Capítulo 37

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"A estranha sensação de morrer"

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A morte parece menos terrível quando se está cansado, e eu estava cansada. Você precisa querer matar pra lançar essa maldição. O que eu queria? Acabar com tudo, que as pessoas que eu amo vivam, acabar com a guerra, com a dor e o sofrimento, com a minha dor e o meu sofrimento. Eu apenas precisava ser forte. Eu nunca achei que fosse ser tão difícil, as palavras que ouvi antes de ir até os destroços de uma janela do castelo ecoavam em minha mente. Só com a agonia da despedida somos capazes de compreender a profundidade do nosso amor.

Essa escuridão que eu sempre senti dentro de mim, era ele o tempo todo. Doía pensar assim, eu fico imaginando, ele me via como uma peça de um jogo, será que algum dia teria me visto como sua filha? Será que se pelo menos uma coisa tivesse sido diferente pra ele então ele poderia ter sido diferente pra mim? Eu nunca vou saber, mas gostava de pensar que sim. E caramba, minha mãe, eu nem sequer falei com ela e nossa última conversa não foi das melhores. Eu só esperava que ela ficasse bem. Pensei por mais um segundo, como seria se a alma dele estivesse intacta, se ele não tivesse esse medo da morte e essa sede de poder tão presente, teria sido diferente? Não adiantava pensar nisso. Eu precisava matar aquele pedaço de alma negra dentro de mim, então talvez tudo ficasse bem.

- Avada Kevadra - Sussurrei convicta com a varinha sobre meu peito.

Cheguei a uma conclusão simples, Não é difícil morrer, viver é muito mais difícil. Eu vi a a luz verde, senti um impacto. Então tudo ficou escuro, no entanto meus olhos começaram a se abrir novamente com grande dificuldade. Estava deitada em meio a uma névoa brilhante, embora não se parecesse com névoa alguma que já tenha visto. O chão em que estava deitada parecia ser branco, nem quente nem frio, existia apenas, algo plano e vazio sobre o qual estar. Me levantei devagar, eu estava limpa e ilesa mas nesse clarão branco estranho. Ouvi ruídos de lamento, encontrei a coisa que estava produzindo os ruídos. Tinha a forma de uma criancinha nua, enroscada no chão, a pele em carne viva e grossa, parecendo açoitada, e tremia embaixo de uma cadeira onde fora deixada, indesejável, posta fora de vista, tentando respirar. Pequena, frágil e ferida como estava, não quis me aproximar dela. Devia consolá-la, mas ela me causava medo.

- Não tem nada a ser feito, é triste né? - Ouvi uma voz estranhamente conhecida, nada fria ou incerta, uma voz gentil. Me virei rapidamente a procura do dono - Oi Amy... Você está linda, como sempre, ainda poderia te olhar pra sempre.

Cedric Diggory.

- Isso quer dizer que eu to morta? - Perguntei meio incerta e ele riu fraco - Digo... Você está, estava, Peter Pettigrew te lançou uma maldição da morte.

- Eu sei o que aconteceu - Ele disse me chamando pra caminhar com ele pelo local - Eu vi tudo também.

- Está decepcionado? - Perguntei.

- Lembra quando eu disse que nada do que fizer mudará minha visão sobre você? - Ele disse normalmente enquanto eu o olhava atentamente - Ainda é verdade.

- Você é sempre tão doce e gentil - Sorri fraco - Merecia amar alguém melhor, sabe disso, não sabe?

- Eu não me arrependo de ter te amado, nem um pouquinho - Ele disse e eu sorri.

𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊𝐍𝐄𝐒𝐒 𝐈𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄 𝐎𝐅 𝐌𝐄  - 𝐝𝐫𝐚𝐜𝐨 𝐦𝐚𝐥𝐟𝐨𝐲Where stories live. Discover now