Capitulo 3

11 5 3
                                    

Assim que todos os meninos desceram eu os chamei para sentar comigo na sala.

- Então, gente... - comecei dizendo. - Eu soube que a outra pessoa que trabalhou pra vocês não foi muito.... - parei procurando a melhor palavra para descrever o que aquele ser humano fez. - profissional.

- Isso é no mínimo eufemismo. - Disse Daniel me olhando com os olhos semi Serra dos.

- Sim, claro, mas eu não quero falar sobre ela. - Digo olhando cada um. - Olha gente, esse emprego é realmente importante para mim, e eu não pretendo falhar com vocês. Por isso, eu proponho algo. Porque vocês, cada um de voces não me diz qual é o limite e o que eu nao posso ultrapassar de jeito nenhum?

- Boa sorte com a gravadora. - Diz Corbyn rindo.

- É,  a ideia é interessante, Emily. Mas a gravadora nunca vai te deixar a gente te manter aqui se você não postar coisas polêmicas, entende? - Diz Jack.

- Cara, ela não trabalha pra gravadora. Além do mais, a gente tem algum poder perante aos nossos funcionários né? - Diz Jonah me defendendo.

- Tudo bem. - Diz Daniel com a mão em deu queixo pensativo. - Se a gente te disser os nossos limites, você promete não ultrapassar mesmo que isso possa prejudicar o seu emprego? 

- Sim - Dou um suspiro cansado. Esse emprego é super importante pra mim, mas é sobre a vida deles que estamos falando, nada mais justo. - Vocês não estão pedindo nada que eu mesma não iria pedir caso estivesse na mesma situação que vocês.

- Ok, então. Quem começa? - Zack pergunta animado.

- Eu começo. - Daniel diz. - No meu caso, eu não quero nada sobre a minha vida pessoal postado, apenas profissional. As fotos eu preciso aprovar antes de você as postar. E qualquer coisa relacionada a musicas não lançadas ainda, também. Entendeu?

- É claro, Daniel. Isso é totalmente compreensível. - Digo dando um sorriso que ele não retribui, porém seu semblante parece um pouco menos estressado.

    Assim todos os meninos me deram seus limites, o que não gostariam que eu postasse e o que eu poderia postar sem problemas. Todos disseram praticamente a mesma coisa, o que era um alívio, porque assim eu poderia botar todos em uma mesma categoria e não precisava me focar em um especificamente.

   Passou a primeira semana e tudo foi tranquilo, os meninos não ligavam muito para a minha presença e Jonah adorava conversar comigo durante as refeições, já que era ele que cozinhava a maior parte do tempo. Os outros meninos estavam sempre jogando vídeo game e implicando um com o outro. Jack que eu descobri que tinha uma filha, sempre estava saindo com ela, eu ainda não a tinha conhecido, mas ele me mostrou fotos uma vez e ela era a coisa mais fofa do mundo. O único que eu quase não via era o Daniel, ele estava sempre trancado no estúdio, e se você chegasse perto podia ouvir quando ele estava tocando um instrumento e estava sempre murmurando alguma melodia.

     Quando passou 2 meses que eu estava trabalhando para os meninos, eu passei a conhecer mais todo o pessoal que trabalhava com eles fora daquela casa. Tinha o Pete que era o cara responsável por  marcar as sessões fotográficas dos meninos, que sempre ficava dando em cima de mim e mandando indireta. O que eu odiava porque me lembrava bastante do meu ex namorado. Tinha a Lydia que cuidava da maquiagem dos meninos durante as sessões e o George que ajudava os meninos a se soltarem, ele dava aula de dança aos meninos. Sim, eles faziam aula de dança, o que era ótimo porque ajudava eles a se soltar nos shows.   

    Falando em dança, eu tinha um histórico com a mesma. Eu práticava dança desde pequena, jazz propriamente dito. Eu amava tanto que comecei a competir em estaduais e nacionais, porém quando eu tinha 18 anos em um dos movimentos, eu me desiquilibrei e acabei rompendo um dos tendões do pé.  Até hoje eu sinto dores, não é sempre e muito menos todos os dias, mas acontece. Desde então eu não danço mais, nem em festa, confesso que fiquei traumatizada. Eu fui ridicularizada pelos outros competidores, fui humilhada pelos meios de imprensa na época e isso acabou com qualquer confiança que eu tinha com a minha dança. O médico também não ajudou dizendo que eu havia partido o meu tendão de forma drástica e as chances de eu não sentir mais dor eram ínfimas.  Isso ajudou para que eu nem tentasse mais, ele até disse que eu poderia continuar dançando se tivesse cuidado, mas mesmo assim, eu já estava tão abalada que desisti por completo.

    Hoje particularmente o meu tornozelo estava doendo bastante e eu estava com dificuldade de andar, pra completar acordei atrasada para o trabalho. Mandei uma mensagem de desculpas ao Jonah, já que ele era o mais próximo de mim e o mesmo respondeu que não tinha problemas. Sai correndo mesmo com dor para me arrumar e depois peguei o ônibus. Quase não consegui descer do mesmo pela pressão em meu tornozelo. Cheguei na casa dos meninos com 15 minutos de atraso. Abri a porta com a chave que eles me deram e entrei na casa. Estava super silenciosa, achei estranho mais fui para a cozinha mancando e me sentei no banquinho.

- Está atrasada. - Disse uma voz atrás de mim.

- Daniel. - boto a mão no coração pelo susto. - que susto que você me deu.

- Foi mal. - Respondeu indo pegar um copo de água.  - No entanto, continua atrasada. Aconteceu alguma coisa?

- Hm, não, desculpa. Meu despertador não tocou e eu acabei acordando atrasada. Desculpa mesmo. Eu avisei ao Jonah.

   Daniel ficou me encarando por alguns segundos com o copo de água na mão sem pronunciar uma palavra.

- Aonde os meninos estão? - Pergunto um pouco desconfortável pelo olhar intenso que Daniel estava me dando.

- Saíram.

- Sabe quando eles vão voltar?

- Não sei. - Respondeu agora pensativo.

- E você não quis ir? - Pergunto um pouco surpresa por ele estar conversando comigo mais do que 5 palavras.

- Não, prefiro trabalhar no estúdio.

- Você fica bastante lá, nao?

- Eu gosto, é calmo. É um bom lugar para desenvolver minhas ideias. - Daniel lavou o copo e o guardou no porta copos. - Os meninos devem estar chegando daqui a pouco. - Disse antes de se virar e voltar de onde vei, provavelmente o estúdio.

- Tudo bem. - Digo para o nada, já que ele foi embora tão rápido quando chegou.

    A dor no meu estava nem forte agora, então eu fui para o sofá descansar um pouco já que sem os meninos eu não tinha o que fazer. Fiz uma postagem sobre a performance que os meninos iriam fazer no EMA que eles ja haviam aprovado antes e encostei minha cabeça no batente do sofá, fechando os meus olhos logo em seguida.

    Acho que acabei adormecendo porque a próxima coisa que eu ouço são os meninos chegando e sentando com tudo ao meu lado no sofá.

- Fala, Emily. - Diz Jack sorrindo.

- Hey, dorminhoca. - Diz Corbyn.

- Dormindo no trabalho, que coisa feia. - Diz Zack de brincadeira.

- Fala Em, como tá? - Jonah senta do meu lado.

- Hey, desculpa meu atraso hoje. Sério. - Digo logo.

- Não tem problema, Em, nos nem estávamos aqui. - Diz Jonah sorrindo.

- Ok, desculpa mesmo assim. É o meu trabalho e...

- Relaxa garota, a gente é de boa. - Diz Jack e eu solto um suspiro de alívio quando os outros concordam.

- Então, o que vocês vão fazer hoje? - Pergunto.

- Hoje é dia de estúdio, a gente precisa começar a escrever uma música. A nossa gravadora já está em nosso pé. - Diz Zack.

- Mas vocês não tem compositores que fazem isso pra vocês? - Pergunto confusa.

- Sim, mas nós decidimos que a partir de agora nós é que vamos escrever. Nos faz mais real, entende? - Diz Jack.

- Sim, realmente. Eu amo quando os próprios cantores escrevem as suas próprias músicas.

- Nós estamos indo agora, aposto que Daniel já está escrevendo alguma coisa. Quer ir com a gente? - Pergunta Jonah estendendo a mão.

- Vocês não vão se incomodar?

- Claro que não, Em. Você já faz parte do nosso dia a dia.

- Ok, então. Eu só preciso resolver uma coisa primeiro e eu ja vou, pode ser? - Digo não querendo que eles me vejam com dor. Isso vai gerar perguntas e eu odeio quando coisas do passado interferem com coisas do presente, então prefiro manter para mim mesma.

- Tudo bem. - Os meninos respondem e saem da sala indo em direção aos estúdio.

Nothing Compares To YouWhere stories live. Discover now