Capítulo um

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sangrar do dia estava chegando ao fim, e a jovem Princesa andava calmamente pelo corredor do castelo. Aurora, nervosa, apertava suas mãos suadas enquanto tentava normalizar a sua respiração acelerada, pesada e ardente. Além do mais seu irmão mais velho, Axel, acabara de voltar.

Fazia cincos anos que a jovem não via seu irmão mais velho. Cinco longos anos sem ter alguma comunicação com ele. Ela se perguntava se ele ainda se lembrava do seu cheiro ou de sua cor favorita, ou se até mesmo que tinha uma irmã mais nova.

Axel fora mandado para Stoneland, a terra dos criminosos. Sem saber o porquê da partida do irmão, a garota chegou a especular que o próprio teria cometido algum crime perverso. No entanto seu pai sempre lhe disse que Axel tinha uma grande missão entre as suas mãos. O futuro do continente - Asteria - dependia dele.

Olhando para o vitral da família real a Princesa tentava expressar um sorriso espontâneo. Nada. Nem se quer um repuxar de lábios. Estava evidente que a preocupação era maior do que qualquer outro sentimento em suas veias. E se ele tivesse sofrido algum dano corporal ou mental? Aquela terra era perigosa e cruel. Não havia sentenças de salvação apenas de escravidão. Mesmo assim, seu irmão voltara de uma missão e não de dentro de uma prisão. Ela deveria estar feliz, então por que não conseguia expressar um sorriso se quer? Ela já fizera isso inúmeras vezes sem sentir um pingo de felicidade, e agora não conseguia nem mesmo tentar.

Mas em meio aos sons agudos de seus pensamentos árduos, o farfalhar das folhas conseguia lhe trazer uma sensação de leveza, uma calmaria em meio a tempestade – como uma trégua.

Passos soaram atrás dela, seguido de uma voz familiar.

— Alteza, está tudo bem? — a voz rouca do soldado invadiu seus ouvidos.

A princesa arrumou sua postura discretamente, e assentiu olhando para seu amigo e guarda real, Caspian.

Ela estava atrasada para a chegada do irmão. Ela deveria estar presente junto a família real e a corte há trinta minutos, no salão Sírios. Porém o medo de não ser reconhecida por seu irmão era maior. Ela e seus irmãozinhos mais novos não passaram muito tempo com Axel, apenas Misty, sua própria irmã gêmea, ela crescera ao lado dele; ele nunca se esqueceria de sua irmã gêmea. Mas e quanto a ela e seus irmãos mais novos? Axel não havia mandado nenhuma carta a ela durante todos esses anos.

— A rainha exige a sua presença imediata no salão Sírios.

Aurora virou-se para o amigo.

— Caspian, o meu irmão... ele já está lá? — indagou a Princesa apreensiva pela resposta do soldado.

— Sim, alteza.

Aurora olhou envolta do corredor.

Por um momento lembrou-se o quanto corria pelos inúmeros corredores do castelo fugindo do irmão em suas brincadeiras. Corredores que hoje pareciam tão vazios e silenciosos. Apesar da extensa escada ao fim daquele corredor em específico que a levava diretamente aos retratos das famílias reais. Mas o retrato que ela sempre ousou admirar por longos minutos era o de sua primeira rainha. A rainha da qual sempre ouviu histórias grandiosas, a rainha que um dia ela sonhou ser. Aurora crescera ouvindo as histórias sobre os primeiros monarcas dos reinos e como tudo deu origem a Hifrant, a terra que um dia uniu Asteria e Firesse em uma.

— Me acompanhe, por favor. — Pediu a Princesa ao guarda.

O guarda real assentiu e se pôs ao lado dela.

A Promessa à EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora