O começo

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      Hoje é o meu primeiro dia no emprego novo, confesso que estou nervosa, mais do que nervosa, na verdade estou subindo pelas paredes. No meu último emprego as coisas não deram muito certo, eu fui demitida por justa causa, segundo a empresa, mas na verdade nao passou de um caso de machismo do meu chefe. Digamos que quando uma pessoa, um homem mais especificamente, enfia a mão por debaixo da sua saia enquanto você está trabalhando, isso te dá o direito de dar um belo tapa na cara da pessoa. Mas meu chefe, machista como é,  não viu dessa forma e eu acabei sendo demitida, ou melhor, eu fui demitida e o cara que me assédiou e abusou continua trabalhando lá como se nada tivesse acontecido. É impressionante como a culpa é sempre da mulher, como a culpa é sempre da vítima. Depois de tudo isso eu ainda tentei processar a empresa e fazer um B.O contra o cara, mas não houve testemunhas do ocorrido e segundo a polícia, por eu ter dado um tapa no cara e eu não ter nenhum machucado, segundo a lei, o único ofendido era o cara, ou seja, sem provas, minha palavra não valia de nada. Eu não sei nem porque eu fiquei surpresa com isso, ou irritada, irada, na verdade. Então eu fiquei 6 meses sem conseguir emprego, a dificuldade para conseguir emprego não é uma surpresa, mas quando se tem contas para pagar é um desespero. Eu perdi as contas de quantos currículos eu enviei ou deixei na porta dos estabelecimentos, todos os dias eu ia em um bairro diferente ou em sites diferentes. Tentei de tudo, farmacia, loja de roupas, administração e não obtive nenhuma resposta. Até que 6 meses depois eu vi uma proposta para ser a controladora de mídia de uma banda, o emprego basicamente consiste em criar posts na rede social da banda, fotos dos membros e sempre estar respondendo aos fãs, manter os fãs sedentos por mais. Eu enviei meu currículo, eles gostaram e me chamaram para uma entrevista online e menos de uma semana depois eu fui contratada. Eu nunca me senti tão grata na minha vida.

     
     Então agora eu estou me olhando no espelho que fica na porta do meu armário em meu quarto, minha roupa é simples, mas estilosa, apenas uma calça jeans preta, uma blusa branca e uma jaqueta de couro por cima. Meu cabelo ruivo está solto e caindo por meus ombros e meus óculos escondem meus olhos cansados pela noite mau dormida. Eu me revirei a noite inteira com tanta ansiedade que estava sentindo. Essa é uma grande oportunidade, uma oportunidade que eu não posso estragar de jeito nenhum. Dou um suspiro alto e olho o relógio, falta 40 minutos para o meu primeiro dia de trabalho, se eu sair de casa agora consigo chegar com 10 minutos de antecedência. Me olho mais uma vez no espelho, dou um sorriso de apoio moral para mim mesma, pego minha bolsa e saio de casa.
       Dentro do ônibus fico imaginando como vai ser essa banda, me falaram que são só meninos, 5 para ser exato. Porém, não falaram nada sobre idade ou me mostraram fotos, então eu estou no escuro, não sei o que esperar. A única coisa que eu espero é que não seja uma banda com garotos adolescentes, eu só imagino como devem ser arrogantes e provavelmente acham que o mundo gira em torno deles. Eu tenho um problema enorme com pessoas prepotentes e um problema maior ainda em manter a minha boca fechada, mas não vou tirar nenhuma conclusão precipitada, vou esperar para vê-los e ter algum tipo de conversa com eles antes de fazer qualquer tipo de julgamento.

- Próxima parada, Rua Caetano. - Diz o motorista do ônibus.

   Me levanto rapidamente lembrando que quando eu entrei no onibus eu perdi ao motorista para me informar quando estivesse chegando no endereço. O onibus para e eu saio mais nervosa do que já estava. As auto sabotagens já começam com as perguntas, "e se meu primeiro dia for horrível?", "e se eu for demitida no primeiro dia?" , "e se tudo der errado?". Fechei os olhos, respirei fundo e me dirigi ao local informado anteriormente pela moça que me contratou. Parei em frente à uma casa enorme que eu juro que era impossível não reparar. A casa era grande, com algumas partes se vidro onde se podia ver alguns móveis, mas isso se você olhasse para cima, porque tinha um muro enorme impedindo que você tivesse uma vista da frente da casa. Toquei o interfone e esperei.

- Quem deseja? - Perguntou uma voz feminina do outro lado do interfone.

- É a Emily, hoje é o meu primei... - Mau terminei de falar e a porta se abriu com um barulho de porta automática.
 
      A fechei atrás de mim com cuidado e agora sim tive a visão perfeita de toda a frente da casa. Tinha uma piscina enorme na lateral do quintal, uma churrasqueira do outro lado com alguns sofás e cadeiras e dava para ver a sala e a cozinha pelo vidro claro e transparente que cobria toda a parte de baixo da casa. A parte de cima apenas um lado era de vidro, acredito que seja outra sala. A porta da frente da casa logo se abriu e uma mulher na casa dos 45 anos veio sorrindo andando em minha direção.

- Bom dia, Emily, meu nome é Tânia. Eu sou a acessora dos meninos. Seja bem vinda ao seu primeiro dia de trabalho. - Falou em um fôlego só. - Os meninos não estão aqui agora, eles foram a academia, e você vai perceber que todos os dia os meninos malham nesse mesmo horário. A academia fica na parte subterrânea da casa, mas tenho certeza que você vai se acostumar com tudo e se inteirar com cada cômodo da casa já já- Continuou falando.

- Hm,  tudo bem, obrigada.

- Você deve estar se perguntando, porque aqui, não é mesmo?! Bom, os meninos passam a maior parte do tempo aqui, essa casa é feita especialmente para eles. - Virou de costas e começou a mostrar a cozinha. Reparei que ela usava uma camisa roxa e uma saia lapis muito apertada lilás, com sapatos de salto alto preto. Deus, eu espero que eu não tenho que me vestir desse jeito, eu já sou alta, com saltos é pior ainda, além de eu tropeçar a cada 5 segundos. A saia e a blusa, também não tem nada a ver comigo. - A academia você já sabe e em breve irá conhecê-la,  essa é a cozinha, alguns dos meninos gostam de cozinhas algumas coisas, mas no geral vem sempre alguém aqui para cozinhar algo para eles ou eles pedem fora. Essa é a sala que eles jogam os vídeo games deles, interagem e etc, eles têm também uma sala só de jogos no segundo andar, lá tem sinuca, dardos, essas coisas que os garotos gostam. No segundo andar também ficam os quartos, você terá um só para você caso precise por algum motivo ficar aqui. - o que?

- Espera, ficar aqui? Isso não tinha no meu contrato. Porque eu teria que ficar aqui?

- Como administradora das contas dos meninos, você precisa sempre ficar ligada no que eles estão fazendo, escrevendo e coisas do tipo. Isso é um problema para você? - Perguntou com uma sobrancelha levantada me olhando meio de lado, claramente me julgando.

- Não, claro que não. - Respondi rapidamente. - Eu só fui pega de surpresa, apenas isso.

- Ah, querida. - Ela riu. - Uma coisa eu te garanto, você vai ser muito pega de surpresa por aqui.

     Passamos as próximas 2 horas com a Tânia me mostrando o resto da casa, deixando os quartos dos meninos de fora por privacidade. Ela também me mostrou o estúdio que os meninos tem em casa, os instrumentos, aonde fica cada coisa. Conversou comigo sobre o que esperar desse emprego novo, quem vai entrar em contato comigo para casa coisa, como irá ser durante os shows e algumas coisas a mais. Logo ouvimos um grande barulho vindo debaixo, que ela não havia me mostrado para não perturbar a banda. Uma risa alta vinha subindo pelas escadas, acompanhada por vários barulhos de mãos batendo uma nas outras e palavras de implicância. Uns 5 segundos depois 5 cabeças foram aparecendo, cada um de uma vez. Um menino loiro aparecereu primeiro, depois um moreno, um moreno de cabelos encaracolados e em seguida outro loiro com as raízes pretas do cabelo aparecendo, todos sorrindo em direção da Tânia, acho que não me viram ainda.

Nothing Compares To YouNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ