" A felicidade tem olhos castanhos e cabelos cacheados"
— Desconhecido
Boston / 17 de março / 10:34AM
— Não fala nada...
Sophia Rodrigues não escondeu a expressão surpresa em seu rosto, assim como também o choque por ver as malas de sua melhor amiga na porta, justamente a pessoa do qual seria madrinha de casamento daqui à duas semanas.
Elise Clinfford, por outro lado, não estava nem um pouco interessada nos diversos palavrões que sua mãe supostamente estaria dirigindo à sua pessoa, quando percebesse que ela havia viajado, e só deixado um bilhete.
Ela somente queria ao menos uma vez, escolher o que era melhor para ela. Mesmo que, o melhor significaria desapontar sua família.— Ficou maluca? — Sophia exclamou, cerca de dois minutos depois, quando finalmente conseguiu processar o que via. — O que você está fazendo aqui? Você vai se casar!
E, talvez fosse por isso, que ela havia fugido.
— É só daqui a duas semanas.. — Elise resmungou, tentando se justificar. — Não estou desistindo do casamento. — Mesmo sendo sua vontade, seu desejo e sua principal missão na vida.
— Mas deveria. Sua mãe é ainda mais doida que você! — Elise ignorou a bipolaridade de Sophia, e entrou de vez no apartamento, arrastando suas malas consigo.
— Eu precisava sair daquela casa. — Ela contou, se jogando no sofá e abandonando suas coisas em qualquer lugar, aproveitando a liberdade que havia sido tirada desde que ela nasceu. — A minha mãe só pensa na pensão que ela receberá quando eu me casar, o meu padrasto na vaga na empresa dos Cooper e os meus sogros nos netos que futuramente terão. Eu só vi Anthony três vezes e em duas estávamos sendo vigiados por alguém ou pela minha mãe, que somente sabia elogiar a casa, a mobília, o carro, e varias outras coisas... — Ela se sentou, bagunçando os cabelos inconformada, enquanto Sophia se sentava ao seu lado, sem muito o que dizer.
— Que droga de vida. — Ela disse por fim, passando a mão pelas costas de sua amiga.
— Que palavras reconfortantes.. — Elise resmungou, revirando os olhos e se limitando em sorrir. — Cadê o Erick? — Perguntou, mudando de assunto. Ficar falando e reclamando sobre o quanto sua vida era um fracasso não melhorava em nada o seu humor, tão pouco se lembrar de que faltavam menos de duas semanas para que fosse presa à uma aliança carregada de interesses e golpes.
— Ah, ele...
Sophia nem mesmo teve tempo de responder.
As duas foram surpreendidas por um pestinha de cinco anos, que adentrou a sala correndo, e em suas mãos, um avião de brinquedo, que estava sendo levantado para o alto.— Mamãe...olha só.. — Ele mostrou o avião, que havia ganhado de aniversário de sua vó, e que agora, estava apenas com uma asa sobrando. — Ele ainda voa.
— É claro que voa. Você está segurando ele. Solte e verá como ele vai voar pro chão. — Erick rapidamente fechou a cara, ao ver sua tia encrenqueira e que sempre parecia ir contra tudo o que falava, ali na sua frente.
— Ah, tia Eli...
— Como assim " ah, tia Eli"? — Ela estreitou os olhos, abrindo os braços. — Cadê o meu abraço?
— Caiu, junto com o avião. — Erick mostrou a língua, soltando o brinquedo que foi ao chão, e saindo correndo de volta para o seu quarto.
— Esse pirralho não gosta de mim.. — Ela fez uma observação, ainda com os braços abertos e a cara amarrada.
Sophia por outro lado, gargalhou, achando hilário aquela reação do garoto.
Erick sempre vivia falando em Elise. Ele a adorava, na realmente. Mas escondia muito bem. Assim como também, Eli fingia gostar de implica-lo.
— Pare de estragar as fantasias do meu filho.. — Sophia esboçou por fim, dando um tapa fraco no braço da amiga.
— Eu não estraguei a fantasia de ninguém.. — Elise agarrou o brinquedo no chão, sorrindo. — Eu só disse que esse avião não voa.. — Ela elevou a voz, apenas para que Erick pudesse escutar também.
E a resposta para sua implicância, não demorou a chegar.
— Ele voa sim! — Erick gritou do seu quarto, emburrado.
— Não voa não! Assim como papai Noel não existe e o coelhinho da Páscoa não bota ovos coloridos. Eu acho que nem ovos eles botam.. — Continuou, se sentindo uma própria criança por estar discutindo com uma sobre aquilo.
— Mamãeeeeeee... — Erick gritou, aparecendo na sala enfurecido, e com os bracinhos cruzados. — Olha ela..
— Vocês dois que se resolvam.. — Sophia levantou as mãos, se afastando dos dois, que agora discutiam sobre os dinossauros estarem ou não estarem instintos da terra.
Aquela conversa...renderia bastante tempo.
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À sua mentira em abril
RomanceAlgumas mentiras vem para o bem, principalmente aquelas que escondem uma inevitável verdade... Farta de tantos compromissos relacionados ao seu casamento que, em sua humilde opinião, era apenas para quitar a dívida de sua família e sustentar a ambiç...