Fifth ✓

4.9K 611 196
                                    


O dedo indicador enfeitado com anéis e unhas longas deslizou sobre a mesa de madeira, a ômega observou como tudo parecia limpo e organizado.

Aquele garoto ao menos não seria um desperdício de dinheiro.

Josh franziu o cenho ao abrir a porta e encontrar sua mãe em seu escritório, logo cedo.

- O que a senhora está fazendo aqui? - perguntou enquanto ia até sua cadeira.

- Nada, apenas vendo se fizemos a coisa certa e não apenas desperdiçamos dinheiro com aquele ômega.

Josh tinha a impressão de que respirava muito mais quando estava perto de sua mãe. Era um suspiro atrás do outro, numa tentativa de manter a calma. Não revirar os olhos era difícil também.

- Por que a senhora não deixa qualquer assunto que envolva o Noah comigo? Ele é minha responsabilidade.

- Ele não é uma responsabilidade, Joshua. - ela cruzou os braços. - Ele é um servo.

- Que seja, apenas... Por favor, não se meta nisso.

No minuto em que disse isso soube pela cara ofendida da ômega que não devia tê-lo feito.

- Eu não estou me metendo, Joshua Beauchamp , estou apenas tentando fazer as coisas nessa casa funcionarem.

- Tudo já funciona perfeitamente bem, mãe, e sinceramente, ele nem tem tanto trabalho assim. Temos empregados para cada tipo de tarefa que existe, desde o início te disse que não precisava de um ômega para me servir. Eu sei me virar sozinho, droga!

O rosto dela se contorceu de raiva e ficou vermelho. Se suas unhas não atrapalhassem teria fechado as mãos em punhos.

- Não importa o que você quer! Você deve ter um servo ômega por que é assim desde o início e não vai mudar apenas porque você quer! Apenas deixe de ser um menino mimado e...

- Eu não sou mimado! - se irritou também, batendo as mãos na mesa. - Ser mimado é querer escravizar uma pessoa sem necessidade, e isso é a última coisa que eu quero!

- Estes ômegas são salvos por nós da alta sociedade, você não entende?! Se não os tirássemos dos buracos de onde eles saem provavelmente viveriam drogados, se prostituindo ou matando e roubando! A maioria ao menos sabe ler e escrever, comprá-los é um favor que fazemos a eles!

- Eu não acredito que você está dizendo isso... - esfregou as mãos no rosto, nervoso.

Odiava brigar com sua mãe, mas parecia inevitável.

-Pode acreditar que estou, e não menti em parte alguma. - ela pareceu saturada da situação quando se virou e bateu os saltos em direção a porta, mas parou quando pegou na maçaneta. - Esse ômega mal chegou e já me trouxe dor de cabeça demais, talvez devêssemos devolvê-lo ou apenas jogar na rua, se os pais dele não o quiserem mais.

- Eu não vou devolver o Noah! - mal percebeu quando se levantou e usou a voz de alfa, quase rosnando.

- Não use sua voz de alfa comigo, garoto! E se não quer que eu suma com aquele ômega, aja como um alfa de verdade e trate ele como um mestre trata um servo!

Foram suas últimas palavras antes de sair do cômodo e fechar a porta em um estrondo.

Josh caiu de volta na cadeira, sentindo a raiva correr por suas veias como a lava de um vulcão.

Pôs o rosto entre as mãos novamente, tentando entender o porquê de ter se sentido tão revoltado com a ideia de se desfazer de Noah.

Realmente não queria um servo ômega desde o começo, mas não largaria o ômega em qualquer lugar agora que já o tinha o comprado.

E não era por causa do dinheiro gasto, não dava a mínima para isso.

Mas quando olhava para Noah, via alguém que apenas queria aceitação, carinho, um lar. Nem mesmo o conhecia direito, mas gostava da presença do ômega, mesmo que ele não parecesse tão a vontade em sua presença.

Abriu uma das gavetas da mesa, pegando um maço de cigarros e seu isqueiro. Seu pai tinha lhe dado várias tarefas para hoje, já que por enquanto trabalhava em casa e ele na empresa, mas não conseguiria fazer nada estressado.

Andou até seu quarto, trancando a porta e indo até a sacada que dava a vista da piscina e do jardim na área dos fundos da casa.

Pegou um cigarro, o pondo na boca e puxando a gola da camisa enquanto a mão com o isqueiro se enfiava por baixo da mesma. Era uma mania que tinha adquirido para acender o cigarro quando estava em um lugar aberto e com vento.

Tomou cuidado para não queimar o tecido, tirando a mão e o cigarro debaixo da roupa depois de aceso.

Começou a tragar profundamente, soltando a fumaça de modo preguiçoso. Era um hábito nada saudável, mas o acalmava.

Quando já estava em seu segundo cigarro uma movimentação chamou sua atenção perto dos canteiros de flores. Espantou a fumaça com uma mão olhando mais atentamente para baixo.

Era Noah quem ia em direção as flores, acompanhando de Pascal, o senhor gentil que cuidava das plantas e da pequena horta.

Os cabelos brilhavam por conta do Sol e eram revirados pelo fraco vento, fazendo o ômega tentar tirá-los de seu rosto a todo momento.

Sorriu vendo os dois interagirem. Pascal parecia fazer alguma coisa nas flores enquanto falava, e logo em seguida Noah fazia o mesmo. Talvez estivesse ajudando o senhor a cuidar das plantas.

O ômega sorria quando fazia certo e parecia ser elogiado pelo jardineiro, e quando Josh acendeu o terceiro cigarro, os outros dois estavam com os joelhos e mãos sujos de terra, mas satisfeitos com o trabalho de podar as plantas.
Reparou nas adoráveis covinhas do ômega e em como suas bochechas coravam quando ele sorria. Era algo bonito de se ver.

Ele ficou ainda mais adorável quando o senhor Pascal posicionou uma flor sobre a orelha direita de seu "aprendiz", e Josh decidiu que Noah em um cenário cheio de flores era algo que combinava perfeitamente.

Não controlou as próprias ações quando tirou o celular do bolso traseiro, a boa qualidade o ajudando a aumentar a imagem na tela até que conseguiu focar no ômega, batendo uma foto da cena.

𝐏𝐨𝐨𝐫 𝐎𝐦𝐞𝐠𝐚 •𝐍𝐨𝐬𝐡 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora