Capítulo 3

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Elisa

A semana com o meu pipolho foi maravilhosa, ele está cada dia mais esperto e mais inteligente, é o meu orgulho. Mas como hoje é segunda-feira, acabou a folga, hora de voltar a todo vapor para o trabalho. Dou uma última olhada em meu look do dia e acho que não errei na escolha, coloquei um vestido vinho que fica justo ao meu corpo e para completar um scapin branco, hoje será um dia lotado e importante, se tudo der certo fecharemos o contrato com os ingleses para abrir uma filial de nossa loja na Inglaterra.

Confesso que quando soube dessa proposta fiquei com muito medo e nervosa, principalmente pela possibilidade de voltar a encontrar pessoas que me magoaram muito, mas depois de muito refletir cheguei a conclusão que a vítima sou eu, e não posso deixar que me transformem na vilã, e muito menos que dirijam a minha vida.

Saio de meu quarto, desço as escadas e vejo Dylan me esperando para deixa-lo na escola, faço questão de ir deixa-lo todos os dias, apesar de trabalhar muito não quero me tornar uma mão ausente por causa disso. Assim que me vê, o pequeno corre até mim, me dando um abraço muito apertado, Dylan sempre foi uma criança muito carinhosa com todos.

- Você está muito linda mama.

Ele diz quando sai de meus braços.

- E você também baixinho. Vamos?

Lhe pergunto já pegando em sua mãozinha tão fofa e macia.

- Vamos!

Ele diz e me acompanha.

Deixei meu filho em sua escolinha e segui para minha empresa, hoje seria a reunião com os investidores ingleses. Chego na Napolitanos, esse foi o nome que dei para a minha empresa, assim que saio do elevador vejo minha secretária, a senhora Judith, ela é uma mulher em seus quarenta e sete anos extremamente competente que possui uma história de vida um pouco triste, mas isso não vem ao caso agora. Ela assim que me vê abre um sorriso e dá um imenso bom dia, explicitando toda a sua simpatia.

- Bom dia Eliza!

Ela me diz com seu sorriso corriqueiro.

- Bom dia dona Judith!

Digo passando direto para a minha sala, hoje talvez assinaremos o contrato com os ingleses e eu terei que voltar para o meu país, não sei se estou preparada para pisar naquelas terras novamente.

Ao entrar na minha sala vejo alguém de costas, olhando pela grande parede de vidro do meu escritório que fornece uma vista maravilhosa de Nova Iorque, ele é um homem alto, musculoso, tem porte viril e tem uma bunda que fica magnificamente bem marcada na sua calça social preta. Que bunda linda! Que vontade de morder ela! De apalpar! Apertar! Penso comigo. Ele está com uma blusa gola pólo branca que realça os seus braços muito grossos, com a calça social preta e com as mãos nos bolsos, ficando em uma pose sensual, mostrando o quanto ele é gostoso. Que bela visão para se começar bem o dia Senhor! Penso ainda olhando para sua bunda e subindo os olhos para os seus braços musculosos.

Eu não deveria está tendo esses pensamentos com alguém que ainda nem conheço e que ainda está de costas para mim, mas como impedir se a criatura é uma verdadeira perdição de costas, imagina de frente. Mas quem será essa criatura? Por que a Dona Judith não me disse nada?

- Bom Dia!

Digo apreensiva para o homem a minha frente, quando falo ele se vira calmamente, me fazendo não acreditar no que eu estava vendo. Não é possível. É ele.

Fico por um tempo olhando para aquele homem, o homem que domina os meus pensamentos e o meu coração desde os meus quinze anos, o homem que foi a minha primeira paixão de adolescente e que se tornou ao longo dos anos o amor da minha vida, um amor que eu tentei durante os últimos três anos arrancar do meu coração mas que não consegui.

- Oi Eliza.

Ele diz e fica um tempo me olhando, instantes depois completa. – Você está linda!

Eu estou petrificada, tanto pela surpresa de reencontrá-lo sem estar esperando quanto pelo turbilhão de sentimentos que está me envolvendo nesse momento, por isso não consigo falar nada. Fico apenas o olhando, e vejo que o tempo apenas favoreceu ainda mais a sua beleza, está com uma barba um pouco espessa, os músculos maiores e no canto de cada um de seus olhos há pequenas marcas de expressão, marcas essas que não afetam em nada a sua beleza e a sua imponência.

Mas apesar disso, seu olhar continua o mesmo, profundo e azul como o oceano, doce como uma calda de morango e quente como os raios solares, o mesmo olhar que me afoga e me salva todas as noites, o mesmo olhar que me guiou e me destruiu, o mesmo olhar que me arrancou a alma e roubou todos os meus pensamentos nos últimos anos, tendo para si a posse de todo o meu amor.

Eu não sei o que dizer. Por isso fico ali parada, inerte e sufocada pela situação, sufocada pelos próprios sentimentos. O que se diz quando você reencontra o seu amor de adolescência, aquele que foi um dos algozes da maior dor da sua vida? Eu opto pelo silêncio, não por vontade própria, e sim pela total falta de domínio sobre mim. Enquanto fico aqui envolvida com os meus pensamentos, ele está na minha frente, me sufocando com o seu olhar penetrante.

- Eliza.

Ele diz calmo e baixo pegando e apertando gentilmente a minha mão, fazendo com que um choque elétrico corresse por meu corpo, me dando novamente a posse de mim.

- Me desculpe Capitão.

Eu digo desgrudando nossas mãos e me virando de costas para ele, para poder voltar a respirar, eu não estava conseguindo ao menos respirar direito com o cheiro desse homem inebriando as minhas narinas.

– É. Eu não espera. Eu realmente pensei que nunca mais ve... Veria mais ninguém.

Falo e me viro, deparando-me novamente com seus lindos olhos azuis e com a sua boca tão próxima de mim. Próxima o suficiente para me fazer sentir o seu hálito que tem um cheiro de hortelã misturado com wisque, me fazendo tropeçar nas palavras e esquecer por um segundo o que iria dizer, querendo e implorando em silêncio por um beijo.

- Eu jamais me perdoaria se não visse seus olhos novamente.

Ele diz ficando ainda mais próximo de mim.

- Pra me condenar?

Pergunto com a respiração desordenada e com o corpo em combustão por ter ele tão perto de mim mas ao mesmo tempo em alerta, pelo fato de ainda não ter esquecido de suas duras palavras quando nos vimos pela última vez na casa de meus pais.

- Pra te amar.

Um Amor Ameaçado Pelo ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora