3- Inamorável

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Ei babys, olha quem chegou com mais um capítulo novinho em folha.
Saudade de conversar com vocês aqui nos comentários ou no twitter, me digam o que estão achando da fic. Alguma sugestão ou crítica?
Para não perder o costume não esqueçam de curtir, compartilhar com o coleguinha e comentem muito, pois eu amo interagir com vocês.

Até semana que vem ❤

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Acordei morrendo de dor de cabeça, a ressaca me maltratava e eu jurava a mim mesma que nunca mais tomaria tanta tequila em minha vida. Não lembrava como havia chegado em casa e muito menos o momento que isso ocorreu, passei a mão pela cama em busca do meu celular o encontrando apenas na mesinha ao lado da mesma, peguei o mesmo e verifiquei às horas, mesmo sabendo que tinha exagerado na bebida ainda assim acordei razoavelmente cedo, sabia que Manoela hoje não acordaria tão cedo e eu necessitava de um café bem forte. Encaminhei-me para o banheiro tomei um banho demorado e relaxante, coloquei um short leve e apenas um sutiã preto e segui para a cozinha. Quando cheguei à escada e o cheiro inebriante do líquido escuro me atingiu em cheio, imaginei que estava errada e Manoela já havia acordado e me conhecendo bem sabia o quanto estaria precisada de uma boa xícara de café.
- Manu, me lembre de nunca mais beber desse jeito. - Eu falei entrando no cômodo de olhos fechados e com uma mão apertando minha têmpora sentindo uma enorme dor de cabeça.
- Não sou a Manu, mas pode deixar que te lembrarei. - Abri meus olhos ao ser atingida por aquela voz rouca, Gizelly estava na minha cozinha. Inevitavelmente meus olhos percorreram seu corpo que estava coberto apenas por um blusão branco meu que possuía a figura de uma mulher estampada na frente. - Espero que não se importe que eu tenha invadido sua cozinha, mas necessitava de um café e imaginei que vocês também precisariam. - Eu tentava puxar na memória como ela havia ido parar em minha casa, mas nada me vinha à mente.
- Tu... Tudo bem. -Vi que seu olhar estava em meu corpo e me lembrei que estava apenas de short e sutiã, fiquei levemente vermelha pela vergonha de sentir seu olhar queimando em meu corpo. - Não sabia que estava aqui, na verdade não me lembro muito bem das coisas que aconteceram ontem.
-Eu tentei recusar o convite, mas você quando está bêbada não aceita não como resposta e fez com que todos aceitassem vir para cá. - Ela deu de ombros, Manu me emprestou essa blusa que acredito ser sua, pois tem seu cheiro, dividi o quarto com a Manu enquanto os meninos dormiram no outro e você antes mesmo de bater na cama já tinha apagado. -Lapsos de memória vinham em minha mente agora.
- Vou colocar uma blusa e desço pra te fazer companhia. - Disse virando as costas.
- Não se incomode por minha causa Rafa. - Ouvi-la me chamar daquela forma mexeu de uma forma comigo. - Você está em sua casa, somos mulheres e não tem o porquê ficar sem graça. - Ela disse de forma simples então me virei novamente para ela.
- Necessito de um café e um remédio pra dor de cabeça, essa ressaca tá me matando. - Passei por ela e peguei um copo para tomar um remédio. - Nunca mais irei beber.
- Pode deixar que irei te lembrar disso. - Um sorriso brincava em seus lábios.
- Como chegamos em casa?
- Digamos que foi difícil te convencer a sair da boate. - Ela disse servindo o café que tinha ficado pronto nas xícaras que peguei juntamente com o copo. - Rhelden teve que quase te carregar pra fora da boate. - Ela sorriu e pude observar como ela ficava linda sorrindo.- Você começou a beber muito depois que seu namorado foi embora. - Ela me olhava por cima da xícara que levava a boca.
- Já disse que ele não é meu namorado. - Disse fazendo bico.
- Você falou isso umas cinquenta vezes ontem. - Deixou uma gargalhada escapar. -E ficou brava por que a tampinha ficava te enchendo com isso.
- Sou uma pessoa inamorável. - Disse dando de ombros.
- Então você está apenas enrolando o pobre moço? -Seu bom humor era contagiante que já estava esquecendo a ressaca que me dominava.
- Ele é totalmente ciente dos meus pensamentos, mas irei por um fim a isso. O Dani é um cara incrível e merece alguém que pelo menos cogite a idéia de ter um relacionamento com ele e não é meu caso.
- E porque não dá uma chance a ele? - Ela me encarava.
- Não tenho cabeça para um relacionamento nesse momento, trabalho muito e não preciso que ninguém fique me cobrando quanto a isso, já basta a Manu. - Ela sorriu e algo dentro de mim se ascendeu. - E você? Deixou alguém para trás?
- Só minha melhor amiga Marcela e minha família. - Notei uma tristeza momentânea em seus olhos. - Costumo dizer que tenho azar no jogo, azar no amor, azar em tudo. Um dia te contarei minha história, não é assunto para hoje. - Ela disfarçou e sorriu e eu tive vontade de lhe abraçar.
Ficamos por bastante tempo conversando, sempre era leve a conversa com ela. Falávamos sobre tudo, dessa vez deixei que ela me contasse um pouco mais sobre sua vida, carreira, família, amigos. O por que escolheu São Paulo, não notamos às horas voarem e a sala ser invadida por vozes. Não sabia como aqueles três conseguiam acordar daquela forma, tagarelando e implicando um com o outro.
Eu e Manu convencemos os três a passarem o dia ali no apartamento com a gente, Gizelly ficou com a condições de preparar o almoço e eu fiquei responsável por ajudá-la já que se dependesse de Manoela, Danilo e Rhelden comeríamos miojo.
Iniciamos os preparativos na cozinha, seu cabelo estava preso em um coque frouxo e ela vestia um avental preto, suas habilidades na cozinha eram invejáveis. Eu sabia cozinhar, mas nada perto do que aquela mulher fazia. Ela se movimentava de forma graciosa e eu às vezes me pegava perdida apenas a observando.
- Além de advogada é cozinheira. - Eu brinquei com ela.
- Eu amo cozinhar, é uma paixão que vem desde pequena. - Ela falava de forma apaixonada. - Tenho certeza que se não fosse advogada seria chefe de um grande restaurante.- Ela preparava um frango ao curry com lemon pepper. - Esse prato é um dos meus preferidos.
- O cheiro tá ótimo Gi. - Deixei escapar o apelido sem querer, não sabia se tinha intimidade o suficiente para chamá-la daquele jeito.
- Gosto de como meu apelido soa em sua voz. - Ela disse e eu corei instantaneamente, mas mesmo com vergonha eu sempre acabava por responder a altura.
- Então a chamarei mais vezes assim. - Ela sorriu largamente com minha resposta.
Continuamos conversando, o almoço estava quase pronto quando ouvimos a campainha tocar e uma voz rouca ecoar pela local.
- Rafa. - Manu gritou da sala. - É pra você.
Nesse momento a figura do homem passou pela porta da cozinha entrando em nosso campo de visão, ele cumprimentou Gizelly e em seguida me roubou um selinho que teria se aprofundado se eu não tivesse quebrado o contato.
- Boa tarde Rafinha, te mandei mensagem e liguei mas não obtive resposta, então optei por vim até aqui ver se estava tudo bem. - Ele estava parado em minha frente com o costumeiro sorriso no rosto.
- O celular está lá em cima, desci e acabei o esquecendo lá. - Voltei à atenção ao que estava ajudando Gizelly a fazer. Ele sentou em um dos bancos que tinha por ali e nos observava.
Nossa conversa diminuiu, mas não cessou de vez, vez ou outra uma das duas puxava assunto sobre o prato preparado. Ela me explicava os processos para que ele ficasse pronto e me afirmou que eu iria querer aprender pra fazê-lo mais vezes.
- Caso não saiba fazer, estarei por perto se quiser. - Ela soltou de maneira descontraída.
- Então faço questão de não aprender. - Respondi, quem via de fora podia jurar que estávamos flertando, enquanto para nós (ou pelo menos para mim) era só uma brincadeira inocente.
- Será que podemos conversar Rafa? - Daniel quebrou a conexão que nossos olhos tinham estabelecidos.
- Você termina aqui Gi? - Eu disse me virando para a mulher.
- Claro, sem problemas. Não tem muito mais a ser feito.
Encaminhei-me para meu quarto com Daniel em meu encalço, passamos pela sala recebendo olhares das três pessoas ali que pararam a briga para escolher uma música apenas para nós observar.
- Tem algo de errado? - Ele questionou assim que fechei a porta do quarto.
- Não Dani. Por quê?
- Você está agindo de forma estranha, ontem pouco me deu atenção hoje à mesma coisa, além de ficar flertando com outra pessoa na minha frente.
- Eu? Flertando? Com quem Daniel? - Soltei uma risada.
- Com a amiga da Manu. Não se faça de desentendida Rafa, qualquer um que ficar cinco minutos na presença das duas pode notar isso.
- Você está viajando Dani, eu e a Gi só brincamos não a maldade nessas brincadeiras. - Me sentei na cama.
- Você tá me achando com cara de trouxa Rafaella? - Ele falou um pouco mais alto já perdendo o controle.
- Primeiramente abaixe o seu tom ao se dirigir a mim. Segundo não temos nada, eu disse isso a você desde o começo e agora parece que você está me cobrando algo que não tem direito, não somos namorados estamos apenas curtindo o momento e achei que você estivesse na mesma vibe que eu.
- Eu estou, ou pelo menos estava. Mas me apaixonei Rafa, e você não pode me culpar, pois é impossível não se apaixonar por você.
- Mas eu não correspondo aos seus sentimentos Dani e lamento por isso, pois você é um cara fantástico. - Ele sentou aí meu lado.- Eu acho melhor a gente parar por aqui antes que saia machucado.
- Eu não quero parar, sei que posso fazer você mudar de idéia.
- Dani, acredite. Eu não vou mudar de idéia, não tenho pretensão de me envolver em um relacionamento agora, vivo pelo meu trabalho e pretendo continuar assim. - Coloquei minha mão em seu rosto. - Você é um cara incrível e eu tenho certeza que irá encontrar alguém que o mereça. - Beijei- lhe o rosto.
- Eu posso esperar por você.
- Eu lamento, mas não quero que espere por mim. Acabamos por aqui o quer que tínhamos.
Ele levantou-se e se dirigiu a porta, antes de sair olhou mais uma vez em minha direção e eu lhe dei meu melhor sorriso. Ele saiu porta a fora a fechando e me deixando sozinha com meus pensamentos.
Passado alguns minutos ouço batidas na porta e antes mesmo que eu respondesse Manu abriu a porta e colocou a cabeça para dentro.
- Posso entrar? - Ela tinha um sorriso doce.
- Claro amiga.
- Tá tudo bem? Daniel saiu com um semblante bastante triste.
- Segui seu conselho e dei um fim ao que tínhamos, ele deu uma pequena crise de ciúmes e confessou que estava apaixonado por mim. - Não havia surpresa no rosto da menor.
- Era visível a todos, menos a você Rafa, ele dava todos os sinais de um cara apaixonado.
- Eu achei que ele queria o mesmo que eu Manu, não achei que pudesse estar o magoando. Tinha tudo muito claro em minha cabeça e achei que na dele também estava.
- Ele está apaixonado Rafa, faria de tudo para ficar próximo a você, mas sei que não fez por mal e que bom que colocou um ponto final. - Ela sorria. - Ele sorria muito e o seu cabelo parecia peruca. - Deixou uma risada sapeca escapar.
- Manoela!!!
- O que gente? Só estou dizendo a verdade. - Ela caminhou até mim e me abraçou e mesmo sentada eu possuía o seu tamanho.
- Obrigada por sempre está aqui.
- Eu sempre estarei, mas agora vamos descer pra comer porque estou faminta e a comida da Titchela está muito cheirosa. - Assenti e seguimos para o andar de baixo onde a mesa já estava posta.
A refeição foi regada a muita conversa e brincadeiras, Danilo encheu Gizelly de perguntas e ela sempre as respondendo com um bom humor invejável. As palavras de Daniel sobre estar flertando com Gizelly ecoavam em minha cabeça, nunca fui uma pessoa lerda a ponto de não perceber o flerte de alguém, ou então estava mentindo para mim mesma sobre esse fato. Ela é uma morena linda, seus traços são tão únicos sua beleza é de tirar o fôlego e sua boca é um lindo convite, seu jeito moleca e ao mesmo tempo tão mulher era encantador e talvez em outras ocasiões eu tivesse dado em cima dela, mas a conversa com a Manu ontem mexeu comigo e eu me recuso a deixar que sejamos algo mais que amigas.
- Rafaella. - Manu estalava os dedos a frente de meu rosto. - Em que mundo está?
- Deve tá chateada por causa do namorado. - A voz rouca de Gizelly foi acompanhada de uma sonora gargalhada de todos a mesa.
- Até você está pegando no meu pé. - Revirei os olhos. - Estava pensando na reunião de amanhã. - Menti.
- Claro que estava. - Rhelden disse e sorriu de lado.
- Qual era o assunto?
- Mulheres. - Danilo disse.
- Porque o assunto é mulheres se a maioria da mesa não gosta da fruta? - Nesse momento me dei conta que não sabia sexualidade de Gizelly.
- Mas já ficamos. - Foi à vez de Rhelden se pronunciar. - Um passado que gostaria de esquecer, mas infelizmente não posso. - Eu ri de seu comentário, a história da primeira e única vez de Rhelden era hilária, a menina o chamou para assistir filme na casa dela e ele inocentemente foi e quando chegou foi atacado por ela, literalmente. Ele falou que ela o beijava de uma forma que babou a metade de seu rosto e tirou sua roupa tão rapidamente que ele nem teve tempo de protestar, eles até começaram o ato, mas ele broxou no meio do caminho e a menina ficou furiosa espalhando para a escola que ele era gay, pouco tempo depois ele saiu do armário.
- E você Rafa? - Gizelly me olhava. - Já ficou com meninas? - Eu engasguei com sua pergunta que foi necessário receber alguns tapinhas nas costas de Danilo que estava ao meu lado e Gizelly me encarava com um olhar divertido sentada em minha frente.
- Poucas, mas já. - Disse depois que me recuperei. - São raras as mulheres que me despertam interesse. - Olhei em seus olhos e ela sustentou meu olhar.
O resto da tarde foi tranquilo, às vezes eu e Gizelly travávamos uma briga através do olhar e era preciso que um dos outros três intervisse. Quando já estava escurecendo Danilo, Rhelden e Gizelly decidiram ir embora, eu insistir para que os levasse, mas eles se recusaram. Então eu e Manu os acompanhamos até o portão do prédio e esperamos que cada um pegasse o seu respectivo carro que tinha sido chamado pelo aplicativo. O de Gizelly foi o último a chegar, a morena se despediu de Manu com um longo abraço e depois de mim.
- Obrigada pelo fim de semana. Eu amei! - Ela disse ao me abraçar, saindo quase como um sussurro em meu ouvido que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem.
- Eu que agradeço, marcaremos de novo. - Disse do mesmo jeito.
- Espero que sim. - Ela saiu do abraço e entrou no carro.
Eu e Manu voltamos ao apartamento, o caminho foi feito em silêncio até que fechei a porta do mesmo.
- Vai continuar mentindo para si mesma que não está rolando nada? - A menor disse e subiu as escadas sem me dá a oportunidade de resposta.

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