Sem medo de amar - Romance Erótico (+18)

Poder de sedução

É envolvente a maneira que Conrado e Letícia consegue orquestrar juntos a aula de reforço, eles têm consciência de que o momento que eu "escolhi" decair na qualidade dos estudos é o pior. Estou prestes a concluir o curso e mesmo que eu não saiba que rumo tomar depois de pegar o diploma nas mãos e me despedir finalmente de toda a parte mais chata da minha vida. É óbvio que eu deveria aproveitar melhor a minha juventude, mas acho que já usei bem a loucura na adolescência por mais que a minha postura hoje não entregue em nada a garota inconsequente que Luísa foi.

Das baladas cariocas, bailes e namoros rápidos, gastei muito bem o tempo de rebeldia, mesmo em uma dessas deixando uma cicatriz horrível no meu corpo. Me machuca lembrar dela, eu que há pessoas com problemas bem piores, mas ter a auto-estima indo á praia quando há um rasgo feio e nojento em você, não parece agradável.

Bem, no momento ainda folheio o livro e faço marcações ignorando os pensamentos pesados. Estou na segunda semana de aulas e me empenho cada dia mais para manter o foco. Errar na reta final é dar um tiro no próprio pé.

— Regras da sucessão legítima para a vocação hereditária: Só se convoca uma classe nova quando não há herdeiros na classe precedente, então, não se convocam os ascendentes se há descendentes e na mesma classe os mais próximos excluem os mais remotos, não se chama o neto se existe filho, não se chama o avô se existe pai, salvo o direito de representação dos mesmos garantido. — Conrado, prossegue com sua leitura prolixa de um dos trechos da lei para fechar a aula de direito de sucessão de hoje. Apesar de ser um dos meus temas preferidos, é exaustivo ter aulas normalmente o dia todo sobre isso e revisar toda a matéria horas depois. — Por hoje é só isso. — o professor fecha o livro de capa dura com um sorriso de alívio cobrindo os lábios. 

— Eu gostaria de saber como vocês vivem. Sou aluna e me sinto esgotada. — quebro o ambiente formal com um comentário despojado.

— Sobrevivemos. Bem, e eu espero que consiga também, que se saia bem no TCC. — Letícia, balança o pescoço circularmente fazendo os cabelos cheios e cacheados a acompanharem, a mesma ergue-se, conferindo o seu celular. — Até diria que o TCC é a coisa mais difícil, mas nada dá mais trabalho do que ser mãe. — ela esbanja uma risada contagiante e confere algo que por dedução penso ser relacionado ao seu filho.

Letícia é mãe solteira, professora, palestrante e tem a energia para ajudar os alunos como eu. Uma guerreira. Ela se vai para o destino que a espera, e a sua saída antes da hora me deixa apreensiva. Seja por meros segundos a mais, eu ficaria perto de Conrado e o meu coração bateria mais forte por isso.

A forma que suas mãos preenchem a capa que ele sustenta na faixa do peitoral é uma das coisas mais me atrai. Suas mãos. Por fora veias se espalham embaixo dos pêlos conduzindo para as palmas que cheias de linhas bem definidas.

— Eu ainda tenho mais dez minutos, quer que a gente revise algo? — afasto o foco do livro que ele segura e minha atenção é capturada pelo sotaque fluminense leve.

— Sim… Eu estou precisando muito. — sorrio largo, passando uma mão pela nuca para verificar o quão quente estou. Estamos começo da primavera, então pode ter certeza de que assado é um eufemismo pro meu corpo.
Distraída, avanço com os olhares para ele e percebo que Conrado já me olhava antes, o homem me corresponde por um tempo após cruzarmos ocularmente. Sinto que as minhas bochechas ardem, queimam por ser tão insistente.

— Isso é tão estranho. Eu lembro de você tão pequena e agora é uma moça. — recorda profundamente nostálgico, como se estivéssemos mais de vinte anos de distância na idade.

— Na verdade, eu sou uma mulher e me incomoda um pouco quando fala assim. Como se eu fosse uma criança e você super velho. — digo em tom de brincadeira para abafar a grande raiva que recebo de presente sempre que ele faz essa comparação.