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Eu não acreditava que tinha quase sido atropelada, novamente, pela Demi. 

Que porra o universo queria fazendo isso?

Agora estava eu aqui, dentro do mesmo carro com ela, que me levava para o hospital para poder deixar esses malditos documentos lá. Que saco. Será que não era suficiente ter acontecido tudo o que aconteceu por causa da merda do acidente que tinha sofrido alguns anos atrás?

A chuva não ajudava em nada, só atrasava o trânsito e me fazia passar mais tempo ainda com aquele ser dentro de um carro. 

Fico olhando para minhas mãos e brincando com os dois anéis que tinha em meus dedos e pensando em várias peças que o destino pregava em mim durante a minha vida toda. 

O carro já havia estacionado porém eu não tinha percebido e continuava ali, parada e pensando. 

-Chegamos, S/N. -Escuto a voz de Demi e os pelos de minha nuca se arrepiam instantaneamente. 

-Certo. Ah, obrigada pela carona. -Digo depois de descer e aceno para as pessoas que estavam dentro do carro. -Tchau, Demi. 

Não espero resposta e apenas me viro, entrando no hospital e indo para a ala que tinha reservada para os profissionais e para palestras. Meu supervisor estava esperando para poder pegar todos os documentos e fazer a liberação da palestra que eu faria na tarde do dia seguinte. 

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava nervosa por causa disso. Vinha estudando sobre o assunto há meses e tinha tudo para dar certo.

Depois de passar mais de duas horas conversando com o Avy, me despeço e começo a fazer o caminho para a garagem, mas ao chegar no elevador me lembro que não havia chegado até aqui de carro e penso no que fazer. Infelizmente a burra aqui tinha esquecido o cartão em casa e para poder pegar um táxi nessa hora eu iria precisar. Maldita hora que eles haviam escolhido parar de fazer corridas com cartão. 

Desço até a entrada do hospital e qual não é minha surpresa ao ver Demi ali. Minha noite não poderia piorar ainda mais?

-Achei que tivesse ido para casa. -Digo e ela me olha de forma assustada. 

-Qual o seu problema? -Ela pergunta e eu sorrio, involuntariamente. -Por que está rindo?

-É só que, duas vezes a mesma pergunta em um dia fica meio estranho. -Digo e visto o casaco que estava em minhas mãos. -E respondendo sua pergunta, eu não tenho problema nenhum.

-Claro que tem, na rua me tratou bem, como se não tivesse acontecido nada entre a gente. Você foi simpática, mas aqui parece que tu nem queria que eu existisse. -Ela diz e cruza os braços depois de guardar o celular no bolso do casaco que usava e se levantar para ficar de frente comigo. -Então eu torno a perguntar uma terceira vez, qual a porra do seu problema?

-Aqui não é hora para isso, Demetria. E eu já disse , não tenho problema nenhum. Só pensei que já tinha ido para casa. -Digo e olho para fora do hospital, vendo se a chuva estava muito forte, o que constatei que sim, então suspirei e fechei os olhos. -Eu tenho de ir para casa ainda. Julie está me esperando. 

-Bom, eu não fui para casa, apesar do meu motorista ter levado os outros. Fiquei aqui esperando você. -Olho para ela, com uma sobrancelha arqueada e ela volta a falar. -Seu carro estragou, não é? Então vou te dar uma carona até sua casa. 

-Não precisa, eu vou pedir um táxi ou ligo para minha namorada vir me buscar. Vou dar um jeito. Mas obrigada pela atenção e preocupação. -Digo e ando até a porta do hospital, mas sinto ela puxar meu braço, me fazendo parar no meio do caminho.

-Larga mão desse orgulho idiota e aceita, é só uma carona. -Ela diz e eu respiro fundo, fechando os olhos e pensando em que mal poderia acontecer. Além do mais, era só uma carona, não iria acontecer nada dentro daquele carro durante o trajeto até minha residência. 

-Está bem, mas isso não vai se repetir. -Digo e ela começa a andar em direção ao estacionamento dos pacientes e vejo que o motorista já havia chegado. 

Ela entra de um lado e eu dou a volta, entrando do outro lado. Dessa vez o carro estava vazio, o que me deu bastante espaço para que eu sentasse o mais longe possível da mulher mais baixa. 

Sim, eu estava fugindo dela como o diabo foge da cruz. Mas que culpa eu tinha? Querendo ou não, ela ainda mexia comigo. 

Depois de explicar o caminho para Ruy, o motorista de Demi, sigo o caminho em silêncio e não me atrevo a olhar na direção da mulher ao meu lado. Os pensamentos já corriam soltos enquanto estava ali sentada ao seu lado, apenas um olhar acabaria mexendo comigo ainda mais. 

O carro perde a velocidade e eu olho pelo parabrisa e vejo algumas luzes laranjas piscando. Quando o carro para, Ruy abre a janela e um guarda de trânsito explica o que aocnteceu.

-Eu sinto em informar, mas o caminho está bloqueado. Parece que o rio encobriu toda a ponte e só pela manhã para saber os estragos que aconteceram. -Ele diz e eu fecho os olhos. Ótimo, sem carro e sem lugar para poder dormir. Que beleza de tempo. 

O motorista agradece e fecha o vidro, logo manobrando o veículo e voltando na mesma direção que havíamos vindo. 

-Não tem outro caminho até sua casa? -Ele me pergunta e eu, ainda de olhos fechados, nego e suspiro. 

-Então você vai passar a noite la em casa. -Demetria diz e eu abro meus olhos imediatamente em sua direção. -Ruy, para minha casa, por favor. 

Isso não vai prestar. Eu não posso ficar no mesmo ambiente que ela por mais de duas horas seguidas. 

Deus, me ajuda. 



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Eita que a coisa vai ficar séria agora.

Sim, eu escrevi esse capítulo ouvindo Halsey de novo. E sim, Without Me foi a música. Amo ela demais para não ouvir. Escuto por uma hora se me deixarem. 

Alguém arrisca a dizer o que vai acontecer no próximo capítulo? Eu não arrisco nada porque minha cabeça trabalha a mil quando começa a escrever. HAHAHAHA

Votem e comentem bastante. 

Beijos bb's lindos do meu coração. 

Amor por acidente. (Book two)Onde histórias criam vida. Descubra agora