Capítulo 9 - Ethan

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Uma semana havia se passado. Uma semana desde que Violet insinuara que eu iria a atacar de alguma forma. A pior humilhação e ofensa da minha vida.

Eu sabia que ela não tinha uma boa ideia sobre mim depois de tudo o que fiz e nem podia culpá-la por isso. Eu já dei muitos motivos para ela esperar o pior de mim. Mas jamais seria capaz de atacar uma mulher, a estuprar, por mais raiva que eu tivesse. Principalmente, se essa mulher fosse a única que já tivesse me despertado algo de bom, que tivesse me feito querer ser alguém melhor. A única que conseguiu me fazer desistir da vingança, quando nem minha mãe conseguira.

Era verdade que eu tinha voltado atrás e retomado a ideia de fazer justiça, mas não foi por capricho ou mera vontade minha. Surgiram fatos novos que me trouxeram a isso. Fatos estes que eu não podia ignorar, pois envolviam muito mais que uma simples vingança, de modo que tive que retomar tudo e engolir o meu orgulho. Tive que passar por cima da promessa que fiz de esquecer Violet para deixá-la viver a vida dela em paz, com pessoas que a amavam e cuidavam dela de verdade. Precisei ser egoísta outra vez e agora estava sofrendo as consequências disso.

Violet pensava que eu tinha voltado para atormentá-la, mas não era verdade, porque quem mais sofria, vendo-a todos os dias sem poder tocá-la, era eu. Eu quem não podia conversar com ela abertamente, com medo das pessoas desconfiarem; eu quem não podia beijá-la e desfrutar daquela pele e lábios macios, como tinha vontade. Ela não imaginava o quanto sua presença me enlouquecia e desestabilizava. Se soubesse, eu estaria perdido e talvez ela quem estivesse com pena de mim.

No dia seguinte a briga que tivemos, levantei para trabalhar desanimado. Brinquei um pouco com Jamie após o café da manhã, mas logo tive que ir trabalhar. Deixei-o com Mary, como fazia todos os dias, e, apesar de chateado, não pude me impedir de desejar ver Violet. Porém, não foi isso que aconteceu.

Ao que tudo indicava, ela não nutria a mesma vontade que eu, pois ficou escondida dentro da mansão durante todo o dia. Pelo o que Mary havia me dito, nem sequer saiu do quarto, o que despertou minha curiosidade, já que também fiquei sabendo que ela havia adquirido um resfriado, devido ao fato de ter se molhado e ficado encharcada com a água da chuva.

Mas eu só percebi sua aversão por mim de verdade, assim que uma semana se passou e nós não havíamos sequer nos encarado. Eu a via quando ela saía para estudar, e, poucas vezes, quando voltava para casa à noite. Em nenhuma delas, ela estava sozinha. Sempre estava acompanhada, o que me impedia de chegar perto dela e conversar um pouco, por mais que soubesse que a melhor opção era permanecer longe, na minha, para não atrapalhar a vida dela.

Quase morri de tanta agonia quando o playboy a visitou, dois dias após o episódio da boate. Pelo o que fiquei sabendo, ele descobriu que ela estava doente e foi visitá-la, pois estava preocupado. Senti vontade de esganá-lo por estar perto dela enquanto eu não podia, mas me contive.

Ficar longe dela me matava aos poucos, o que vinha acontecendo desde que a mandei embora. Tive que me acostumar com a ausência dela e isso quase me afundou. Fiquei dias triste, bebendo muito e comendo pouco, tentando fazer parar a agonia que me massacrava. Só consegui reagir por Jamie, depois de Jake ter jogado um monte de verdades na minha cara, para que eu acordasse e retomasse minhas forças, que haviam se esvaído com a morte da minha mãe e, de certa forma, a perda de Violet.

Ter que tomar conta de Jamie sozinho foi outro desafio. Sempre fui uma pessoa independente e, consequentemente, muito solitária também. Mas eu gostava disso. Gostava de ficar sozinho, pois dessa forma não sofria. Só que ao perder minha mãe, tive que assumir a responsabilidade de criá-lo, mesmo sem ter nenhuma ideia de como educar uma criança. E, quando Violet partiu, esse desafio só piorou, já que ela lidava com ele melhor do que eu. Ela era mais delicada e sentimental, e os dois se entendiam melhor. Eu era impulsivo e impaciente, não sabia agir direito perto dele. Não conseguia dar a atenção que ele precisava.

Libertada (Duologia Raptada #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora