poderia casualmente encontrar. Talvez não tão casualmente assim, mas eu tentaria não lembrar que foi meio premeditado para que nada desse errado.

Coloquei uma calça preta, blusa branca e um blazer de um único botão. Deixei o mesmo fechado e meu cabelo em um coque firme. Meu perfume era ótimo, eu podia senti-lo de longe, e talvez também as pessoas. Esperava que chegasse a quem eu realmente esperava.

O evento foi uma chatice, como sempre. Eu fiquei de longe, porem onde ela poderia ter visão de mim, para evitar desconfortos mais tarde. Alguns longos minutos após o termino do desfile, Maria veio em minha direção para que finalmente saíssemos de lá.

Fomos até o pub que eu havia falado sobre. Havia uma fila para que entrássemos, mas como era ela quem estava ali comigo, nos deram pulseiras diferentes e entramos com rapidez. Era um local grande e bonito, havia dois andares. Um andar com mesas e sofás, com uma musica animada mas não tão alta tocando ao fundo, e no de baixo uma pista um pouco escura com musicas mais altas e batidas mais fortes.

- Eu gostei daqui. – Ela me falou assim que sentamos sobre um dos sofás em uma parte um pouco mais alta das mesas restantes, e alguns amigos dela se aproximaram, o que me irritava um pouco, mas assim seria mais fácil de eu sair dali por um tempo.

- Sim, eu imaginei que você fosse gostar. – Sorri e continuei olhando todo o ambiente. Estava a procura de uma única pessoa.

- Ei, você está desatenta demais, o que aconteceu? – Eu a encarei e para evitar a resposta, apenas a beijei de maneira ardida e quente. – Hm. – Continuei com meu rosto colado ao dela. – Tudo bem, não vou insistir por resposta. – Me soltou e debruçou até a mesa onde estavam algumas garrafas de bebida, pegando um copo de whiskey com gelo para ambas de nós. – Quer sair daqui? Podíamos ir na parte de baixo.

E eu apenas a carreguei pra lá. Sua mão entrelaçou a minha e descemos as escadas. Quando cheguei na pista, ela me ofereceu um doce, e eu pensei em negar, mas estava tão nervosa que não pude, quando vi já havia tomado.

Não demorou muito para que aquilo fizesse o efeito, e eu ainda não conseguia parar de olhar ao redor de tudo. Encostei Maria em uma parede e beijei-a novamente, sentindo suas mãos pressionarem minha cintura com força. Eu precisava sair dali, mas não conseguia raciocinar corretamente.

- Para. – Segurei o pescoço dela com uma das mãos, fazendo um pouco de força. Ela apenas me encarou e riu.  – Vamos sentar um pouco. – E me virei, segurando agora suas mãos com força antes de fazer alguma besteira, olhando em direção ao bar.

Assim que encarei a bancada, vi uma mulher alta, os cabelos soltos e ondulados. Ela estava sentada em um dos bancos altos com o corpo de lado. Eu sabia que era ela, mas não tinha tanta certeza. Talvez fosse o efeito da droga e da bebida falando mais alto.

Eu paralisei na metade do caminho, Maria apenas ficou ao meu lado tentando entender o que estava acontecendo, e assim que a mulher percebeu que alguém a encarava, levantou com pressa e saiu andando. E foi ai que eu tive a certeza que era ela.

Era Eve.

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