Capítulo 06

2.1K 193 20
                                    

Os olhos de Alejandro Cabello se fixaram por alguns segundos em seu relógio de pulso. Ele soltou um grunhido e murmurou alguma coisa incompreensível. Havia se passado quase duas horas e nenhum sinal de Austin. Cansado de esperar, ele deixou o escritório furioso, acionou o motorista e em pouco tempo estava no único lugar onde o filho mais velho estaria. Quando o motorista estacionou, Alejandro desceu do veículo e se aproximou de Austin que apontava uma arma para o que parecia ser um pássaro grande, mais precisamente um abutre. Um último disparo foi dado, embora o animal já não oferecesse nenhum protesto. A carcaça sem vida do abutre jorrava sangue enquanto o filho do governador ria e agitava o fuzil acima da cabeça.

— Austin! — a voz de Alejandro acabou com sua festa. Com o cenho franzido e o fuzil na mão, ele se aproximou do pai com passos apressados.

— O que houve, pai?

— Você não entendeu o que eu disse quando te liguei?

— É claro que eu entendi! Mas se você não tivesse desligado o telefone na minha cara, teria ouvido que o meu carro estava na oficina e...

— Chega de desculpas idiotas. Venha para o carro. Preciso falar com você.

Austin balançou a cabeça, os lábios se curvando em um sorriso de deboche enquanto acompanhava o pai. Sentados um ao lado do outro, Austin o encarou com um desdém óbvio.

— Não vai dizer qual é a urgência, papai?

— Quero que descubra, discretamente, quem é a mulher que está se envolvendo com a sua irmã.

— O quê? — deixando escapar uma sonora gargalhada, Austin continuou. — Sua filha está fodendo com outra mulher? Eu sabia que Camila gostava mesmo era de...

— Cale-se, imbecil! Erguendo as mãos e abafando o riso, Austin se remexeu no assento.

— Por que quer saber com quem Camila vai para cama?

— Pelo visto você não entende nada, não é?

— Ora, papai. Parece que quem não entende é você. O apoio dos amiguinhos gays da sua filha seria bem-vindo nas próximas eleições, não acha?

— Assim como o apoio dos seus amiguinhos drogados? Austin ficou em silêncio absorvendo o ataque, suas faces ganhando um vermelho profundo. Ele respirou fundo, antes de responder.

— Não menospreze as minhas ideias, pai. Afinal, foi graças a mim que você se elegeu.

— Guarde suas ideias e faça o que eu disse. Depois pode voltar a se divertir com seus fuzis, com seus amigos drogados, e deixe o governo comigo — Alejandro fez sinal para que o filho saísse do carro e em seguida deu autorização para o motorista partir. Austin ficou parado ali, abalado pelas palavras dele.

[...]

— Mas vejam só quem lembrou que tem uma amiga! — exclamou Regina, os braços se abrindo para receber Camila.

— Você é a única culpada pelo meu sumiço — Camila sorriu, retribuindo o abraço.

— É nisso que dá sair bancando o cupido.

— Ora, não seja dramática.

— Deixarei meu drama de lado porque temos coisas mais interessantes para falar.

— Por exemplo?

— Não se faça de boba e comece logo a falar. Como foi com Lauren? Finalmente se entenderam?

— Serei curta e grossa: foi tudo perfeito, estamos juntas e eu estou morrendo de felicidade!

Regina deu um salto acompanhado de um grito e então a abraçou de novo. Quando o abraço se desfez, Camila beijou o rosto dela e sorriu, consciente de que ninguém no mundo sabia como ela realmente estava se sentindo naquele momento. E boa parte daquela alegria ela devia a Regina.

PenitênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora