Capítulo 16

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Não vou desistir de nós
Mesmo que os céus fiquem violentos
Estou te dando todo meu amor
Ainda estou melhorando
E quando você precisar do seu espaço
Para navegar um pouco
Estarei aqui esperando pacientemente
Para ver o que você vai encontrar

~I won't give up, Jason Mraz




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Acordar e não ver Julia na cama de certa forma não me chocou. Eu sabia que cada passo que déssemos poderia ser arriscado e que ir com calma era a escolha mais sensata, mas a noite de ontem seguiu caminhos completamente diferentes. Não que o que aconteceu não fosse algo que eu queria, porque queria, muito, e quero mais, porque parece que não tenho o suficiente dela nunca.

Lembro de como a encontrei quando entrei no quarto, a pele levemente bronzeada contrastando com o branco da camisola extremamente curta que usava, seus olhos sempre tão atentos e expressivos quando acordou e então os beijos, seu corpo, seu toque, a pele macia e cheirosa. Ela é perfeita. Não só pelo corpo que parece ter sido esculpido, moldado com perfeição, mas pela sua entrega, por ter confiado em mim para tocá-la tão intimamente.

Ela me deixou confuso quando, depois de me provocar com seus toques e beijos tão sensuais, disse que não iriamos transar, que queria apenas me sentir.

Não a contrariei, seria tudo no tempo dela, se aquilo era o que ela queria naquele momento, eu daria de boa vontade. Mas algo na forma como Julia disse, firme, séria, olhando nos meus olhos, eu tive certeza que ela não estava dizendo que aquilo era o que teríamos na noite passada e sim que aquela noite e tudo o que fizemos, seria o mais longe que iriamos e então, sem querer desperdiçar nenhum minuto, fiz com que valesse a pena.

E valeu. Porque nada podia ser mais bonito do que Julia, no ápice do prazer, nua, entregue e tão confiante, gozando, gozando para mim.

Então, por mais que não me surpreendesse acordar sem ela, fazia com que eu me sentisse no escuro novamente.

Seu cheiro está por todo o quarto, prova de que tomou banho antes de descer e faço o mesmo antes de ir atrás dela.

A primeira pessoa que vejo quando desço é sua mãe, que está sentada em uma das banquetas da ilha da cozinha bebendo algo em uma caneca enquanto olhar um livro.

- Bom dia! – Digo, aproximando-me para cumprimenta-la com um abraço, já que ela faz questão de me cumprimentar assim, o que confesso gostar.

- Bom dia, querido! Senta para tomar um café.

Faço o que ela pede e me sirvo de uma caneca da bebida quente enquanto ela coloca bolo de chocolate em um prato e me entrega com um sorriso maternal no rosto.

- Julia está em casa? – Pergunto o que precisava saber.

- Ah, não, querido! – Ela riu – Tom foi comprar o champagne que pedi para mais tarde e ela se pendurou no irmão, indo atrás dele sem nem tomar café.

Aquilo só me confirmava o que eu já sabia. Julia estava fugindo.

- Você precisa ter um pouco de paciência. – Silvia disse e eu a olhei sem entender o que ela dizia. – Julia tem uma grande tendência de sabotar a própria felicidade. – Continuou. – Então se você quer que isso dure, se quer fazer minha filha feliz, tem que me prometer que vai ser paciente e respeitar o tempo dela. – Ela pega minha mão por cima da mesa e quando volta a me olhar, seus olhos estão marejados. – Eu sou mãe, Gael. Conheço minha filha melhor do que ela mesma e sei que ela não foi totalmente sincera sobre a história de vocês, mas não me importa, porque fazia tanto tempo que eu não a via tão leve como ela fica quando está perto de você, então sei que fazem bem um ao outro. O caminho é longo e vão encontrar muitos obstáculos, mas com amor se supera tudo.

Fico sem reação depois de tudo que ela diz. Por mais que seja tudo muito recente e novo para mim, não me sinto disposto em abrir mão tão fácil assim dela. É Julia quem está no comando, quem dita o ritmo e que caminho vamos seguir.

- Não se preocupa. Gosto da sua filha e a respeito acima de tudo. Só quero o bem dela. – Respondo depois de um tempo.

Ela sorri para mim e dá duas batinhas na minha mão antes de solta-la e se levantar.

- Que bom, querido. Agora, se não se importa, já vou adiantar as coisas para mais tarde porque hoje é dia de festa.

Continuo tomando meu café, lembrando que hoje é o dia em que estaremos na presença do ex namorado de Julia, o dia que ela mais temia e eu espero fielmente que tudo saia bem, que não tenhamos problemas.

Julia chega quando estou terminando meu café. Ela está linda, sem nenhum resquício de maquiagem, um vestido longo rosa florido que deixa seus ombros a mostra. Seus cabelos estão presos em um coque alto e ela usa óculos de grau que nunca a tinha visto usando. Thomas está logo atrás e pela forma que me olha sei que provavelmente ela contou o que aconteceu a noite passada.

- Bom dia! – Ela diz se aproximando e colocando uma caixa no balcão.

- Bom dia! – respondo, observando cada movimento seu.

- Podemos conversar? – Ela pede baixinho.

- Claro!

Coloco a louça na pia e a sigo escada acima, quando entramos no quarto, Julia se senta na cama e cruza as pernas e eu me sento ao seu lado, encostado na cabeceira da cama, esperando ela começar a dizer o que quer.

- Sobre ontem à noite... – Começa e eu a interrompo.

- Peço desculpas se eu tiver ido longe demais.

Ela me olha espantada, como se não esperasse por isso.

- Não se desculpe, eu quis e gostei. Muito. – Ela diz a última parte mais baixo, como um segredo. – Mas quero ir com calma. Se transarmos e for tão bom quanto a noite passada, será um problema.

- Por que? – Questiono.

- Porque quando acabar, vai ser muito mais difícil seguir em frente se o sexo for bom.

- E por que já está pensando como se isso fosse acabar assim tão rápido?

- Porque eu não quero criar expectativas.

Nesse momento fica nítido o que sua mãe disse, mas não vou forçar nada. Será como ela quiser. O que não faz com que eu não me sinta chateado com a situação. Gosto dela, respeito sua história e estou aqui. Não é sobre sexo, é sobre ela pensar tão pouco de si mesma e não ver que podemos ir além do que temos agora.

- Não concordo com isso, Julia, mas não vou te contrariar.

Ela se levanta e sorri para mim, um sorriso que não chega aos olhos.

- Você vai ver, no final vai me agradecer por facilitar as coisas. – E sem me dar tempo para responder, ela sai do quarto, me deixando sozinho e frustrado.

É como se déssemos um passo para frente e dois para trás.

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⏰ Last updated: Oct 30, 2020 ⏰

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Ressignificando o amorWhere stories live. Discover now