Capitulo 2

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Rose

Hoje é sábado, é de costume acordar no mesmo horário que vou trabalhar. Como não consigo dormir aproveito para fazer faxina na casa e para colocar tudo em ordem para começar a semana com tudo organizado. 

Recosto meu corpo na bancada da cozinha tomando um café preto e penso em tudo que aconteceu ontem. Aquele homem...Muito misterioso, aqueles olhos azuis! Como são lindos! Foi surpresa para mim saber que tinha uma casa dentro na Mata. 

Há! Vou deixar esses pensamentos para lá e começar a faxina. 

Quando terminei já eram 10:00 hs da manhã. E decidi ir à ONG da dona Antônia para levar umas compras para lá. Tomei um banho, vesti um vestido fresco, calcei uma rasteirinha e sai. 

Passei  no mercadinho e fiz as compras para levar. 

Com duas sacolas pesadas de compras nas mãos chego no portão da casa de dona Antônia. Uma das mulheres que ajuda no almoço dos jovens que estão fazendo o curso, vem me ajudar. 

Essa ONG foi criado por dona Antônia, uma alma caridosa que ajuda aos jovens da comunidade a ter uma profissão qualificada. Aqui eles aprendem a confeitar,  cozinhar e costurar. Há também dois computadores que eles podem usar para fazer pesquisas para a escola e retirar cópias na impressora sem nenhum custo, desde que seja feito sobre a supervisão de adulto. 

O local é simples, mas às pessoas que moram aqui são muito solidário e ajudou doando móveis, eletrodomésticos, utensílios. Os mais caros foram conseguidas através de rifas e almoço solidário. Para os dias dos cursos é preciso ter o material para ser a base do ensino. Aí entra a ajuda das pessoas do centro e dos que vem se inscrever, levando 1 kilo de alimento não perecível. 

Depois da comida pronta, ela é servida para os aprendizes e para os colaboradores. 

Todos os materiais para os cursos são doados. Como tecidos e aviamentos e também os materiais que é utilizado para fazer e confeitar os bolos. Esses bolos são vendidos em pedaços por eles mesmos na comunidade e toda a renda é revertido para ONG. Às roupas que são confeccionadas por eles são vendidos na praia por um preço bem acessível. São vestidos de javanesa que é um tecido leve de algodão. 

Essa pequena ajuda que a ONG dá parece pequena, mas não é. Faz uma grande diferença na vida desses jovens. É um impulso para suas vidas profissionais. E tudo isso tem um grande propósito...Evitar a ociosidade. E mantendo os jovens ocupados, lhes dando esperança e não permitindo que as drogas entre na vida deles. 

Dona Antônia, também é Iyalorixá do terreiro que fica aqui mesmo ao lado da ONG

Ela é uma sobrevivente. Foi mulher de traficante. Foi rechaçada por sua família que era muito rica em Minas Gerais. Então largou tudo para viver este grande amor.

Apesar do marido ser um traficante, ela viveu longe do tráfico e ficou muitos anos dando aulas em escolas particular.

Viveu com simplicidade  e resignação até os últimos dias de vida do seu grande amor que fora assassinado por outra facção. Ela continuou dando aula então depois de aposentada decidiu vir morar no morro e criar a ONG. Ela criou um ninho de amor e solidariedade humana. Se vocês a conhecessem diriam que ela era um anjo na terra. Voz doce, sua personalidade sensata. Eu à considerava como uma mãe. 

Voltando à minha história... 

Caminhava na direção da pequena construção ao lado do centro, logo vi dona Antônia falando com uma jovem que aparentava ter seus 17 anos, e por sua postura  estava muito nervosa. Porém, dona Antônia, estava com sua serenidade habitual. 

Recomeçar é Preciso.Where stories live. Discover now