Capítulo 23

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A luz nos olhos da loira era extremamente forte, estava incomodando de um modo que sua cabeça começou a latejar.

"Então doutor?" – ouviu aquela voz que tanto amava, o sotaque de Katie estava mais carregado ainda e Melissa ouviu a outra fungar – "Ela está bem? Teve alguma sequela?"

Finalmente a luz saiu dos seus olhos, sua vista ainda tinha um ponto branco, efeito da lanterna direcionada aos seus olhos.

"Kash....." – falou, mas logo se arrependeu, sua garganta estava queimando, tudo ainda estava dolorido em seu corpo – "o que?"

"Shh....." – sentiu as mãos da sua amada no seu rosto, as carícias de Katie eram maravilhosas, como ela tinha sentido falta daquele toque – "não fale nada meu sol" – viu a morena suspirar, como se ponderasse como dar uma notícia que não sabia a reação que causaria – "meu amor, você sofreu um acidente"

Arregalou os olhos, como aquilo tinha sido possível? Ela não esteve em um acidente, ou teve? Levou as mãos a têmpora, sua cabeça dava pontadas, estava se lembrando de estar no seu carro, dirigindo em alta velocidade e quando ela pegou o celular, sua imprudência resultou no seu carro invadindo a calçada e depois daquilo se fez um breu, não recordava de mais nada.

"Eu.... eu feri alguém?" – sentia seus olhos encherem de lágrimas.

"Não meu bem, o carro não bateu em mais ninguém, se chocou contra um poste de luz"

Logo um aperto no coração se instalou, seu bebê, tinha de saber dele. Levou instintivamente as mãos ao seu útero – "e meu bebê? Como ele está?"

Percebeu a morena ficar tensa, arregalando seus olhos verdes – "Mel.... eu.... eu sinto muito, mas seu bebê, ele.... ele não resistiu"

A essa hora as duas já tinham as vozes embargadas, as lágrimas despencavam de seus olhos de maneira livre.

"Não! Não pode ser!" – passava a mão pela barriga, na esperança de sentir o pequeno ser humano se mover, mas era apenas um vazio, uma calmaria – "Tínhamos ido ontem ao médico, ele estava crescendo tão bem" – não gritava, sua garganta não permitia, mas sua voz estava firme.

"Meu amor" – tirou sua mão quando viu que a irlandesa pretendia segurá-la – "você passou um pouco mais de um mês em coma" – McGrath suspirou, o que não passou despercebido por Melissa, a mais velha realmente aparentava estar cansada.

"Isso é impossível!" – estava zangada, frustrada, nervosa e seu corpo todo estava doendo – "Eu fui atrás de ti no aeroporto, você estava indo para a Irlanda. Por que?"

"Porque você desistiu da gente"

"Eu não desisti da gente! Mas sua teimosia, você não me ouviu Katie"

"O que eu tinha de ouvir?" – a outra aumentou o tom de voz – "Que você tinha decidido por mim? Que tinha decidido se eu queria ou não ficar com você, mas eu falei" – os gritos com certeza já eram ouvidos pelo hospital – "eu falei que eu ficaria contigo e nada que as revistas ou qualquer um falasse ia ser importante, erámos nós duas"

"Eu perdi meu bebê, Katie! Eu fiz tudo isso por ele e por você"

"Não fez isso por mim!"

"E agora meu filho nunca vai nascer!" – tocou na cabeça, uma dor excruciante a atingiu.

"Mel, o que foi?" – se afastou mais uma vez do toque da morena, estava tão magoada com tudo.

"O que está acontecendo aqui?" – uma voz feminina as cortou.

"Mãe!" – fraquejou ao chamar a mulher mais velha.

Logo sentiu os braços de sua mãe a cercarem, sentiu o calor e o aconchego de um verdadeiro "colo de mãe".

HeliumWhere stories live. Discover now