15.

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Várias horas haviam se passado desde a mensagem de Kuroo, e ambos Bokuto e Akaashi não fizeram muito.

Sem voz, Bokuto não conseguia manter uma conversa tão bem quanto costumava, não importa o quanto ele tentava. E mesmo que conseguisse falar, não seria por muito tempo considerando o estado em que se encontrava. Seus movimentos eram descordenados e lentos, e os únicos som que conseguia fazer eram mansos e na maior parte do tempo inaudíveis. Ás vezes Bokuto não fazia mais nada além de deitar-se lá na cama, contraindo-se desperto quando quer se seu corpo tentasse desesperadamente alcançar o estado adormecido que uma vez conheceu. Quando acontecia, ele fazia uma expressão frustrada por apenas um segundo antes que sua face ficasse cansada demais para mantê-la por mais tempo.

Quando Bokuto estava assim, Akaashi normalmente desviaria o olhar para poupar a si mesmo da vista de tudo. Porém em raras ocasiões, existiam momentos em que ele não teria escolha além de assistir enquanto Bokuto desmoronava nas mãos de sua doença, e ele odiava aquilo.

Todas as vezes que Akaashi testemunhava aquilo, sua mente repetiria uma frase, quisesse ele ouvir ou não.

É assim que se parece uma pessoa morrendo.

Olhando para baixo rapidamente, a visão de Akaashi se prendeu em suas mãos. Ele as mirou intensamente com sua mesma expressão serena, fazendo tudo parecer muito enervante. Ele queria que o pensamento saísse de sua cabeça. Ele não queria nada a ver com aquilo. Ele forçou aquelas palavras para longe e as substituiu com novas. Novas que diziam, Ele não está morrendo. Ele vai ficar bem.

Mas ao pensar nisso, ao estreitar os verdadeiros significados de ambas frases, ele ao final não conseguia decidir sobre qual das duas era mais horrível.

Akaashi fechou os olhos e deixou escapar um suspiro, sentindo-se cada vez mais sem esperança a cada segundo que se passava. Ele tinha medo de que não conseguiria puxar-se para fora desse estado, mas então o ocorreu que não estava sozinho ali.

Ele sentiu o mais gentil dos toques no seu braço, e virou a cabeça para encontrar olhos que estavam tão preocupados quanto exaustos. Akaashi se endireitou na cadeira e se recompôs.

"Eu estou bem." Ele comentou suavemente, se reencostando no assento. "Como está se sentindo, Koutarou?"

Bokuto piscou com lentidão. Era a sua forma de dizer que estava se sentindo ok. Não ótimo, mas ok.

Akaashi franziu os lábios e acenou com a cabeça uma vez. Ele se encontrou incapaz de dizer qualquer outra coisa, pensando que Bokuto não teria mais nada também, mas ele estava errado.

Mais uma vez, ele sentiu a leve batida contra seu braço. Surpreso, Akaashi deu a Bokuto sua atenção novamente.

"Hm? O que é?" Ele virou sua cadeira para assim encarar Bokuto de frente.

Olhando para Akaashi, Bokuto franziu a testa e tentou formar algumas palavras, porém falhou no final. Ele olhou ao redor e moveu seus dedos, tentando formar um telefone. Akaashi pegou o seu rapidamente, para dá-lo a Bokuto. Ele abriu seu aplicativo de notas e o segurou o dispositivo na frente dele. Foi ali que Bokuto começara a pressionar imprecisadamente as letras a fim de formar as palavras de que precisava. Demorou um tempo para que ele conseguisse escrever o que queria, mas depois de vários minutos, afastou a mão.

Akaashi olhou para o seu celular para ler a frase. Lia-se:

"Se eu soubesse que aquelas palavras que eu disse a uma semana atrás seriam as minhas últimas, eu as escolheria mais cuidadosamente."

Akaashi encarou intensamente a tela, depois desviou o olhar, olhando de volta para Bokuto.

"Você não ficou feliz com essas palavras?"

In Another Life- Bokuaka; Tradução PTBRWhere stories live. Discover now