Pretty Paper - Parte II

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20 de dezembro de 2020 – Rafaella

Da janela do Uber eu conseguia ver os primeiros raios da manhã. Quase todas as casas ainda estavam com as luzes de Natal ligadas e eu sorria ao pensar o quão mágica era a minha época favorita do ano. O caminho que fiz da minha casa até o aeroporto foi um dos primeiros momentos mais tranquilos que tive durante a semana.

Desde que decidi ir na viagem com Bia tive que correr para deixar tudo relacionado ao trabalho pronto, já que os próximos quatro dias seriam de folga. Além disso, minha mente estava consumida pelo fato de que meu nome estava relacionado com o dela em praticamente todos os sites de notícia.

Bianca Andrade e Rafa Kalimann vencem premiação e ganham viagem para resort de luxo.

A primeira vez que li esse título, na manhã após a premiação, repensei se o melhor a se fazer era mesmo ir nessa viagem. Minha grande preocupação era com o que as pessoas poderiam pensar. Por um lado, eu sabia que isso seria uma boa deixa para desconstruir a imagem de rivalidade feminina que me associaram com Bia desde o BBB e deixaria parte do meu público feliz. No entanto, haveriam aqueles, talvez a maioria, que insistiriam em pensar que ainda seríamos incompatíveis, associando a viagem e toda a nossa relação como uma jogada de marketing.

Me prendi a esse pensamento por horas daquele dia, até se tornar insuportável e eu precisar desabafar com alguém. Achei que Manu era a melhor opção. Depois de falar sobre as minhas incertezas percebi que ela tinha razão ao dizer:

"Rafa se você for ficar pensando em tudo o que a mídia e o público vão falar, você não vai conseguir fazer mais nada. Tem que fazer o que você sente no coração e se tem vontade de ir e se acertar com a Bia, vai e foda-se o resto. Além disso, você seria muito burra de jogar fora uma viagem com tudo pago para um retiro espiritual de luxo."

Bom, talvez ela não fosse a melhor opção. Mas o fato é que estava certa, eu não poderia perder essa oportunidade.

Eram por volta de 6:30 quando cheguei ao aeroporto. O voo estava programado para daqui a duas horas. Eu tinha combinado de me encontrar com a Bia no café, mas ela ainda não estava lá.

Ok, não tem problema esperar um pouco.

Mas o problema é que mais de uma hora havia se passado e agora faltavam só quinze minutos para o embarque e ela ainda não tinha chegado. Droga aposto que ela desistiu e eu estou aqui fazendo papel de trouxa. Sabia que não devia ter vindo. Por que eu fui escutar a Maria Manoela?

Fui tirada dos meus pensamentos quando olhei para o lado e percebi uma movimentação incomum, me assustei ao notar que era Bia correndo em minha direção e tropeçando nas suas próprias malas.

Para impedir sua queda desastrosa ela se apoiou na mesa em que eu estava e sorriu divertida dizendo:

– Pronto, cheguei.

– Bia, faltam 15 minutos para o embarque! Vamos logo – falo já me levantando.

– Ai Rafa, na moral, me desculpa. É que eu estava quase chegando aqui, mas notei que tinha esquecido minha carteira com meus documentos e tudo em casa, tive que voltar – ela parecia se desesperar ao tentar se justificar, mas eu estava mais preocupada em chegar a tempo no portão de embarque, que ficava praticamente do outro lado do aeroporto. Por isso, eu dava passos largos e apressados, que faziam os dela parecerem curtos demais, a obrigando a praticamente correr atrás de mim.

– Tá tudo bem Bia, só se apressa ou nós vamos perder o avião.

Após muita correria para conseguirmos despachar as malas dela, embarcamos faltando poucos minutos para o portão fechar. Logo nos acomodamos em nossos assentos na classe executiva e o piloto começou a explicar as orientações de segurança. Em menos de cinco minutos nós já estávamos sobrevoando São Paulo.

Um Beijo Sob O Visco - Contos de NatalWhere stories live. Discover now