Capítulo 2

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Elisa

Malibu é lindo e me traz muita paz, as praias são desertas e tenho privacidade total, sem investidores me perseguindo ou sócios pegando no meu pé, quando cheguei em Nova Iorque, me hospedei na pensão que aquela senhora do vestido florido me indicou e nela conheci a Dona Rosa, uma senhora muito simpática que me ajudou a conseguir um emprego de garçonete em um pequeno restaurante no subúrbio de Nova Iorque, um certo dia quando eu cheguei para o trabalho o meu chefe o senhor Heitor, chamou os funcionários e disse que iria fechar o restaurante, já que quase não ía mais clientes e ele não tinha mais idade de começar de novo outro negócio.

Eu não podia ficar sem aquele emprego, afinal como eu iria me sustentar e pagar a pensão, foi então que me lembrei que quando eu era pequena a minha falecida avó Emma me ensinou a fazer chocolate caseiro. Então pensei: quem é que não ama chocolate? Todo mundo ama. E se nós fizéssemos desse restaurante um local destinado apenas para chocolate? Eu dei a ideia para o senhor Heitor, ele riu da minha cara, só ele não, todos os meus colegas de trabalho também, mas eu não desisti, afinal ele estava quase falido, não custava nada tentar.

E assim foi feito, nós começamos apenas vendendo pouco, depois aumentamos nossa produção, e aquele pequeno restaurante se transformou em uma das maiores distribuidoras de chocolates dos Estados Unidos, tendo também algumas filiais em outros países como a França e a Itália, mas o foco são os americanos por enquanto já que eles são os nossos maiores consumidores, e também porque a nossa empresa apesar do sucesso está apenas com três anos no mercado, e não quero dar uma passada maior que a perna, nesses últimos tempos trabalhei como uma condenada para erguer ela e fazer dela o que ela é hoje, mas não me arrependo.

Mas não se trata apenas de vender chocolates, eu quero que quando meus clientes entres nas minhas lojas eles se sintam em outro mundo, as lojas são completamente revestidas de chocolate, desde as prateleiras às cadeiras, há artistas que fazem seus shows, filmes rodando, espaço para descansar, ouvir música, playground para as crianças brincarem enquanto se deliciam com todos os tipos de chocolate, dos mais diversos sabores, tem que ser o mais mágico possível.

Seu Heitor que era o meu sócio faleceu a dois meses, deixando seu neto Scott no lugar, a Dona Rosa veio morar comigo, ela não tem filhos, não família, não tem ninguém, então como ela se tornou minha segunda mãe sempre me ajudando, me dando colo.

Desde aquele dia eu mudei. Não apenas a minha aparência. Minha personalidade também, me tornei mais forte e mais resistente a dor, luto todos os dias para não mudar a minha essência e não deixar que a dor que sofri naquele dia me transforme em uma pessoa fria, amarga e rancorosa, eu não quero e não vou ser assim. Para mim e para as pessoas ao meu redor eu quero apenas amor, paz e principalmente respeito.

Depois de quase três anos trabalhando sem folga, nesse mês resolvi tirar uma semana só para mim, sem me preocupar com os problemas da empresa ou com qualquer tipo de coisa, por isso estou aqui em Malibu curtindo essa praia deliciosa e esse sol maravilhoso, o Scott ficou no comendo da empresa, em pouco tempo nos tornamos grandes amigos, ele é um cara super bacana, de caráter ímpar e que confio plenamente.

Agora estou aqui sentada na areia assistindo o meu pequeno Dylan brincar na areia com o Pepe. Não vocês não leram errado. Tenho um filho. Mas calma. Ele não é biológico, eu o adotei há um ano e meio, e Pepe é o nosso cachorro, um vira lata muito sapeca e lindo, de penugem bege e marrom.

Eu conheci o Dylan em um dos almoços beneficentes que a Tia Rosa fazia em um orfanato em Nova Iorque, eu sempre a acompanhava e vi ele sentado de cabeça baixa em um canto próximo da escada, seu semblante era de tristeza, e desde esse momento que o vi pela primeira vez senti uma conexão instantânea, ele tinha apenas dois anos na época, hoje ele já tem cinco e é muito inteligente e esperto, além de muito carinhoso. Nesse tempo eu não podia adotá-lo porque além de ainda ser menor de idade, não tinha estrutura financeira nenhuma, mas fomos construindo uma amizade linda e quando meu negócio começou a dar certo fiz de tudo para tê-lo junto comigo e graças a Deus deu certo.

Um Amor Ameaçado Pelo ÓdioWhere stories live. Discover now