Saudade

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E lá estava ele sentado na escada com seu violão velho dedilhando algumas notas conhecidas. Perdi a conta de quantas vezes tive o privilégio de ouvi-las bem próximas ao meu ouvido, principalmente nas noites frias de inverno. Eram como se aquecessem nosso pequeno espaço. Nunca imaginei que sentiria tanta falta assim, só percebi quando pude ouvir novamente. O passado me envolveu e a saudade apertava meu peito. Ele não percebeu o meu chegar - assim supus - e permaneceu com sua melodia e eu escondida no corredor apenas querendo que o tempo parasse ou ao menos voltasse para o último dia em que estivemos juntos. Como gostaria de não lhe ter dito todas aquelas palavras. Ainda consigo ver a tristeza e decepção crescendo em seus olhos. Sou uma pessoa de pouca sensibilidade para certas coisas e ele é totalmente o meu oposto. Sou a razão e ele o coração. Sou os pés fincados no chão e ele é a cabeça nas nuvens. Podem imaginar como foi complicado para nós vivermos juntos. Impossível. Até que durou um bom tempo e então completamente sufocada tive de terminar com tudo. Não pensem que não o amava isso é uma completa mentira, amava demais, mas acima de tudo me amava em primeiro plano. Não foi fácil viver longe dele e também não foi impossível. Ele também seguiu muito bem longe de mim. Conseguimos avançar em nossos objetivos separados, algo que juntos nunca aconteceu.

Ele me ligou dias atrás depois de um longo período sem nos falar. Desejava me ver. Também queria muito vê-lo. E aqui estava ele, esperando nas escadarias antigas do meu prédio esperando eu chegar de mais um dia de trabalho. Moro no último andar, praticamente isolada já que o meu apartamento é o único ocupado. Os andares debaixo também estão praticamente vazios o senhorio está totalmente em pânico com a falta de procura por essas bandas, eu mesmo permaneço onde estou por conta do valor baixo do aluguel. E ali com o olhar pelas frestas sentia que não tinha sido uma boa ideia esse encontro.

Meu corpo ansiava pelo dele e o medo de ser repelida me dominava. Não sei se saberia lidar com uma rejeição. Mas que diabos estou falando! Nem sei o motivo dele estar aqui e eu querendo, não, desejando estar agarrada ao seu corpo, encaixada em seu colo como antes. A música parou. Meu coração batia alto e em descompasso.

- Lembra-se dessa música? - a voz dele ecoou baixa e macia exatamente como eu lembrava

- Nunca poderia esquecer! - respondi ainda do meu esconderijo.

- Venha até aqui! Deixe-me ver seu rosto.

- Talvez você não goste do irá ver.

- Impossível.

- Irei só se você tocar aquela música de quando nos conhecemos.

- Ok. Uma troca justa.

Com a cabeça encostada na parede descascada escutava ele ajeitando o violão em seu colo. Aquele colo quente acolhedor de outrora. Sua respiração mudando. Aquela que muitas vezes me levou à loucura quando perto dos meus ouvidos. Seus dedos dedilhando as cordas do instrumento como dedilhavam suavemente meu corpo me deixando enlouquecida de prazer. Fechei meus olhos e a melodia me preenchia da mesma forma como os beijos dele me envolviam até eu encontrar o máximo do meu prazer. Logo a música acabou. Era a minha vez de sair e mostrar todo o meu remorso por ter lhe perdido. Hesitei ainda alguns instantes. Limpei pequenas lágrimas acumuladas no canto dos meus olhos. Ergui a cabeça e fui até sua direção.

O violão ainda estava sobre seu corpo esguio. Ele é um homem alto, se bem que perto de mim qualquer homem é considerado alto. Os cabelos estavam diferentes. Quando estivemos juntos usava mais cumpridos, agora estavam cortados - lindamente cortados - e suas roupas, quanto progresso. Os anos lhe fizera muito bem. Seus olhos me encaravam, aqueles olhos azuis esverdeados que sempre desvendaram meus mistérios estavam fazendo isso novamente. Percebi que também estavam marejados. Dois passos nos separavam. Ele ainda sentado nas escadarias colocou o vilão de lado e estendeu sua mão. Meus dedos tocaram sutilmente as pontas dos dele. Senti choques percorrendo todo o meu corpo. Pude perceber que no dele também. Ele se movimentou rápido. Quando percebi sentia seu rosto acomodado em minha barriga. Ele murmurou alguma coisa que a emoção daquele momento não deixou que eu entendesse. Apenas enterrei meus dedos em suas madeixas aloiradas. Acariciei aqueles cabelos como se aquilo fosse à última coisa que faria nessa vida. Seus braços envolviam minha cintura. Nossos sentimentos estavam expostos, ambos sabíamos que não havia esquecimento. Nossos olhares se cruzaram e foi aí que ocupei o lugar em que o violão estava. Minhas pernas não tocavam no chão. Nossas testas comprimidas uma contra a outra. Respiração entrando em sintonia. E seus lábios doces tocando o amargo do meu.

Não demorou muito para que a língua dele pedisse passagem e invadisse minha boca. Já beijei muito homens em toda minha vida, mas o beijo dele era incomparável. Um beijo traiçoeiro que começa sem pretensão e evoluiu para algo indescritível capaz de te deixar anestesiada. E era dessa forma que estava ficando ali em seus braços. Precisei mudar de posição. Queria sentir melhor o seu corpo. Não teria tempo de irmos para meu apartamento. Sentei de frente em seu colo e senti toda a sua excitação. A minha já estava encharcando minha calcinha. Ele levantou a saia do meu vestido permitindo assim uma melhor acomodação. Suas mãos envolviam minha bunda com leves apertões. Eu o beijava já sem controle e rebolava em seu colo como uma adolescente tomada pelo perigo. Abri o botão de sua calça jeans e logo em seguida desci seu zíper. Precisava sentir seu pau na minha mão. Melhor, precisava ter ele novamente dentro da minha boca. Esquecendo totalmente de onde estava e apenas querendo saciar meu desejo escorreguei por entre suas pernas abaixando suas calças, umedeci meus lábios e chupei seu pau como se fosse a primeira vez que fazia aquilo. Mas não era. Estava melhor nesse quesito e ele percebeu. Escutei seu gemido e senti suas mãos apertando com força meus cabelos cacheados. Aquilo foi um impulso para que continuasse. Lambi suas bolas e voltei à atenção para seu pau latente. Minhas mãos ajudavam como o movimento de vai e vem enquanto minha língua brincava com a cabeça de seu pênis. Suguei mais fundo algumas vezes até que ele me puxou para cima e invadiu com sua língua novamente a minha boca. Ele era rápido. Sabia me distrair e com isso não senti seus dedos afastarem minha calcinha ensopada e seu pau entrar completamente em minha boceta. Dessa vez fui eu quem gemeu alto. Olhando dentro de seus olhos me movimentava em seu colo. Ele ajudava empurrando e afastando minha bunda. Eu dançava para ele. Ele mordia meus lábios. Fomos ficando cada vez mais rápidos. Mas ardentes. E totalmente sem vergonhas. O calor me tomou e retirei meu vestido. Estava nua em seu colo. Seus olhos brilhavam. Agarrou meus seios e brincou com seus dentes dando mordisquinhos no meu mamilo. Eu não conseguia parar de me mexer. As lembranças de como era bom fazer sexo com ele voltavam a cada movimento com mais força. Minha secreção descia por suas pernas deixando rastros. Em breve gozaria. Ele apertava com força meus mamilos e eu arranhava suas costas. E de novo ele fez um movimento rápido. Já não estava mais encaixada em seu colo. Estava agora de pé apoiada no corrimão da escada e ele metendo por trás. Um tapa seco foi dado em um lado de minha bunda. Empinei mais e ele conseguiu entrar completamente. Uma mão ainda brincava com meu seio e a outra cheia de dedos invadia minha boceta melada. Estava sendo preenchia por completo. Agarrava com força na madeira do corrimão e gritava para que não parasse e ele respondia que isso nunca ira acontecer e se enterrava com mais força dentro de mim. Consegui elevar uma de minhas pernas e ele a segurou daquele jeito. Gritei. Ele entrou inteiro. Seus dedos ficaram encharcados. Eu havia gozado. E ele não parava de manusear meu clitóris. Sentia que ele queria me torturar. Estava sem forças, iria cair. Percebendo saiu de mim e me jogou de costas nos degraus. Arrancou a única peça de roupa que faltava para que toda a minha vergonha ficasse exposta. Ele se livrou do suéter preto e das calças junto com sua cueca. Ambos nus. Beijou com fervor meus lábios e desceu a caminho da minha umidade. Da mesma forma como lhe explorei faria comigo. Aquela língua sabia o que fazia. Meus quadris se elevavam a cada sugada mais forte em meu clitóris, sabia que gozaria de novo e de novo. Ele também sabia. Seus lábios continham um sorriso sacana. Eu observava me chupando. Como aquilo era excitante. Sua língua ondulava dentro da minha boceta molhada e seus dedos escorregavam com facilidade. Teve um momento que achei que morreria de tanto prazer. A rapidez que aquele dedo manipulava meu clitóris chega a ser indescritível eu já jorrava quando novamente seu pau duro entrou em mim. Não foi carinhoso, foi bruto, seco, maravilhosamente um animal no cio que deseja apenas aplacar seus impulsos. Gozamos juntos. Alto. Sem ar. Sem medo. Acabamos. As roupas foram recolhidas. Ele não entrou no meu apartamento. Deu-me um beijo suave nos lábios ainda machucado pela nossa urgência. Entregou-me o violão e disse adeus. Já faz dois anos que olho para aquele instrumento musical no canto perto da janela da minha sala de estar à espera do retorno do seu dono. Ele não vai voltar matou a saudade e fim.

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⏰ Last updated: Oct 05, 2020 ⏰

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A Atriz e outras históriasWhere stories live. Discover now