XXXI

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  Fim – parte Dois.

Alinhamento.

    — Peguei você. – disse, pondo os pés sobre as costas da mulher golpeada.

     Era Laura Payton quem afligira o impacto, sabia que a líder da equipe oposta faria de tudo para salvar uma das herdeiras da linhagem. Então, esperou no lugar estratégico.

     — Levante-se! – Laura levantou a refém pelo braço, preparando-se para algemá-la.

      Antonia aproveitou o momento de pequena desatenção e se jogou sobre o corpo da outra, assim que estava de pé. O movimento pegou Payton completamente de surpresa, sentiu o peso esmagar suas costelas. Antonia estava forçando seu corpo contra o dela, Laura estava quase sufocando quando libertou a mão e socou o estômago da brasileira, que se levantou aturdida.

     As duas estavam de pé, trocando olhares mortíferos. Andrade pensou em correr, mas sabia que seria alcançada. Laura queria sangue, mas sabia que precisava de sua presa com vida. Decidiu que iria infligir a maior dor possível em sua oponente, pegando-a de supetão com um chute no rosto.

     Andrade caiu pela segunda vez, era mais forte, mas bem menos treinada. Seu corpo colidiu com alguns pequenos jarros de cerâmica, sentiu cacos perfurarem sua pele. Estava de bruços, tocou na arma que jazia escondida na cintura da calça jeans.

    Payton andou com raiva até a mulher caída, puxou-lhes os cabelos virando o corpo dela para cima. Queria estapeá-la até a inconsciência, ergueu a mão possessa, mas o membro nunca alcançou a face da outra.

     O disparo soou solitário, Antonia usou a mão esquerda para aperta o gatilho, enquanto o toco apoiou a arma em seu ventre. Laura Payton caiu ao seu lado, sangrando e tentando pedir ajuda pelo comunicador. Inútil, seu coração fora penetrado.

     Andrade correu sem remorso, não sabia para aonde estava indo. Suas coxas e panturrilhas ardiam de cansaço, sua roupa fedia a sangue e suor, contudo seus pés não paravam.

    "Na mais alta suspensão que é ter poder de gerar. Na mais alta suspensão que é ter poder de gerar. Na mais alta suspensão que é ter poder de gerar."

      A frase se repetia de maneira inebriante na mente Antonia, sua cabeça girava, estava tonta. Não conseguia respirar. Ainda estava correndo? Não sabia responder. Sentiu a forma cálida das lágrimas sobre seu rosto, através da vista embaçada viu que estava na frente da Igreja Suspensa. A Igreja da Santa Virgem Maria.

      Caminhou cambaleando na direção das escadas que davam para entrada da construção suspensa, um pequeno jardim a separava do primeiro degrau. Colocou os pés na grama, no segundo passo seus tornozelos afundaram, seu corpo seguiu entrando na terra como submerso em areia movediça.

     " — Minha Linhagem. – Kytzia falou assim que sentiu a presença de sua descendência.

     As duas estavam em uma caverna, a luz era suava e reconfortante. Kytzia estava sentada sobre a rocha nua, mas parecia estranhamente confortável.

     — Você conseguiu, encontrou-me. E talvez no fim de tudo encontre a si mesma. – a mulher prosseguiu. – Não tenha medo minha criança, está segura aqui.

     A voz era calma e quase consoladora.

   — Não temos muito tempo, infelizmente. – Kytzia disse pesarosa. – Pegue o amuleto. – falou apontando para uma figura ao lado de Antonia.

     Antonia se voltou para direção que a mulher indicava. Era sua mãe quem estava lá, de repente ela era de novo uma menininha de oito anos, esgueirando-se na mesa à espera de alguma coisa que sobrasse da encomenda. Sua mãe usava uma camiseta surrada, um avental manchado de corante e farinha, segurando o rolo de massas.

LINHAGEM [CONCLUÍDA]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant