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"Adrien"

Fomos andando pela calçada em completo silêncio, apenas o som da água respingando em nossos sapatos, que agora tanto os meus quanto os da Marinette, estavam cheios de lama.

Ela parou em frente a entrada da sua padaria e eu parei logo depois, me virando para ela meio sem jeito.

- É... Nos vemos amanhã então?

Ela girou os calcanhares no lugar parecendo pensar na resposta.

- É, nos vemos amanhã, na escola.

Eu espremi os lábios numa forma concordante e dei um leve aceno me pondo a andar para longe agora.

- Adrien, espera!

Eu parei me voltando para ela, e por um momento não pude deixar de notar os detalhes do seu rosto, as bochechas avermelhadas pelo frio com gotículas de água, os fios azuis colados pela sua testa, os olhos azuis misteriosamente cativantes, ela era tão perfeita quanto a lua sobre os mares de Saint Tropez.

- O que houve?

- É isso mesmo? Vai apenas sair andando, sem um beijo de despedida, uma piada sarcástica, uma tentativa boba de tentar tocar na minha bunda colocando a culpa no frio?

Eu revirei os olhos colocando as mãos no bolso.

- Você está sendo muito paranoica, está chovendo, eu só quero que você entre logo e se prive de pegar um resfriado. Eu não quero encontrar a minha princesa amanhã doente, quero?

- Não, mas...

- Então só entra.

Ela franziu as sobrancelhas completamente confusa com o jeito em que disse aquilo, dei um leve sorriso na tentativa de neutralizar o meu tom de voz.

Mantenha a calma Adrien.

- Quer dizer, deixa isso pra lá, eu só estou cansado, okay? Amanhã a gente se vê.

Eu abaixei a cabeça me afastando rapidamente, não tive coragem de encarar a sua reação. Droga, eu devia ter disfarçado melhor...

Eu fui andando normalmente, um passo após o outro, as pessoas passando ao meu lado corriqueiramente, a chuva sobre mim oscilando por conta de seus guarda chuvas, e eu apenas prossegui observando meu reflexo sobre as pequenas poças formadas na larga calçada.

Eu apertei meus braços ao redor da minha cintura como se a qualquer momento pudesse ser ferido por alguma coisa e entrei no primeiro beco vazio que encontrei.

Coloquei as mãos trêmulas sobre a parede fria e úmida deixando que meu corpo vacilasse aos poucos até eu estar ajoelhado no chão, contraí meu corpo apoiando minha cabeça sobre a água fria abaixo de mim.

Eu tô completamente fodido.

- Porra Adrien, o quê está dando em você?! Quando foi que se tornou isso?!

Eu senti o toque quente descer pelo meu rosto, as lágrimas tomando conta da minha visão até eu começar a soluçar enquanto chorava fortemente.  A dor que eu lutava para manter imperceptível dentro de mim, agora se tornava uma dor física, passando como lâminas dilacerando meu corpo. É insuportável.

Isso não devia estar acontecendo, por que isso está acontecendo? O pior já não passou? Eu tenho tudo o que sempre quis de volta, uma vida, amigos, uma namorada, um lar, tudo! Eu tenho tudo, mas malditamente a cada dia que passo pareço ficar pior que antes.

Por que..?

Eu olhei para as minhas mãos sujas de areia molhada oscilando em imagens de sangue que uma vez estiveram sobre elas, fechei-as com força logo em seguida. Você sabe muito bem Adrien, o porquê disso estar acontecendo. Porque viver literalmente dentro de um pesadelo vivo, é mais fácil do que viver em um mar de rosas onde os monstros parecem estar dentro de si mesmo, te lembrando a cada dia que por mais que você lute, nunca mais as coisas serão as mesmas. E isso sim, é um verdadeiro pesadelo.

Uทrєαcнαвℓє II: FrαgмєทτσsWhere stories live. Discover now