Como o ciúme maltrata essa coitada.
— A comédia dos erros
Sam estava em todos os lugares para onde ela olhava. Não a pessoa
real e persuasiva, pois era esperto o suficiente para não aparecer.
Mas sua imagem sorria de todas as paredes, com fotografias que
documentavam a transição de um menino sorridente e descabelado
para um adolescente desajeitado. Depois havia o homem, com o
queixo esculpido e os dentes brancos, o cabelo cuidadosamente
caindo na testa. Como ela não havia notado isso antes? Todas
aquelas fotografias nas mesas laterais e penduradas na parede
estavam na villa o tempo todo, mas ela só percebeu quando Sam
chegou a Varenna.
E agora sentia como se estivessem zombando dela. Lembrando-
a de que aquela era a casa dele, que ele poderia expulsá-la quando
quisesse. Cretino arrogante.
Ele estava ali havia quase uma semana, e ela ainda não
suportava vê-lo. Toda vez que se falavam, a coisa parecia se
transformar em uma discussão acalorada e irritada, deixando
ambos sem fôlego. Era cansativo.
Suspirando, ela pegou o caderno e o chapéu, decidindo que
preferia passar a manhã na praia particular da villa a ficar presa na
casa com Sam. Eram pouco mais de onze horas. A sombra de Cesca
era pequena e a seguia por todo o pátio. As sandálias batiam de
encontro às pedras antigas enquanto caminhava para a trilha. Ao
virar no caminho, ela pôde ouvir os jardineiros conversando em
um italiano rápido, suas vozes em tom alto enquanto rompiam o
relativo silêncio do jardim. Ela sorriu ao ouvi-los, incapaz de
entender as palavras, mas se impressionando com quanto pareciam
bonitas. Os homens eram velhos e corpulentos, mas suas vozes
eram maravilhosas. Profundas e guturais, e as sentenças subiam e
desciam como música. Cesca deixou que eles a vissem enquanto se
aproximava.
— Buongiorno, signorina — o jardineiro mais velho falou. Ele
vestia calça comprida escura e camiseta cinza, o cinto tão apertado
que a barriga escapava por cima. Seu rosto era profundamente
bronzeado, graças a uma vida exposta ao sol, e as bochechas
estavam pontilhadas de manchas de terra, onde ele estava cavando
no solo. Cesca levantou a mão e acenou, consciente de que deveria
saber o nome dele, mas não conseguia lembrar. Sandro os
apresentara no seu segundo dia lá, explicando que os jardineiros
iam à casa três vezes por semana. Como gafanhotos, eles chegavam
em um enxame, atacando a vegetação. Eram capazes de arrumar
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Um Verão Na Itália - As Irmãs Shakespeare Vol 01
RomanceFérias de verão gratuitas em uma bela Villa na Itália. A condição? Dividir a casa com seu maior inimigo... O primeiro volume da série As irmãs Shakespeare. Cesca Shakespeare chegou ao fundo do poço. Depois de escrever uma peça de teatro premiada que...