O que?

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Era o início do meu segundo ano letivo na escola. Pra falar a verdade, não me importo, a escola nunca foi um lugar onde me sentia a vontade.

Sempre fui do tipo de garota reservada, que não puxa muita conversa, e em minha escola não é diferente.

E tem um motivo pra isso tudo, por eu não gostar muito de me aproximar das pessoas, exceto minha mãe, que sempre me apoiou, e apesar de tudo me ama.

Minha mãe e eu, nos mudamos ano passado para essa grande cidade cidade, confesso que foi muito melhor pra mim.

Tive que me mudar por conta do preconceito que eu sofria em minha antiga cidade pequena. A maioria das pessoas de lá, sabiam quem eu era, da minha história, e que eu cresci lá.

Mas qual o motivo de todo esse preconceito? Por eu ser uma garota trans! Sim, eu sou uma garota trans, isso já me deu muitos problemas, principalmente na escola e locais públicos onde já sabiam que eu sou trans.

Tive que recomeçar minha vida nessa cidade, sem ninguém saber ou ter idéia que sou uma mulher trans, foi muito difícil pra mim. Só a minha mãe me apoiava, meu pai por outro lado morreu, e achei melhor isso ter acontecido.
Basicamente eu vivo em segredo sobre essa minha característica, ninguém sabe, e não quero que ninguém saiba que sou trans.

Sempre me fecho para qualquer garoto que se aproxime de mim, ou pessoas, não sou grossa ou coisa do tipo. Só prefiro não criar intimidade com ninguém, para depois que essa pessoa souber que sou trans, me abandonar ou parar de falar comigo, e eu mais uma vez passar aquele inferno.

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Enquanto eu me arrumava em pé, na frente do meu enorme espelho do meu guarda roupa do meu quarto para ir à escola, penteando meu cabelo cacheado cuidadosamente, em minha mente fiquei pensando que esse ano letivo, seria igual ao anterior.

Sem ninguém me perturbando, ouvindo minhas músicas em paz, com minha própria companhia na maior parte das vezes, e lendo meus livros que na maior parte das vezes era com tema sobrenatural.

Coloquei meu pente em uma mesinha branca que eu tenho ao meu lado, me olhei no espelho e suspirei fundo.

-Filha! Você vai se atrasar se ficar enrolando aí no quarto, vem tomar logo o café! -Diz a minha mãe falando bem alto da cozinha, que ficava no primeiro andar da casa.

-Estou indo mãe! -Falei bem alto, pegando minha mochila preta florida da minha mesinha.

Andei apressada, descendo as escadas em direção a cozinha, onde se encontrava minha amada mãe.

Eu estava vestida com uma calça jeans preta cós alto, com um cropped manga longa preto e uma jaqueta jeans branca.

Ela me olhou com uma expressão preocupada, enquanto colocava o café da manhã na mesa.

Fui em direção a mesa, e me sentei cuidadosamente, colocando minha mochila ao meu lado.

-Tá tudo bem? -Falei olhando diretamente nos olhos cor de mel dela enquanto eu segurava a colher.

Minha mãe sempre foi muito preocupada comigo, desde que nos mudamos minha mãe se esforçou muito pra me ajudar no que podia, e trabalhando duro para me colocar numa boa escola.

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