Capítulo 7: O Peso da Coroa

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Fazia horas que ela estava rolando na cama sem conseguir pegar no sono, se questionou se era seu sangue élfico fazendo a mesma perder aquele habito humano de dormir em horas exatas. Pelo que ouvira de Thranduil – das inúmeras vezes em que ele exaltava as qualidades de sua raça -, elfos podiam ficar alguns dias sem dormir, raramente o faziam e quando o faziam era somente um fechar de olhos e pareciam meditar. Não pegam no sono profundo como os humanos.

Já havia passado horas desde o jantar, não comera nada por estar sem fome e com a cabeça cheia de pensamentos negativos a respeito do trágico acidente que fizera na casa de Elrond. Sem contar que o fato dela estar nua na hora não contribuiu para sua saúde mental e a coisa piorou e piorava quando ela se recordava que Thranduil estava ao lado dela, mantendo-a em seus braços na hora em que a salvou. Sua tia Herea havia contado tudo enquanto a ajudava no banho. E sua mente deu mais voltas.

Era de madrugada e agora Arwen não estava no quarto consigo, ordens dela mesma em querer manter a filha de Elrond longe de si, ainda estava com medo do que poderia fazer e não queria congelar a morena sem querer enquanto dormisse. Sentou-se na cama bufando, não havia um pingo de sono em seu corpo e sabia que ele não viria tão cedo. Então decidiu fazer algo para lhe acalmar: andar. Caminhar sempre lhe trazia paz, parecia que os pensamentos iam embora à medida que aumentava as passadas.

A casa de Elrond estava silenciosa, todos já recolhidos em seus aposentos e um sinal verde para ela andar – mas com cuidado – por aí. Não se atreveria a sair novamente dos domínios da casa e nem iria muito longe, talvez fosse até o pátio de entrada ou a fonte, ir ao gazebo era uma boa idéia também. Não havia luz alguma pelos corredores o que tornou difícil andar sem esbarrar em alguma coisa, porém, por sorte, não havia derrubado nada e nem feito barulho. O que a deixou aliviada.

Seus pés decidiram aonde a levariam, andou por um corredor mais extenso e escuro, tendo alguns fechos de luz que vinha da lua e logo Nye se viu em uma espécie de gruta onde por cima de sua cabeça uma cachoeira caia – varias delas por sinal -, havia uma mesa de cristal e quando a lua saia detrás das nuvens a luz iluminava aquela mesa e parte daquela área onde estava se encontrava. Nunca havia ido até ali e talvez tivesse entrado em uma zona proibida, sua mente gritou para ir embora, mas ela desistiu ao ver uma figura parada em um canto daquele lugar. E mesmo sem iluminação adequada ela conseguiu reconhecer a silhueta.

- Perdera o sono? – a voz grossa e altiva de Thranduil fez seu coração saltar.

Ao mesmo tempo em que ela não sabia se o ignorava e dava meia volta ou se permanecia ali.

Thranduil se virou, no mesmo instante em que a lua saia por entre as nuvens, ele trajava uma roupa mais simples, mas nem por isso deixou de demonstrar imponência e superioridade. Usava uma calça escura e uma bota de quase mesma cor, um sobretudo longo e de cor vinho. O rei estava sem sua coroa e seus cabelos estavam mais alinhados e arrumados do que de costume. Ele mantinha suas mãos atrás das costas.

E apesar de parecer causal a roupa dele, não a deixou mais confortável, visando os acontecimentos de horas atrás. E em comparação a ele, Nye usava um vestido realmente simples, de cor verde claro e sem muito detalhe.

- Talvez meu lado elfo esteja falando mais alto – fugiu do assunto, e por um momento pensou ter visto a curva da boca dele se ergueu em um sorriso irônico.

- Está longe de ser uma elfa ainda, apesar de ter nascido em nossa raça – falou e caminhou pelo local, sempre mantendo sua visão ao horizonte mergulhado no breu da noite.

Nye rolou os olhos – aproveitando que ele estava de costas a ela -, lógico que ele não perderia tempo. E quando achou que o rei a deixaria em completo silencio, eis que ele se vira novamente e inicia uma conversa, apesar do assunto não ser do seu agrado.

Freeze You OutOnde histórias criam vida. Descubra agora