Capítulo nove

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— O que estamos fazendo aqui? — questionou Park Jimin.

Houve um gemido esganiçado das dobradiças da porta de madeira quando a empurrei, e o odor de cravos e campânulas de vovó encheu o ar. A estufa há muito não era usada, e cobertores de poeira haviam se instalado sobre todas as superfícies. As prateleiras de flores, a mesa para corte, e o sofá vermelho de couro antigo que havia sido confortável e bonito quando eu tinha dois anos de idade, empurrado contra a parede de vidro, como se tentasse não chamar muita atenção.

— Se minha mãe me vir bebendo outra vez, minha cabeça entra em perigo. — confessei.

Jimin deu um risinho, e fechou a porta às suas costas. Colocou a garrafa de vinho que havíamos surrupiado da tenda entre um lírio e uma muda triste de boca-de-leão, e tossiu.

— Está escuro.

— Eu sei. Estou tentando encontrar... — me interrompi ao sentir um choque em minha cabeça, e ricocheteei para trás. — Ai.

— Está bem? — perguntou Park Jimin, com um tom engraçado na voz.

— Encontrei.

Puxei uma corda fina, e uma luz amarela se estendeu por todo o espaço da estufa, criando sombras no chão. Apertei os olhos, e quando me virei para ele, vi um sorriso em seu rosto. Jimin deu um passo a frente, e tocou em meu rosto.

— Maldito telhado. Não me lembrava de ser tão baixo. — reclamei.

— Pode ser alguma surpresa, mas com o tempo nós crescemos.

— E o que aconteceu com você?

Uma sombra maligna passou pelo rosto de Jimin, e apertei os lábios um no outro ao sentir um sorriso insurgente. Ele não era baixo, tínhamos a mesma altura, mas há algum tempo havia feito a descoberta que podia ser um ponto sensível, e tinha algum prazer em importuná-lo.

— Acho que vai criar um galo. — concluiu ele. Senti a ponta do seu polegar em um ponto acima da minha sobrancelha esquerda, e então um beijo no mesmo local. — Não importa. Ficará bonito mesmo com um galo.

Algo naquilo me fez sorrir.

— Ufa. Você vai continuar querendo transar comigo mesmo com um galo na cabeça?

Park Jimin revirou os olhos, mas não havia aborrecimento em seu rosto.

— Então você me trouxe aqui para transar, devasso. — concluiu ele. O sangue martelou em meus ouvidos, e Jimin arregalou os olhos pequenos pelo meu silêncio. — Ai, meu Deus. Você me trouxe aqui para transar.

Me desvencilhei do seu toque, e senti pequenas formigas fazendo o seu caminho em minhas bochechas. Lhe dei as costas, arrematado pela repentina percepção de que havia sido a pior decisão da minha vida. Atrás, talvez, de permitir que Kim Taehyung implantasse os seus pensamentos em minha cabeça.

— Você não quer? — Consegui perguntar.

Escutei dois passos, e então o toque de suas mãos em minha cintura. Desceu sobre a minha barriga, e parou entre as minhas pernas. Apertou, e um suspiro involuntário escapou da minha garganta.

— Você está me perguntando mesmo se eu quero transar?

Senti o sorriso de sua boca em minha nuca quando ele beijou, e uma onda de tensão se espalhou pelo meu corpo assim que puxou os dois botões da minha calça. Coloquei a mão sobre seu pulso, e a apertei. Jimin se afastou, e deu um outro beijo em meu pescoço.

— Vamos beber um pouco. — decidiu. Concordei com um aceno mudo, o seguindo em automático, as pernas de repente cem quilos mais pesadas, para o sofá duro da época dos meus bisavós.

Quem Nós Somos (JiKook)Where stories live. Discover now