1 ▪︎ Depois das seis

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Bem-vindos à DHT, UMA ADAPTAÇÃO DO ROMANCE "DOZE HORAS DE TERROR" DE MARCOS REY.

Boa leitura! Votem e comentem, por favor. 

No edifício fronteiro ao mercado velho, situado numa das zonas caóticas da cidade de Seul, caberia toda a população de Gyeongju, onde Jungkook morava até uns meses atrás. Ainda acostumado à paz do interior, ao voltar do trabalho bastava avistar aquele imenso prédio cinzento e ele já se sentia deprimido.

Junto do confuso visual da região, vinha agregado o mau cheiro quase centenário do mercado, sobressaindo-se o de peixes, entranhado no ar e em tudo. As próprias pessoas que residiam nas imediações, ou que simplesmente por ela transitavam, davam impressão de exalar um odor nefasto. A cidade, por ali, apodrecia.

Os inquilinos que Jungkook encontrava no hall de entrada, corredores ou elevadores, eram como que habitantes de um mundo estranho. Gente mal-encarada, machucada pelo trabalho rude e revoltada pela falta de dinheiro.

Lucas, o irmão com quem Jungkook vivia, era o único morador de bom aspecto do edifício. Não entendia por que um cara tão bem vestido e propenso ao luxo residia ali. Aliás, os dois não se davam bem. Lucas, vinte e oito anos de idade, cinco a mais que Jungkook, opusera-se a ida do irmão para a capital, mesmo tendo o rapaz emprego garantido. Por correspondência conseguira um numa firma de representações.

Ao ver o caçula chegar, Lucas fora logo dizendo:

— Não espere que eu seja sua babá, sou muito ocupado. Se vire sozinho.

Jungkook tratara então de cuidar da própria vida. Tinha começado a trabalhar e todos os dias chegava em casa pouco depois das seis. Nessa tarde, não foi diferente.

Depois de ficar alguns segundos na fila, ele entrou no elevador. A lotação sempre esgotava. Apenas dois carros serviam a uma população de cerca de cem apartamentos. Contudo, o pior vinha depois, ao ter de percorrer o corredor escuro e estreito do andar onde já houvera até assassinatos. Era como circular pelos porões de um castelo medieval, à espera de que um vampiro, algum Drácula de capa preta, viesse cravar os dentes em sua carótida. Uf!

Girou a chave e abriu a porta do apartamento.

O que era aquilo?

O que havia acontecido ali?

Parou à porta com as pernas bambas. Entrou em um conflito interno: Entrava ou recuava?

Tudo estava revirado e espalhado pelo chão: gavetas e todo seu conteúdo, peças de roupas, acessórios, livros, travesseiros, o divã tombado e um abajur pisoteado, aos pedaços. A televisão fora jogada no assoalho. Entrou e abriu a porta do quarto. Mais desordem. As roupas das camas formavam uma trouxa no canto. Os colchões fora do lugar. As duas mesas de cabeceira sem as gavetas. Cortinas arrancadas. Ao lado, na cozinha, a geladeira estava aberta e suas prateleiras soltas. Até o compartimento de verduras havia sido vasculhado. Por fim, dirigiu-se ao banheiro onde o armário embutido, com sua porta escancarada, mostrava que alguém o revirara.

O Jeon mais novo voltou à sala atordoado, suando, largou-se na única poltrona deixada de pé.

Ladrões... Mas que ladrões eram aqueles que pelos menos aparentemente não levaram nada? Já ouvira falar de roubos de televisores no edifício. O de Lucas, porém, estava lá, assim como o aparelho de som.

Por que não roubaram as boas roupas do mano? Estariam interessados apenas em joias e dólares num edifício cujos moradores provavelmente nunca tinham visto a cor da moeda estrangeira? No entanto o rebuliço indicava que estiveram no apartamento à procura de algo. Mas o quê? Se questionava.

Doze horas de terror • Jjk + PjmWo Geschichten leben. Entdecke jetzt