poesia cética.

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Chega a poesia cética.

A minha depressão e agonia direta em som de piano. 

Rezo pela morte e a sorte de que ela seja tranquila.

Viver.

Cada um sabe como.

Acendo a luz do elevador que me levou até o terraço dos meus sentimentos.

Talvez eu seja o seu café e amada em outro universo.

Por isso olho pra estrelas, para destilar a amargura.

O bom senso e o humor que se desapegaram.

Lembro dos nomes das flores e da juventude que se despediu.

Lembro-me da coragem de dizer bobeiras, de fazer perguntas de fuligem.

Lembro-me daquela árvore amarela e  do seu brilho no céu quente de novembro.

Ainda assim, te desejo. Mesmo com toda a inteligência e beleza que nunca tive.

Você me evita porque o que posso oferecer é apenas contos infantis.

E poeira virtual de coisas que li e entendi mal.

Não sou nada. 

Vou passar como o vento, mas você insiste em dizer que não.

A adorar a gratidão.

Mas não é ela que encontro pela manhã.

É o desespero ardente e duro.

É a dureza do chão frio.

E vou para onde a vida me levar porque é tudo ilusão.

Até o que falo para mim mesmo para acabar um dia e esperar melhores ventos.

Ainda invejo os que morrem abruptamente. 

Os enterros que não vou. As piadas que não conto.

Olho para trás e todos os meus sonhos são algodão doce despedaçado.

Tudo que sonhei é algo que foi.

O piano toca no fundo.

A ave voa no alto.

E eu estou aqui.

Catando engasgos e tentando lembrar de noites mais leves. 

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⏰ Last updated: Nov 23, 2020 ⏰

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Poesia DespropositadaWhere stories live. Discover now