glitter and gold

Hate Sex.

Villanelle POV.

Observar Eve ir embora me causou um misto de sensações que eu jamais saberia descrever naquele momento, e sabe-se Deus se eu saberia realmente descreve-los um dia. Eu havia sentindo o que ela era por praticamente um todo, e em poucos minutos. Minha cabeça só conseguia pensar na necessidade de prolongar aquilo por horas, dias, anos...

- Eu não acredito que você está fazendo isso comigo! – Maria observou Eve entrar no taxi e me empurrou contra a parede. – Você me disse que ela estava morta! Não estou acreditando que isso está acontecendo. Você me deixou sozinha pra isso? – Exclamou.

- Maria, eu não devo explicações da minha vida ao menos para os meus chefes, quem dirá deveria a você. - Respondi, e foi o suficiente para a ira que ela carregava se mostrar presente.

Eu senti sua mão no meu rosto, em um tapa ardido. Ambas estávamos alcoolizadas e drogadas, eu ainda estava perdida nos momentos passados com Eve, e demorei em raciocinar que aquilo estava realmente acontecendo.

Isso já havia me cansado mais do que nunca, eu não aguentava mais mentir para o meu próprio eu com relação as coisas que eu sentia, além de que arrasta-la na minha rotina estava me dando mais nervoso do que prazer de permanecer ali. E agora que eu já tinha plena certeza de que Eve estava realmente viva, continuar com a mentira que eu mesma inventei na minha cabeça era totalmente inútil.

- Você me deixou sozinha! – Maria continuou gritando comigo, empurrando meus ombros contra a parede. – Me deixou sozinha pra sair por ai e beijar a vadia da sua ex que você dizia estar morta!

Aquelas palavras me acionaram um gatilho imediato para que eu fizesse o que já estava prestes a acontecer faz muito tempo. Eu não admitiria mais.

Minhas mãos instantaneamente seguraram o pescoço de Maria, empurrando-a contra o outro lado, prendendo-a na parede e levantando-a cada vez mais, com extrema força. Eu podia ver seus olhos enormes e arregalados pedirem por socorro, mas eu não queria parar, o meu ódio me consumia.

- Nunca, jamais, em toda a sua inútil existência fale assim da Eve. – Ela tossiu e pediu para que eu soltasse. – Você já me irritou o suficiente. Não admito que encoste um dedo em mim, mas não admito ainda mais que fale dessa forma sobre ela.

- V... Você está me machucando! – Escutei sua voz falhada pedir por socorro, mas não por desculpas, o que só me fez permanecer extremamente irritada.

O que mais me ocorria no momento era o ódio, a vontade de vê-la implorar pela vida, implorar por mim, implorar por perdão. Mas ela não o fez. Ali ela permaneceu, suas mãos seguravam as minhas e eu respirava fundo e pesado. O tesão por estar praticamente matando-a, me vingando por não estar com Eve, por não estar em paz e por ter escutado aquelas palavras era a única coisa que me vinha em mente.

Eu pude vê-la fechar os olhos lentamente, perdendo quase a inteira consciência, e foi ai que resolvi solta-la e segurei-a sobre meus braços, esperando que ela respirasse. E assim ela o fez, segurando meu rosto com uma de suas mãos e encarando meus olhos, minha pupila extremamente dilatada, o meu desejo de poder e soberania sobre ela ali.

Eu era toxica, eu era poderosa, eu era muito, mas ela gostava.

- Você quase me matou. – E eu a soltei na mesma hora, observando-a tossir ao tentar respirar e procurando a parede para manter-se em pé.

- Não quero mais saber de você. – Respondi, indo em direção a rua atrás de um taxi. – Não me procure, a não ser que você queira acabar com a sua vida de uma vez por todas.  – E ali eu a deixei.

Parte de mim não ligava, parte de mim se arrependia por não tê-la matado, parte de mim pedia para que eu nunca mais fizesse aquilo. Eu não sabia mais o que fazer com tudo que sentia por dentro, e a única certeza que eu tinha momentaneamente eram que eu precisava e queria muito mais do que eu tive o prestigio de obter de Eve naqueles poucos momentos.