Capítulo vinte e nove - Jade

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    Chorei a tarde toda.
    Não dá para explicar o que eu senti quando toda a esperança morreu. Foi duro ver Nicholas quase transando com outra mulher. Eu estava convencida que era só um momento ruim, que ele precisava de tempo, que a gente iria se acertar, mas não é isso que aconteceu. Ele realmente não me quer mais.
     Toda aquela história de ter medo me perder era mentira. Desde o início eu devia saber que Nicholas iria me fazer sofrer. Eu devia saber que ele não presta e só queria me ajudar. Não tive a mesma sorte que as minhas irmãs. Devia desistir de uma vez. Não devia ter terminado com Mason, agora olha no que deu. Troquei um homem que me ama por outro que nem deve sentir nada por mim.
     Tento não chorar, porque estou no trabalho e estou rodeada de pessoas, mas eu não consigo. Vou correndo para o meu escritório e choro porque a imagem que eu vi mais cedo não sai da minha cabeça. E eu não esperava que Nicholas fizesse uma coisa dessas comigo. Ele nem veio atrás de mim para tentar se explicar. Tenho a certeza que não deve estar arrependido e não deve querer saber como estou nesse momento. Eu não sou nada para ele.
     Continuo chorando e tento disfarçar quando Mason entra no pequeno escritório. Limpo as lágrimas rapidamente, um pouco envergonhada.
     Ele ajoelha na minha frente e segura a minha mão, sendo carinhoso como sempre é. Nunca devia ter terminado com ele. É o que acontece quando a gente segue o coração.
     — Ele te machucou? — Pergunta.
     Faço que sim com a cabeça porque não sou capaz de responder. Ele me entrega um lenço e olha para mim com simpatia.
     — Vai ficar tudo bem, Carinho. Tudo passa! — Toca o meu cabelo. — Você é uma mulher especial. Ele não imagina o que está perdendo.
     — Será que não?
     — Algumas pessoas são mesmo assim. Você quer ir para casa?
     — Você não se importa?
     — Você não está bem. Não posso permitir que fique aqui sofrendo. Melhor ir para casa, relaxar, beber um chá e dormir. Vai fazer bem.
     — Porquê é tão bom comigo, mesmo depois do que eu fiz?
     — Jade, eu estava triste, por isso me afastei. E eu sei o que é estar apaixonado. Eu ainda me preocupo por você, ainda amo você.
     — Obrigada por tudo. Por ser essa pessoa maravilhosa.
     — Quer que eu chame um táxi?
     — Sim. Eu prometo que trabalho na minha folga.
     — Não se preocupe com isso. Se preocupe em estar bem.
     Abraço ele, sentindo o que tanto precisava nesse momento. Um abraço de um amigo. Fico muito feliz por saber que não perdi ele. Limpo as lágrimas e arrumo as minhas coisas para ir embora.
      Mason me ajuda, me acompanha até o táxi, mas quando chego em casa, deito na cama e choro novamente. Fico pensando porquê Nicholas quis ficar com ela e não comigo. Será que é porque ela é rica e eu não? Porque ela não fala demais?
     Pego no celular e marco o número de Nicholas, mas não tenho coragem de ligar. Na verdade, nem devia ligar. E ele não me traiu porque a gente terminou. Tenho que aceitar que ele não me quer.
     Olho para o meu sapinho. — Eu odeio você porque eu te amo. — Choro.
     Finjo que é Nicholas e dou muitos socos no sapinho, depois abraço ele, lembrando dos momentos em que fui feliz com ele. Dos momentos em que pensei que era verdadeiro.
     Deito na cama e deixo que se transforme num rio de lágrimas, até que eu adormeça.

     Rubí traz o café na cama para mim. Mesmo que eu não tenha muita fome, tento comer. Ela fez waffles porque sabe que adoro comer waffles quando estou me sentindo em baixo. Estou mesmo.
     O que será que Nicholas deve estar fazendo hoje? Será que ele está com aquela mulher? Será que ele não se sente mal pelo que aconteceu ontem? Será que eu sou tão burra assim?
     Seguro as lágrimas e sorrio para Rubí, saboreando os waffles, mesmo que a minha garganta esteja doendo porque quero chorar nesse momento e gritar bem alto que odeio o Nicholas.
      — Então, você vai para a festa na mansão Tales amanhã?
      — Amanhã? Eu ainda não sei.
      — Devia ir e beijar alguém na frente dele.
      — Melhor não. Eu não estou estou com vontade de ir. Prefiro ficar aqui e sofrer.
    — Não foi você que disse para Esmeralda não chorar pelos cantos depois do que o Peter fez? Não foi você que disse a mesma coisa depois do que Henry fez com a Safira?
    — Agora é diferente. Meu coração está machucado. Não sei se vou conseguir voltar a olhar para ele depois do que eu vi ontem.
     — Por favor! Você vai se arrepender se não for. Além disso, vai ter muitos homens lindos lá.
     — Nenhum deles é como o Nick. — Limpo as lágrimas, que eu não percebi que estavam caindo.
     — Não. Mas você não pode desistir. Então, a gente vai comprar um vestido muito lindo para você. Você vai deixar ele de boca aberta.
     — Você acha que devo ir?
     — Tenho a certeza que sim. Tem que mostrar que ele não é o único homem no mundo, que você pode ter tudo o que quiser.
     — Mas já disse que o amo.
     — Vamos resolver isso.
     Ela levanta e procura roupas para eu usar. Reviro os olhos e rio porque ela está fazendo exatamente o que eu faria se minhas irmãs estivessem nessa situação. Como quando incentivei elas a vender o relógio do Peter para a gente se vingar. Foi errado, muito errado, mas foi bem divertido.
    — Rubí!
    — A gente vai. Nem que eu tenha que arrastar você pelos cabelos.
    Dou de ombros. — Como quiser. Eu vou.
    Ela pula como uma menininha. — Você não vai se arrepender.
    — Espero que não.
    Como tudo o que o meu estômago consegue e depois vou sair com a Rubí. É mais para me distrair. Ela me obriga cantar a música da Taylor Swift, mas eu reviro os olhos o caminho todo.
    Entramos primeiro numa loja de roupas. Não aquelas que fomos na vez em que tínhamos cinquenta mil dólares. Essa é uma que nossos bolsos podem suportar. Cada vez que olho para algumas roupas, eu me sinto melhor, sinto vontade de mostrar que nada pode me abalar, mesmo que isso não seja verdade.
     Escolho um vestido vermelho, mas Rubí recebe. — Não. Vermelho é a minha cor. Rubí é vermelho, meu nome é Rubí, sou ruiva, Renner adora vermelho, então eu uso vermelho.
     — Bastava dizer que você vai usar vermelho. — Cruzo os braços.
     — Que tal esse? — Mostra um vestido azul.
     — Azul é a cor da Safira. — Digo brincando, mas é verdade mesmo.
     — Então, esse? — Agora é um verde. — Jade é verde.
     — Eu sei. Mas Esmeralda também. Além disso, verde não é minha cor. Eu gosto mais de preto.
     — Então... — Ela procura. — Jade! Jade! Jade!
     — O quê?
     — Você tem que usar esse vestido, por favor! — Ela mostra um vestido bege comprido. — Por favor!
     — Se eu disser que sim, você paga um hambúrguer para mim?
     — Claro que sim. Agora vai experimentar.
     Ela me empurra até o provador com o vestido. Ele é realmente bonito, mas não importa o quanto eu esteja bonita. Com certeza que Nicholas não vai voltar para mim. Também não quero mais nada com ele depois do que eu vi.
    Experimento o vestido e minha querida irmã aplaude. Pode ser apenas porque ela é minha irmã e acha que sou incrível. Ainda não tenho a certeza se vou nesse lugar.
     — Os homens vão cair aos seus pés.
     — Isso não me importa.
     — Importa sim. Agora vamos encontrar os sapatos perfeitos para usar com esse vestido.
     — Hoje você está muito insuportável, sabia?
     — É para um bem maior.
     Vamos comprar os sapatos e depois comer o hambúrguer que ela prometeu. Foi bom sair de casa, por acaso. Pelo menos, não tive que chorar pelos cantos.

     Não imagina como foi difícil para mim ir para a mansão Tales. Na verdade, Rubí me deu muita força. A gente vai conversar com as nossas irmãs como temos feito ultimamente. Também precisamos conversar sobre a festa. Só espero cruzar com Nicholas. Há muita coisa que eu quero saber, que quero que me responda.
     Esmeralda está muito feliz porque já sabe o sexo do bebê, mas ela diz que ela e Peter decidiram que seria uma surpresa. Estou curiosa, mas alguma coisa me diz que será um menino. Os Tales têm sangue forte. Provavelmente, todos os nossos filhos serão meninos. Nem dá para imaginar. Dezasseis meninos no total. Quer dizer, doze porque Nicholas e eu não temos mais nada.
     — Jade! — Safira chama. — Está tudo bem?
     — Não.
     — Mas ela vai ficar. — Rubí diz.
     — Você vem para a festa? — Esmeralda pergunta com cuidado.
     — Eu acho que sim. Ainda não decidi.
     — Você precisa vir. Nicholas precisa saber o que é bom para a tosse. — Safira fala com raiva.
     — Acho que ele não se importa.
     Ouvimos a porta e os meninos entram com camisetas e shorts brancos, suéters amarrados a volta do pescoço e fitas de suor na testa. Eu diria que eles foram jogar ténis. Coisa de ricos, claro.
     — A gente podia ter vencido se o Nick estivesse mais concentrado. — Renner reclama.
     — Vá se foder, Renner!
     — Nick! — Senhor Gibson repreende.
     Peter ri. — Eu estive muito bem. Mas agora preciso de um banho.
     — Eu também. — Harris vem dar um beijo na Safira. — Oi, meninas.
     — Vocês perderam? — Ela pergunta.
     — Sim. Mas eu quero o meu troféu mesmo assim. — Sorri para ela. — Vou tomar um banho.
     — Claro.
     Peter também vem beijar a Esmeralda. — O bebê não deu trabalho?
     — Não. — Ela sorri. — Você também precisa de um banho.
     Ele beija ela mais uma vez antes de seguir Harris pelas escadas. Quando Renner senta ao lado da Rubí, eu olho para Nicholas, que apenas passa como se não tivesse me visto. Acho que agora já não sou mais nada para ele.
     — ... sim, moranguinho. — Oiço Rubí.
     Renner também vai embora com senhor Gibson, que sorri para nós. Seguro as lágrimas, tentando não pensar no jeito que Nicholas está me tratando.
     — Ah! — Rubí suspira. — Eu vou casar com ele.
     — Como certeza que vai. — Safira também sorri.
     — Eu preciso ir no banheiro. — Levanto e uso as escadas, mas eu não vou ao banheiro.
     Vou para o quarto de Nicholas. Sei que não deveria, mas eu só quero saber porquê está me tratando assim. Não quero que ele me trate assim, mesmo que a gente já não esteja juntos. Dói, não quero sentir essa dor.
     Fecho a porta com cuidado e quando viro, Nicholas está de braços cruzados, olhando para mim sem camisa. Também dói saber que aquela mulher já viu ele nú.
     — O que você está fazendo aqui?
     — Porquê você está fazendo isso, Nick?
     — Eu gosto dela. O que a gente tinha acabou, Jade.
     — Você fez amor com ela?
     Ele fecha os olhos por alguns segundos e dá um passo para trás. — Isso não importa. Não te devo explicações.
     — O que você sentiu por mim, mesmo que tenha sido curto, foi real?
     — Você devia sair daqui. Não quero te machucar. Eu já machuquei o suficiente...
     Choro. — O que mais dói não é que tenha terminado comigo. O que mais dói é que eu confiei em você. Eu pensei que não seria capaz de me enganar desse jeito.
     — Eu não sou como os meus irmãos.
     — Já percebi. — Limpo as lágrimas.
     — Você vai encontrar alguém...
     — Cala a boca, por favor!
     Ele senta na cama. — Jade, eu sinto muito, mas você precisa seguir com a sua vida.
     — Sim. Devia tentar com alguém que realmente me ama.
     Ele não diz nada, apenas levanta da cama e vai para o banheiro, fingindo que já não estou aqui. Espero que ele tenha ideia do quanto me machuca. Não vou deixar que ele faça isso. Não mais.
     — Espero que vá para o inferno!
     Saio do seu quarto com raiva e limpo as lágrimas para voltar para a sala de estar como se nada tivesse acontecido. E é como se não tivesse passado nada porque meu coração continua sofrendo por ele.

Jade - Pedras preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora