Capítulo 15 - Ethan

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Depois de trabalhar exaustivamente durante todo o sábado para aprontar aquele jantar idiota, finalmente tive a minha esperada folga no domingo. Mas o fato de ter trabalhado por vários dias sem descansar devidamente não foi o principal motivo de eu estar tão estressado. O verdadeiro fator desencadeador do meu mau-humor tinha nome e sobrenome e olhos tão lindos, que eram capazes de enfeitiçar até mesmo o mais forte dos homens.

Não consegui ver Violet em nenhum momento do dia e isso me deixou ainda mais fora de mim. Estava de saco cheio, quase invadindo seu quarto novamente só para vê-la, mas seria arriscado demais, tendo em vista que a casa estava cheia de gente e Robert Baker tinha contratado ainda mais seguranças para cobrirem aquele evento. Eu não podia ser pego entrando no quarto da filha do meu patrão, e ainda mais sendo pela varanda! É arriscado demais até nos dias normais, quando há bem menos funcionários trabalhando, quanto mais num dia tão movimentado como ontem.

Escutei um barulho vindo de fora do meu quarto e logo fiquei alerta.

Joguei o lençol que cobria meu corpo seminu para o lado e, sem me preocupar por estar vestindo apenas uma cueca samba-canção azul marinho, saí do quarto tentando identificar de onde veio o barulho. Se as minhas suspeitas estivessem corretas, certo rapazinho de sete anos e meio tinha algo a ver com isso.

Quando cheguei à cozinha, constatei o que já desconfiava. Jamie estava em pé sobre uma cadeira, tentando pegar algo no armário que ficava em cima da pia enquanto alguma coisa esquentava no micro-ondas. Olhei para a mesa e percebi que havia várias coisas sobre ela.

Tudo era uma completa bagunça. Provavelmente, ele estava com fome e quis preparar o seu café da manhã. Aproveitei que ele ainda não tinha percebido a minha presença e cheguei por trás dele, puxando a cadeira que o sustentava ao mesmo tempo em que passei um braço ao redor da sua cintura, evitando que ele caísse no chão e se machucasse.

— O que o pirralho pensa que está fazendo? — Ele gritou, assustado, ao mesmo tempo em que tentou se segurar em mim para não cair. Quando percebeu que estava seguro, procurou se livrar do meu agarre e só parou de se sacudir quando o coloquei no chão.

— Por que fez isso, seu cabeça de meleca?! — reclamou, me olhando furioso.

— Do que me chamou?

Fiz minha expressão mais assustadora, mas o pestinha nem mesmo piscou os olhos, sem um pingo de medo.

— Eu estava tentando pegar o cereal pra eu comer. Você parece a bela adormecida e não queria acordar! Já tá quase na hora do almoço, sabia? — acusou, ignorando minha pergunta.

Garoto esperto.

— Você devia ter me chamado. Já disse pra não subir nessas cadeiras. Quando precisar de ajuda, é só me chamar. Percebeu como seria ruim, caso o que fiz agora a pouco fosse real? Precisa me obedecer, Jamie, para o seu próprio bem. Não suba mais nessas coisas, pois pode cair e quebrar alguma parte do corpo, ou algo bem pior pode acontecer.

Ele revirou os olhos, indo até o micro-ondas tirar a tigela com leite quente lá de dentro.

Teimoso.

— Eu chamei, mas você não parava de roncar!

— Roncar? Eu não ronco!

— Ronca, sim! Parecia um porco com pneumolia! Orrrrrnc, orrrrrnc — fez um som semelhante ao de um ronco e caí na gargalhada.

Pneumolia? O que é isso? — indaguei, mesmo entendendo o que ele queria dizer.

— Ah, você sabe! Quando a pessoa tá doente, aí tem que tomar aquele negocinho com a máscara pra poder respirar melhor porque fica parecendo um porco engasgado sem ar... — Deu de ombros, já seguindo para a mesa.

Libertada (Duologia Raptada #2)Where stories live. Discover now