Capítulo 7

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ISABELLE

A coisa que eu mais esperei em toda a minha vida, estava acontecendo, só era uma pena eu ter que perder minha chave, e alguns dos meus documentos que estavam na bolsa.

Já fazia alguns minutos, que eu estava sentada no sofá de frente para o homem mistérioso, que estava sentado na minha frente.

Ele não deu uma única palavra desde que me deixou entrar. Na verdade, eu não pensei no que dizer, quando ficasse cara a cara com ele.

— Então... —comecei meio hesitante, com o olhar dele sobre mim. — A Gláucia não está?

Ele não me respondeu, apenas continuou me olhando, sem esboçar reação alguma.

Mudo ele não era, lembro que da última vez que estivesse aqui, eu ouvi ele falando.

— Não. —respondeu depois de um tempo.

Eu ainda conseguia ouvir o barulho da chuva forte lá fora, vez ou outra os relâmpagos clariava toda a sala.

— O que você fazia na rua há essa hora, em toda essa chuva? —perguntou ainda sério, se encostando no sofá.

— Fui assaltada. —expliquei. — Bom, levaram minha bolsa e minha chave, estava dentro. —engoli em seco, tomando coragem para as próximas palavras. — Será que eu posso dormir aqui?

Ele continuou impassível, enquanto eu mexia nos dedos, um pouco nervosa.

Se a Ágatha me visse agora, com certeza, ela me mataria. Ela não pode nem sonhar, que estou pedindo abrigo ao homem que denominam como "vampiro".

— Prometo que você nem vai me notar aqui. —assegurei. — Amanhã saio como se nada tivesse acontecido.

Eu deveria estar sentindo um pouco de medo, eu estava de frente com um homem que ninguém conhecia, e sozinha, já que Gláucia não está.

Mas por incrível que pareça, eu não estava com medo, nenhum pouco.

— Está bem. —disse, arrancando um sorriso de mim.

Eu mal acreditava, que não só estava aqui dentro, como também irei dormir aqui.

Isso sem dúvidas é uma loucura, mas sempre achei que eu tinha um parafuso a menos mesmo.

— Obrigada... —agradeci, nesse momento acabei espirrando.

— Acho melhor você tirar essas roupas, e tomar um banho quente. —aconselhou, levantando-se do sofá. — Lá em cima, tem roupas da Gláucia, tenho certeza que ela não irá se importar. Venha, eu te acompanho.

Assenti, ele foi em direção as escadas, e eu o segui, paramos no primeiro quarto, assim que ele abriu, tinha algumas roupas em cima da cama.

— Pegue uma, ficará um pouco grande, mas não terá problema.

Entrei, e fiz o que ele disse, peguei o menor vestido que havia ali, que com certeza ainda ficará enorme em mim.

— O banheiro é do lado esquerdo, no final do corredor. —explicou. — Tome um banho, e depois desça.

Quando eu estava prestes a agradê-lo, ele simplesmente me deu as costas, e foi embora, me deixando sozinha.

Segui até o banheiro quase correndo, entrei trancando a porta, e me encostei na parede, soltando um alto suspiro.

— Deus! —levei a mão ao coração. — Definitivamente ele é muito lindo.

Quanto mais tempo eu passava aqui, mais eu queria descobrir o que ele tanto esconde.

Comecei a roer a unha, andando por pelo banheiro.

Vamos lá, Izzy. Pense, o que ele deve estar escondendo?

Será que ele é mesmo um vampiro? Ah, não. Com certeza não.

Ri de meu pensamento, vampiros são personagens fictícios, então essa hipótese está descartada. Vejamos, só me resta a opção da doença, será que ele está doente?

Passei as mãos no rosto frustrada, eu estava a ponto de enlouquecer com todo esse suspense.

Melhor eu deixar para pensar nisso depois, preciso tomar meu banho logo.

Após terminar meu banho, vesti minhas peças íntimas que ainda estavam um pouco molhadas, e vesti o vestido que mais pareceu um saco  em mim, além de ter ficado largo, ele estava quase no meio das minhas pernas.

Dei de ombros, é isso ou nada.

Desci, como o homem mistérioso havia mandado. Ao chegar na sala não o encontrei.

— Olá?! —chamei, não obtendo resposta, entrei em uma pequeno corredor.

Lá estava ele terminando de arrumar a mesa do jantar, ao me notar ele vira seu rosto em minha direção, e volta arrumar a mesa.

Depois de arrumar, e colocar algumas comidas, ele se senta enquanto eu permaneço em pé, observando cada movimento seu.

— Pode se servir. —disse sem ao menos me olhar.

Assenti, e me sentei, meio hesitante comecei a me servir, vez ou outra eu senti o olhar dele sobre, mas tentei ao máximo ignorar.

Sem dúvidas eu e o silêncio, somos inimigos declarados.

— Então. —limpei a garganta, ele me olhou com a sobrancelha levemente seguida. — Foi você quem fez. Digo, essa comida.

Ele apenas assentiu e voltou a comer.

— Qual o seu nome? —ele novamente me olhou, dessa vez soltando um suspiro. — O meu é Isabelle, mas todo mundo me chama de Izzy.

— Eu lembro de você ter dito que eu nem notaria sua presença aqui. —disse ele me fazendo, olhá-lo envergonhada.

— Desculpe.

Dali por diante não lhe disse ou perguntei mas nada, jantamos em total silêncio, só o que se ouvia era o barulho da chuva.

— Quando terminar apague as luzes, e suba para o primeiro quarto do lado direito. —avisou ao se levantar. — Amanhã quando eu acordar não à quero mais aqui.

Assenti engolindo em seco, observando ele subindo as escadas.

Talvez eu deva investigar algo, quando tiver certeza que ele dormiu, mas e se ele for algum assassino e me pegar no flagra?

Não, acho que ele não deve ser assassino, acho que assassino não sabe cozinhar, ou será que sabe?

Realmente não sei, nunca conheci um. Graças a Deus.

Depois de me questionar mil vezes, se investigaria a casa ou não, decidi apenas ir dormir.

Ele pode ser perigoso, sei lá, eu deveria conhecer coisas sobre ele antes de partir para as pistas.

Tenho certeza que conseguirei dar um jeito de voltar aqui novamente.

Apaguei as luzes e subi, estrando no quarto que ele me disse. Totalmente exausta me joguei na cama, me cobrindo.

Aos poucos fui sendo vencida pelo cansaço do dia, adormeci ouvindo o barulho da chuva caindo.

Amor Ao Lado [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora