Capítulo 2

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Assucena

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Assucena

- Precisamos comprar outra cama, Gustavo

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- Precisamos comprar outra cama, Gustavo. - digo encarando o homem loiro de 1,92m que dormia sem camisa ao meu lado.

- Por quê? Não gosta de dividir o sofá-cama comigo? É tão grande e confortável e você mantem ele quente pra mim ou eu deixo ele quente pra você, dependendo de quem chega primeiro. A brisa da zona portuária é implacável, ainda mais no inverno - ele brinca rindo enquanto eu tiro seu braço musculoso que estava ao redor da minha cintura.

- Para! Eu não gosto de dividir nada com ninguém. Você sabe bem disso. - digo aborrecida por ter chegado às oito da manhã do trabalho no hipermercado e ainda ter que dividir o único lugar de descanso com outra pessoa.

Aquele era um dos poucos móveis naquele loft que dividíamos há quase dois anos. O loft - que na verdade era o terceiro andar de um enorme galpão de um antigo armazém na zona portuária- era enorme. O aluguel era baixo e, por isso ideal, para nós dois. Esse era o lado bom. A localização era perto do centro o que facilitava pois tínhamos condução fácil para nossos empregos, mas em uma área com alto índice de criminalidade. Muito espaço e de quê adiante ter tanto espaço, se não tenho dinheiro nem para comprar a minha própria cama. Esse era o lado ruim. Muito ruim, na verdade.

- Eu posso dormir no chão. Não quero que se sinta desconfortável comigo.

Como morávamos em uma área da cidade próximas às docas. Décadas atrás, a movimentação do antigo o porto era intensa e não cessava nem na madrugada. Agora, a região se tornou um lugar perigoso depois de determinado horário e Gustavo se preocupava demais comigo voltando do trabalho. Eu precisei obrigá-lo a parar de ir me buscar no ponto de ônibus quando arrumei o trabalho no hipermercado. Antes eu largava o expediente à meia-noite, no horário que começo a trabalhar agora. E lá estava ele. Todo dia. Lá estava o Gustavo que não é Gustavo como alguns brincavam de chamá-lo no hospital. Ele escolheu esse nome e o sobrenome também. Todos conheciam a história do paciente que depois da alta se tornou um funcionário da manutenção. E com o passar dos anos, a maioria parou de falar disso. A maioria parou, mas nem todos. Por isso, eu nunca o chamava assim. Ele não gostava, por mais que fingisse não se incomodar quando ouvia piadas.

SEJA MINHA DONA - RETIRADA DIA 10/04Where stories live. Discover now