delicate

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Café da manhã sempre foi a minha refeição preferida do dia. A de meu avô também. Sempre que nós dois nos juntávamos na cozinha para prepararmos juntos a comida pela manhã eu sabia que meu dia seria bom.

E hoje, mais do que nunca, teria que ser um dia maravilhoso.

Acabei recebendo um e-mail no fim da tarde de ontem que despertou todas as minhas ansiedades escondidas. Uma das empresas as quais entrei em contato para pode estagiar me respondeu. Foi a única até agora, e felizmente consegui com ajuda da faculdade. A entrevista foi marcada para hoje a tarde, então eu mal tive tempo para me preparar psicologicamente pra esse acontecimento. Meus pais já haviam voltado para casa, mas me mandaram mensagens lindas quando ficaram sabendo da notícia.

Em um ano eu já estarei formada, e eu sempre acreditei que esse dia nunca chegaria. Me pareceu tão distante a ideia de me formar que eu vivi com esse pensamento desde o dia em que entrei na faculdade. Entretanto, eu já conseguia enxergar a luz no fim do túnel, e isso era mais do que glorificante para mim.

Com a mudança e transferência de local, eu não terei aulas todos os dias, o que é ótimo, já que ganho dias livres para poder me ocupar com outros compromissos. Ontem de manhã foi a minha primeira aula na Columbia. Não considerei muito diferente de como era no Brasil, apenas mais pessoas na sala e, como de costume, cada um preocupado com o seu próprio desempenho acadêmico.

Desejei que Dana também estudasse jornalismo na Universidade junto comigo. Talvez ter a companhia dela lá seria especial e eu me sentiria mais confortável em estar naquele ambiente novo e cheio de pessoas desconhecidas.

Minha aula começaria em uma hora e meu avô já havia terminado de fazer as panquecas e eu de cortar as frutas para a salada de minha avó. Voltei para o apartamento deles após terminar o fim de semana no de Timothée. Ficar com ele durante aquela semana foi incrível, mas ambos precisávamos voltar para a realidade e as obrigações diárias.

- Aurora, pode chamar sua avó, por favor? – meu avô pediu, após preparar o prato da esposa e deixar no aguardo em cima da mesa.

Passei a tarde toda ontem com minha minha avó no médico. Ela está melhor, no entanto, sua imunidade nunca esteve tão baixa. Nós iríamos tentar aumentar com alimentos naturais e exercícios diários, apesar das suas dores nas costas. Pelo menos, no meio desse caos todo, seus cabelos e unhas estavam voltando a crescer. Era tudo o que ela mais havia pedido depois de se esconder nos lenços e bonés de vovô por meses.

Nós três fizemos a refeição juntos enquanto ela me lembrava de tudo o que provavelmente iriam me perguntar na entrevista hoje a tarde, depois da minha última aula. Eu estava nervosa, não iria mentir. Eu precisava desse emprego e queria me estabilizar e agilizar as coisas logo para poder continuar com o andamento da minha futura profissão.

Timothée se ofereceu me levar para a entrevista e antes disso propôs um almoço de boa sorte. Eu achei fofo e romântico, mas ainda não havia lhe dado uma resposta final. Eu não queria ficar nervosa lá na hora e, estar com ele em lugares públicos, paz seria a última coisa que teríamos.

O Halloween aconteceria em três dias e eu ainda não havia pensado ou decidido qual fantasia usar para a festa em que iríamos. Minha cabeça estava a mil desde que a semana começou e eu mal tive tempo para pensar em algo que fosse divertido e elegante ao mesmo tempo. Essa festa terá apenas pessoas famosas e amigos de Timmy, eu não quero estar abaixo daquelas pessoas, por mais que houvesse uma grande diferença entre nós. No entanto, não era assim que eu enxergava as coisas.

Meu avô puxou um assunto direcionado para mim e a entrevista que eu farei mais tarde. Não é a minha primeira vez, eu já havia trabalhado na minha área um tempo antes de vir para Nova York, só que agora seria diferente. Um outro país, outro idioma, outras pessoas...

west village T. CHALAMETWhere stories live. Discover now