8º Capítulo

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Assim que Vinicius Villegas colocou os pés dentro da delegacia pôde reparar na aura pesada que cercava aquele lugar. Encontrou uma certa dificuldade para entrar no local, já que uma grande quantidade de repórteres travavam as entradas, gritando por indagações que ele sequer sabia responder. Por Deus, era seu primeiro dia como advogado da acusada e sequer tinha conhecimento em que pé andavam as investigações.

Era um grande caso o assassinato de Emílio e ele sabia a responsabilidade em estar envolvido de alguma forma nele. Tinha sido designado pelo Estado para defender Dulce Henderson da acusação de homicídio, a figura mais odiada do México atualmente.

Bufou, caminhando até uma policial que parecia distraída o suficiente para não notar sua chegada ao recinto enquanto clicava insanamente no mouse do computador, parecia até um pouco perdida em seus afazeres.

— Bom dia! — Ele falou após um breve pigarro.

A policial jovem levantou seus olhos e lhe encarou de forma monótona, ele sentiu-se ligeiramente constrangido. Vinicius tinha certeza que a moça estava pensando em mil formas de expulsá-lo dali o mais rápido possível para que continuasse com o seu trabalho entediante.

— Bom dia, senhor. Em que posso ajudá-lo? — No entanto, ela respondeu.

— Sou Vinicius Villegas, advogado de defesa da senhorita Dulce Henderson. Ela está pre... — Foi interrompido por um som de escárnio soltado pela policial Gutierrez, conforme o crachá em seu peito dizia.

— Sei muito bem quem é a dita cuja. — Revirou os olhos azuis de forma exagerada. — Aqui está parecendo um grande inferno graças a ela... — Apontou com a cara fechada para os flashes que atravessavam as persianas das inúmeras janelas.

— Muito bem... — Pigarreou novamente, sem esconder a surpresa em lidar com uma policial tão prepotente. — Gostaria de conversar com ela, por favor. Se possível com o investigador do caso também.

— O senhor Uckermann ainda não chegou. — Respondeu depois de conferir o horário. Ainda era bem cedo, daria oito horas em poucos minutos, mas Vinicius preferiu comparecer o quanto antes, diria até que estava se sentindo ansioso para conhecer Dulce Henderson, sua grande incógnita. — Se quiser aguardar, ele deve aparecer daqui a pouco.

Vinicius agradeceu brevemente e sentou-se em um assento de plástico que havia no canto da delegacia, a poltrona era dura e rústica, assim como boa parte da decoração, e foi inevitável ele não se remexer com inquietude, sentindo seu traseiro protestar de maneira desconfortável.

Não demorou muito para a policial Gutierrez voltar a teclar no seu computador de maneira espalhafatosa, chegava até ser desagradável dividir o mesmo ambiente que aquela senhorita demasiada estranha.

Perguntou-se silenciosamente se demoraria muito para o investigador Uckermann aparecer.

Seus olhos foram atraídos para a porta da delegacia, onde um furacão em forma de pessoa entrava no recinto. A policial Gutierrez, que até então estava com uma postura indiferente em sua mesa, se ajeitou e sorriu de forma forçada para o homem.

— Bom dia, inspetor Salinas! — Ela o cumprimentou de forma ávida. No entanto, o homem não respondeu sua gentileza e apenas lhe dedicou um olhar frio.

— Cadê o Uckermann? — Perguntou com um tom de impaciência.

— Ainda não chegou, mas vou avisá-lo assim que... — Ela se jogou novamente em sua cadeira quando Salinas não parou para ouvi-la e saiu andando em direção a um corredor. — Grosso! — Resmungou, revirando os olhos.

Vinicius se segurou para não soltar uma risadinha irônica, pois tinha sido exatamente daquela maneira grosseira que a senhorita Gutierrez havia lhe tratado até então.

O Silêncio dos InocentesWhere stories live. Discover now