holo, meu amor • mewgulf

hear me out

- Você poderia estar me dizendo tudo isso?

- É claro que não! Então bico fechado.

- Tudo bem, tudo bem. Então, deixa eu ver se entendi direito. Você gosta do Mew.

- Certo.

- E tem um Mew versão exclusiva na sua casa.

- Não é um Mew, é um holograma.

- Que tem a aparência exata do Mew, só é mais humano do que ele, certo?

- Basicamente.

- E você ativou nele a opção "namorado dos sonhos"?

- ...Isso.

- Amigo, você estava assim tão sedento?

- Cala a boca, Mild.

- Ok, ok, não tá mais aqui quem falou. Sinceramente, Kanawut, eu não estou entendendo o problema. Você gosta do Mew, e tem um Mew versão Holograma bem na sua casa, dormindo na sua cama, com mais expressões e humanidade que o original. O que está te incomodando?

- Eu não sei. M-Mas ainda tem o sonho.

- Gulf, pelo que me contou, você ficou pensando e associando esses dois o dia inteiro, o que mais você esperava? Óbvio que sua mente ia ficar sobrecarregada e você acabaria sonhando com isso. É normal. Olha, Gulf, sabe de uma coisa? Você deveria relaxar. Amanhã sai seu primeiro pagamento, fica um pouco feliz por isso, pense em como você vai gastar.

- Quitando as parcelas da minha tv, pagando a mensalidade da faculdade e guardando um pouco.

- Isso, isso. Ótimo. E como você vai se divertir com ele?

- Diversão? Como assim?

- Com quem você está falando? - perguntou Holo, saindo pela porta do quarto.

Só então Gulf percebeu que continuava usando os óculos. Assim que despertou de seu sonho há um tempo atrás, ele havia se arrastado até a sala. Nunca admitiria, mas tinha sim saído na ponta dos pés para não fazer barulho e acordar Holo.

- N... Ninguém. - respondeu assustado, desligando na cara do amigo.

A respiração ficou presa em sua garganta quando Holo pareceu ter entrado no modo sonolento, com o rosto amassado e os cabelos um tanto revoltosos. O coração bateu rápido, como doido, o rosto de Mew conseguia ser belo em qualquer circunstância. Não era justo.

- Fiquei assustado quando não te vi na cama, do meu lado. - confessou, sentando junto de Gulf no sofá.

Para a surpresa dele, o holograma também se inclinou sobre seu corpo e repousou a cabeça em suas pernas. A imaginação de Gulf conseguiu ir longe o suficiente para imaginar certo peso sobre suas coxas. 

Holo, sem dúvidas, era tudo o que ele sempre quis. Sua imagem atravessou Gulf, mas, sabendo que o objetivo era descansar no colo dele, seu coração não conseguiu se segurar.

Por reflexo, suas mãos chegaram a se erguer, poucos centímetros distantes das madeixas escuras do outro ao que pensou em acariciá-las.

- Só tive um pesadelo. - desabafou, recolhendo as mãos para perto do próprio corpo.

- Jura? - ergueu-se, apoiado em seus cotovelos, uma expressão um tanto preocupada no rosto. - Você está bem? Poderia ter me acordado.

- Eu estou bem, Holo. Foi só um...

As palavras ficaram presas na garganta. Uma vez mais, a mão de pixels de Holo alcançou suas bochechas, não tinham peso e nem calor, mas só de saber que estavam ali... Era o suficiente para que o coração batesse rápido em seu peito. Quando fechou os olhos, até a superfície do anel que ele carregava no polegar parecia fria contra sua pele.