— O que estamos fazendo aqui? — questionou Park Jimin.
Houve um gemido esganiçado das dobradiças da porta de madeira quando a empurrei, e o odor de cravos e campânulas de vovó encheu o ar. A estufa há muito não era usada, e cobertores de poeira haviam se instalado sobre todas as superfícies. As prateleiras de flores, a mesa para corte, e o sofá vermelho de couro antigo que havia sido confortável e bonito quando eu tinha dois anos de idade, empurrado contra a parede de vidro, como se tentasse não chamar muita atenção.
— Se minha mãe me vir bebendo outra vez, minha cabeça entra em perigo. — confessei.
Jimin deu um risinho, e fechou a porta às suas costas. Colocou a garrafa de vinho que havíamos surrupiado da tenda entre um lírio e uma muda triste de boca-de-leão, e tossiu.
— Está escuro.
— Eu sei. Estou tentando encontrar... — me interrompi ao sentir um choque em minha cabeça, e ricocheteei para trás. — Ai.
— Está bem? — perguntou Park Jimin, com um tom engraçado na voz.
— Encontrei.
Puxei uma corda fina, e uma luz amarela se estendeu por todo o espaço da estufa, criando sombras no chão. Apertei os olhos, e quando me virei para ele, vi um sorriso em seu rosto. Jimin deu um passo a frente, e tocou em meu rosto.
— Maldito telhado. Não me lembrava de ser tão baixo. — reclamei.
— Pode ser alguma surpresa, mas com o tempo nós crescemos.
— E o que aconteceu com você?
Uma sombra maligna passou pelo rosto de Jimin, e apertei os lábios um no outro ao sentir um sorriso insurgente. Ele não era baixo, tínhamos a mesma altura, mas há algum tempo havia feito a descoberta que podia ser um ponto sensível, e tinha algum prazer em importuná-lo.
— Acho que vai criar um galo. — concluiu ele. Senti a ponta do seu polegar em um ponto acima da minha sobrancelha esquerda, e então um beijo no mesmo local. — Não importa. Ficará bonito mesmo com um galo.
Algo naquilo me fez sorrir.
— Ufa. Você vai continuar querendo transar comigo mesmo com um galo na cabeça?
Park Jimin revirou os olhos, mas não havia aborrecimento em seu rosto.
— Então você me trouxe aqui para transar, devasso. — concluiu ele. O sangue martelou em meus ouvidos, e Jimin arregalou os olhos pequenos pelo meu silêncio. — Ai, meu Deus. Você me trouxe aqui para transar.
Me desvencilhei do seu toque, e senti pequenas formigas fazendo o seu caminho em minhas bochechas. Lhe dei as costas, arrematado pela repentina percepção de que havia sido a pior decisão da minha vida. Atrás, talvez, de permitir que Kim Taehyung implantasse os seus pensamentos em minha cabeça.
— Você não quer? — Consegui perguntar.
Escutei dois passos, e então o toque de suas mãos em minha cintura. Desceu sobre a minha barriga, e parou entre as minhas pernas. Apertou, e um suspiro involuntário escapou da minha garganta.
— Você está me perguntando mesmo se eu quero transar?
Senti o sorriso de sua boca em minha nuca quando ele beijou, e uma onda de tensão se espalhou pelo meu corpo assim que puxou os dois botões da minha calça. Coloquei a mão sobre seu pulso, e a apertei. Jimin se afastou, e deu um outro beijo em meu pescoço.
— Vamos beber um pouco. — decidiu. Concordei com um aceno mudo, o seguindo em automático, as pernas de repente cem quilos mais pesadas, para o sofá duro da época dos meus bisavós.
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Quem Nós Somos (JiKook)
FanfictionDepois de passar por uma infância conturbada com um câncer no estômago, Jungkook não estava preparado para mais um inconveniente da adolescência. Na volta das férias de verão daquele ano, seu propósito era encontrar algo em que fosse realmente bom...