Capítulo 3

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Minha perna foi flexionada. Matthew Ollins segurava firmemente meu tornozelo e minha coxa, enquanto me ajudava a esticar meus músculos. Me lembro da primeira vez em que tive uma sessão de fisioterapia com ele, desde que havia acordado, a dor foi tão grande que me recordei das lágrimas que desciam pelo meu rosto enquanto eu lutava comigo mesma para não demonstrar fraqueza e desistir logo nos primeiros minutos. Foi um tanto quanto embaraçoso mas Matthew era jovem, ele havia acabado de se formar e, segundo ele, eu era uma das suas primeiras pacientes. Ele era cuidadoso e sabia respeitar meus limites. Porém, ele também sabia que devia me pressionar quando eu não acordava muito disposta. E este era um desses dias.

Antes de Anne ir embora ontem, ela soube sobre a insegurança de Christian em deixar-me com meus avós. Ela se propôs a cuidar de mim, obviamente, ele apoiou a ideia. Infelizmente, não pude dizer o mesmo de mim. Eu queria mais do que tudo sair do hospital e eu amava Anne como uma mãe mas, em algumas semanas, ela se casaria e eu não seria capaz de me intrometer em seu novo relacionamento. Ela merecia ser feliz com seu adorável noivo e sua preciosa privacidade. Não seria eu que tiraria isto dela.

Então, no final das contas, eu ainda estava no hospital. Nem as piadas bobas de Matthew pareciam animar meu dia.

— Vamos lá, Sra. Preguiçosa — ele bateu sua palma contra minha coxa, chamando minha atenção. — Mexa essas pernas flácidas.

Eu suspirei, não fazendo nem um mínimo de esforço para completar o que foi pedido. Ele notou que eu não corresponderia e soltou minha perna, fitando-me com um olhar inquiridor.

— Qual é o problema?

Eu tinha uma lista enorme de problemas. O que era cômico pois eu nunca tive nenhum problema realmente considerável e, de repente, eu tinha problemas o suficiente por uma vida inteira. Listá-los não era uma opção pois eu estou cansada de lamuriar, por isso, optei pelo incômodo menos dramático.

— Eu quero voltar para casa.

Eu já não sabia o significado de casa. Eu poderia pensar literalmente e explicar que era uma construção onde as pessoas moram. Mas não era apenas isso. Eu sabia que, mesmo que eu voltasse para minha casa amarela no final da rua 13 eu ainda não estaria totalmente em casa. Mas eu queria sair daquele lugar, mesmo que meu destino final não fosse minha verdadeira casa.

Ele piscou e eu podia ver sua incerteza em responder-me. Eu não o culpava, afinal, ele não era formado em psicologia para saber o que dizer em momentos como esse.

— E você vai, você só precisa ter paciência — ele sorriu levemente.

— De novo? — questionei, ansiosa.

— Sim, de novo e de novo — riu. — Se precisar, mais mil vezes.

— Jesus.

— O que foi?

— Ainda bem que você se formou em fisioterapia porque se fosse em psicologia você morreria de fome.

Ele gargalhou, uma risada escandalosa e esganiçada capaz de fazer qualquer pessoa rir. Até alguém má humorada que nem eu.

Então, nossas risadas foram, aos poucos, se dissipando no ar. Matt balançou a cabeça com o sorriso ainda preso em seus lábios e eu não vi oportunidade melhor que aquela para voltar a um assunto que me perturbava nos últimos dias.

— As sessões estão dando resultado — eu disse de forma animada. —, não acha?

— Por que você sempre toca nesses assuntos quando Orianna não está? — ele gemeu. Ergui minhas sobrancelhas, incentivando-o a dar sua opinião, um suspiro escapou do rapaz. — Emily, é muito cedo pra dizer.

Inércia | Harry StylesHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin