Capítulo 2

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O amor é como uma criança que anseia por tudo aquilo que vê.

— Os dois cavalheiros de Verona

— Bem, não posso dizer que estou surpreso. — Hugh entrou na

sala de estar, equilibrando uma bandeja com xícaras, pires e bolos.

— É difícil imaginar você gostando de um trabalho onde ficava

cercada de gatos. Você nunca foi ligada em animais. Lembro que

uma vez levei você e a Kitty ao zoológico e, sempre que nos

aproximávamos das jaulas, vocês gritavam.

— Isso não é verdade — Cesca protestou. — A Kitty tem medo

de tudo, concordo. Mas eu adorei o zoológico. Tenho muitas

lembranças boas de quando você me levou lá. — Ela sorriu com a

menção da irmã mais nova. — Ela mandou um oi, por sinal.

— Ah, você falou com ela?

— Nós ainda conversamos por Skype toda semana. Ordens da

Lucy. — Cesca revirou os olhos.

— A boa e velha Lucy controla tudo. É para isso que servem as

irmãs mais velhas, né? — Ele sorriu de forma gentil.

— É tipo uma operação militar — ela concordou. — Com a

Kitty em Los Angeles e a Juliet em Maryland, a Lucy e eu somos as

únicas no mesmo fuso horário. Tentar ligar para todas ao mesmo

tempo é como juntar gatos. — Mesmo assim, Lucy estava a mais de

quinhentos quilômetros de distância, em Edimburgo. As irmãs

Shakespeare eram como flores espalhadas pelo vento.

Hugh colocou a bandeja na mesa de café polida, se inclinando

para servir earl grey do bule chinês ornamentado nas xícaras.

Entregou uma para Cesca, pegou a outra e a levou com ele até a

cadeira de balanço junto à lareira. Fechando os olhos, inalou o

aroma antes de tomar um pequeno gole.

— Ah, felicidade.

Cesca tomou um gole de chá, apreciando o suave aroma floral.

Como muitas outras coisas, fora Hugh quem a apresentara às

complexidades do chá, forçando-a a aprender as muitas variações

de folhas em um momento em que seus amigos tomavam Coca-

Cola. A partir dessas primeiras degustações, ela passou a gostar da

bebida quente, apreciando o luxo de uma folha bem preparada,

sendo capaz de diferenciar um lapsang souchong de um hong pao

de olhos fechados. Para Hugh, o chá era um ritual, algo a ser

saboreado. Ele estremecia toda vez que via alguém simplesmente

balançando um saquinho em uma caneca cheia de leite e água

quente.

Baixando a xícara, Cesca se sentou no sofá e curvou os pés

Um Verão Na Itália - As Irmãs Shakespeare Vol 01Where stories live. Discover now