Meu Mafioso - Kakashi Hatake _Continuando

Capítulo 14

''No entanto, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos.''

William Shakespeare

...

Era ele mesmo, Yuzu. Estava com uma aparência acabada, roupas velhas e estranhas, olheiras enormes, barba mal feita e com um cheiro insuportável de álcool.

—O-Oi. Eu estou meio sem tempo agora para poder falar... — Inventei qualquer desculpa para sair logo dali. Recuei alguns passos mas ele segurou meu pulso.

—Sua mãe... — Disse rindo de forma estranha, parecia um louco —Sua mãe me deixou depois que te vendeu. Foi embora, me deu um chute na bunda.

—Eu... eu sinto muito. Mas é sério, preciso ir. Por favor, me solte.

—Sabe, até que foi bom ela ter me deixado. — Ele estava ignorando minhas palavras —Agora não tenho mais ela para me atrapalhar. Posso ter só você.

O medo me dominou, comecei a tremer e lembrar de tudo que passei. Ele ficou ao meu lado e passou o braço em volta da minha cintura, me guiando e levando para algum canto. Eu não conseguia me mexer sozinha, estava quase congelada. Era como um pesadelo onde você não tinha controle sobre seu corpo. 

Infelizmente, não conseguia gritar para pedir socorro, não conseguia fugir, não conseguia sequer pensar! Meu corpo e minha mente não me obedeciam. Me via sendo levada para uma casa perto. – Ele escolheu aquele lugar para ficar mais perto de mim?

Quando ele abriu a porta da casa, minhas pernas finalmente me obedeceram e pararam. Yuzu me olhou e arqueou a sobrancelha.

—Entre. — Disse autoritário.

Tentava controlar minha respiração, mandava eu mesma fugir em pensamentos, precisava ser forte pelo menos uma vez.

—Eu mandei entrar! — Me puxou rápido para dentro de casa.

Caí no chão ao ser jogada e escutei a porta sendo trancada atrás de mim. A partir daí, foram só meus pesadelos e meu passado sendo tragos.

...

—Emi? Aonde estava? Te liguei umas sete vezes. — Naruto veio na minha direção, claramente preocupado.

 —Me desculpe, fui a loja de livros ali e tive que deixar o celular no mudo. — Sorri mostrando a sacola com livros.

Não era a primeira vez que fingia um sorriso ou algo assim, então estava tudo bem. Minha preocupação era a dor que estava sentindo a cada passo que dava, mas conseguia disfarçar bem.

—Você me deixou preocupado. Por favor, na próxima vez, me avise. — Disse o loiro em um tom mais baixo e coçando a nuca sem jeito. Com certeza, ele não sabia dar broncas.

—Está bem. Me desculpe mais uma vez.

—Tudo bem agora. Mas acho melhor irmos logo, o chefia quer falar com você e ele já está a esperando há um tempo.

...

Bati na porta do seu escritório e logo minha entrada foi concedida. Entrei e procurei o Hatake com o olhar, achando-o deitado em um sofá no canto, lendo um livro. Ao me ver, fechou o livro e se sentou.

—Mandou me chamar?

—Sim. Queria lhe avisar pessoalmente. Vai ter uma festa da minha empresa. Gente importante, donos de outras empresas, essas coisas. Você vai comigo, vou finalmente te apresentar como minha noiva aos outros.

—Aos... outros? E entre eles, terão outros... mafiosos?

—Sim. Algum problema? Madara vai também, significa que Sakura também vai, então acho que pode ficar mais tranquila.

—Ah, bom. — Isso não tinha me deixado aliviada, pensei no que teria que fazer lá, como deveria reagir —Sobre meu comportamento e apresentações, como devo fazer? Digo, se perguntarem sobre nós, o que devo dizer?

—Deixe isso comigo, vamos ficar juntos o tempo todo e quando eu não estiver, Sakura vai estar. Sobre o seu comportamento, é só agir como fez no jantar com os Uchiha, seja formal e esboce seu lindo sorriso. Vão gostar de você, certeza.

—Entendi. Obrigada. — Sorri com as bochechas um pouco coradas —Posso ir?

—Sim. Se tiver mais uma dúvida, pode falar comigo. Sendo sincero, é melhor falar com Itachi, ele entende mais dessas coisas do que eu.

—Está bem.

...

E eu realmente precisei da ajuda de Itachi.

—Tente novamente. — Me disse pela milésima vez na maior paciência.

Coloquei os livros de volta na minha cabeça e voltei a andar calmamente, Naruto e Itachi observaram meu treinamento novo de boa postura. Já que iria me tornar esposa do Hatake e frequentaria muitos eventos assim, deveria estar preparada.

—Não se esqueça do seu andar, Emi. Nariz empinado, ombros para trás e bom andar.

—Sim, senhor. — Obedeci imediatamente e os livros continuaram na minha cabeça.

—'Tá parecendo um frango. — Naruto comentou enquanto comia salgadinhos.

Imediatamente caí na gargalhada e os livros caíram no chão. O Uchiha desferiu um tapa na cabeça do loiro, que ria do próprio comentário.

—Se não for ajudar, não atrapalhe, Naruto.

...

—Hora da dança. — Itachi caminhava a nossa volta enquanto falava —Você dança bem, Emi. Mas precisa melhorar. Não queremos que pise no pé de um amigo importante do seu noivo, ou de outro capo. Certo?

—Certo. — Assenti tentando ficar séria.

Naruto seria meu parceiro de dança, estava de frente para mim. Só de olhar para ele já sentia vontade de rir. As caretas que fazia enquanto Itachi falava piorava tudo para mim. Era impossível ficar séria perto dele.

Quando a música tocou, nos aproximamos e começamos a dançar, sendo supervisionados pelo moreno, que corrigiu nossos passos e postura. Passamos o dia todo ensaiando.

—Depois, tem que ver qual vestido vai usar. Um vestido muito colado pode atrapalhar um pouco, mais recomendável que use algo um pouco solto. — Disse ele no fim da nossa aula.

—Aí vai poder esconder uma faca ou uma pistola na perna. — Naruto falou e recebeu outro tapa de repreensão do Uchiha —Ai! Por que fez isso?

—Não seja idiota. Emi não vai ficar carregando uma arma por aí.

—Por que não? Nós carregamos. Sabe, se ela aprendesse defesa pessoal, já ajudaria bastante. Saberia lidar com coisas perigosas e correria poucos riscos. Você sabe que estou certo.

—Olha... — O moreno suspirou, olhou para mim por algum tempo, pensativo, e logo voltou seu olhar para o loiro —não seria má ideia. Eu mesmo ajudaria. Mas Kakashi nunca concordaria com isso. Conhecemos ele, diria que ela já está bem protegida e que não precisaria disso.

—Poderíamos tentar convencê-lo... Ah, esquece. Tem razão, infelizmente.

...

Fiquei pensando sobre esse assunto enquanto tomava meu banho. Se eu aprendesse a me defender, poderia me livrar de Yuzu? Poderia, talvez, dar menos trabalho aos outros? Queria ser capaz de ao menos saber atirar um pouco, não queria ser um fardo.